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Revista M&T - Ed.270 - Dez/Jan 2023
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A ERA DAS MÁQUINAS

Os equipamentos móveis a vapor

Na aurora do século XIX, se alguém pensasse em equipamentos móveis de construção seria sumariamente tachado de louco ou lunático
Por Norwil Veloso


Henry James Coles havia sido funcionário da firma Appleby Brothers, que em 1867 produziu este guindaste a vapor com sistema autopropelido

Na aurora do século XIX, se alguém pensasse em equipamentos móveis de construção seria sumariamente tachado de louco ou lunático. Um fato ocorrido em 1802, contudo, pode ser considerado o início desse processo.

Foi naquele ano que Richard Trevithick produziu em Londres o “automobile”, 1º veículo autopropelido da história, ao qual batizou de London Carriage. O teste do protótipo, contudo, não terminou bem, com o veículo dentro de um canteiro de flores e o sonho de um veículo móvel postergado para um futuro distante.

Na época, as pessoas não estavam preparadas para confiar nessas máquinas enormes movidas a vapor – também conhecidas como locomóveis ou tratores –, pelo menos não nos modelos que saíram dos trilhos e, como equipamentos de tração, enchiam as estradas e canteiros de obras de fumaça.

A partir de 1831, o transporte de carga foi sendo introduzido gradualmente na Inglaterra, ainda com muitas restrições. A “Lei da Bandeira Vermelha” estabelecia que um homem com uma bandeira vermelha devia caminhar 55 metros à frente de cada trator para alertar os pedestres e veículos de sua aproximação.

Essa lei perdurou até 1878, quando a distância foi reduzida para 18 metros e foram estabelecidos limites de velocidade de 3,2 km/h (em áreas urbanas) e de 6,4 km/h (em áreas rurais).

Aos poucos, ia tornando-se impossível segurar a expansão da frota na ilha. Em 1837, já havia cerca de 5 mil veículos, com motores estacionários, sendo usados nas fábricas e na agricultura. O número constituía uma frota considerável se comparado aos cerca de 200 veículos então existentes da França e aos menos de 100 na Alemanha.



Henry James Coles havia sido funcionário da firma Appleby Brothers, que em 1867 produziu este guindaste a vapor com sistema autopropelido

Na aurora do século XIX, se alguém pensasse em equipamentos móveis de construção seria sumariamente tachado de louco ou lunático. Um fato ocorrido em 1802, contudo, pode ser considerado o início desse processo.

Foi naquele ano que Richard Trevithick produziu em Londres o “automobile”, 1º veículo autopropelido da história, ao qual batizou de London Carriage. O teste do protótipo, contudo, não terminou bem, com o veículo dentro de um canteiro de flores e o sonho de um veículo móvel postergado para um futuro distante.

Na época, as pessoas não estavam preparadas para confiar nessas máquinas enormes movidas a vapor – também conhecidas como locomóveis ou tratores –, pelo menos não nos modelos que saíram dos trilhos e, como equipamentos de tração, enchiam as estradas e canteiros de obras de fumaça.

A partir de 1831, o transporte de carga foi sendo introduzido gradualmente na Inglaterra, ainda com muitas restrições. A “Lei da Bandeira Vermelha” estabelecia que um homem com uma bandeira vermelha devia caminhar 55 metros à frente de cada trator para alertar os pedestres e veículos de sua aproximação.

Essa lei perdurou até 1878, quando a distância foi reduzida para 18 metros e foram estabelecidos limites de velocidade de 3,2 km/h (em áreas urbanas) e de 6,4 km/h (em áreas rurais).

Aos poucos, ia tornando-se impossível segurar a expansão da frota na ilha. Em 1837, já havia cerca de 5 mil veículos, com motores estacionários, sendo usados nas fábricas e na agricultura. O número constituía uma frota considerável se comparado aos cerca de 200 veículos então existentes da França e aos menos de 100 na Alemanha.


Jacob Leopold descreveu essa máquina em 1724 como um “guindaste leve para necessidades domésticas”. Mais abaixo, anotou: “Um modelo caro de Bessoni, mas não particularmente desejável”

INÍCIO

Apesar das restrições legais, os tratores acabaram por ter apoio da população. Em 1856, a Clayton & Shuttleworth produzia cerca de 2.200 tratores, dividindo o mercado com mais 15 fabricantes.

Em 1869, os engenheiros da Aveling & Porter, famoso fabricante de tratores, compactadores e outras máquinas de construção, tiveram a ideia de usar essas máquinas como guindastes, projetando assim o 1º guindaste móvel a vapor para trafegar sobre rodas em vez de trilhos. Esse pequeno guindaste, com capacidade de 2 ton para carga e transporte, que recebeu o nome de Little Tom, ganharia a Medalha de Ouro da Royal Agricultural Society e da Exposição Mundial de Paris, em 1878.

Na verdade, essas máquinas não eram exatamente guindastes a vapor, embora substituíssem as alavancas, guinchos e rodas de passo por motores a vapor. O 1º guindaste totalmente a vapor foi construído para o Porto de Dover em 1851. O vapor era produzido em uma caldeira remota e transportado através de uma tubulação subterrânea até o pilar oco do guindaste.

Mas o 1º guindaste móvel a vapor foi indiscutivelmente o de William Smith Otis, lançado em 1839 e que também funcionava como escavadeira. A descrição feita por Otis no pedido de patente (onde chamou a máquina “guindaste-escavadeira”), relata que “o desenho que acompanha esta especificação representa o guindaste, que utilizo para escavação.

Este guindaste está montado sobre uma estrutura móvel e se move sobre um leito ferroviário temporário. Foi construído de tal forma que o peso do material escavado possa ser erguido enquanto o guindaste gira até o local de descarga – caçambas à beira da estrada, caminhões ou qualquer outro dispositivo – com grande precisão”.

Pelo desenho, é possível concluir que o inventor não só projetou a 1ª escavadeira, como também o primeiro guindaste mecânico e, evidentemente, o primeiro guindaste a vapor.


Guindaste a vapor construído pela firma britânica Smith de Rodley foi equipado em 1884 pela empresa de construção Whitaker com um shovel, tornando-se o primeiro modelo da história com giro completo para escavação

DESENVOLVIMENTO

Máquinas como essa foram usadas na construção de canais e ferrovias na Inglaterra. Por volta de 1884, a empreiteira Whitaker desenvolveu o que seria provavelmente a 1ª escavadeira shovel com giro de 360o, acoplando um implemento shovel em um guindaste a vapor sobre trilhos.

Essa empresa começou a produzir guindastes manuais em 1840, passando a produzir guindastes a vapor de projeto avançado a partir de 1860. Máquinas similares com equipamentos de escavação foram produzidas por John H. Wilson, Priestman Brothers e Ruston-Dunbar, que veio a se tornar um famoso fabricante.

O processo de cravação de estacas requer a elevação de um peso e sua queda sobre a cabeça da estaca uma grande quantidade de vezes, o que demanda guindastes de capacidade compatível e estruturas robustas. Em 1855, a empresa francesa Couvreaux & Combe fabricou um guindaste a vapor sobre trilhos, que podia ser usado como bate-estacas.

Mas o século XIX definitivamente não foi a era dos motores a vapor apenas nessas aplicações. A construção de ferrovias estava evoluindo em alta velocidade, particularmente na Inglaterra, tornando-se um fator importante para o desenvolvimento dos projetos de guindastes.

As ferrovias não tinham somente o leito por onde trens de alta capacidade trafegavam, mas também pontes com grandes vãos e altura elevada, além de túneis e outras obras necessárias para atender aos projetos. Em consequência, os processos executivos e os equipamentos de construção tiveram que se adequar às novas necessidades.

PASSO ADIANTE

Se em 1779 a ponte de Coalbrookedale, na Inglaterra, já foi considerada uma obra impressionante (a 1ª ponte metálica da história, com vão de 31 m), em 1850 surgiria a ponte Britannia, erguida sobre os Estreitos de Menai, na costa oeste do País de Gales, com 559 metros de extensão, representando um passo adiante.

Formada por dois trechos retangulares ocos enormes, cada um com 143 m e pesando 1,690 ton, a estrutura exigiu o transporte flutuante das seções sobre o rio, que foram içadas até a altura de 31 m por grandes dispositivos hidráulicos, tudo em escassos 17 dias.

Mas as estruturas de madeira tipo Derrick operadas manualmente e os cabrestantes com animais continuariam a ser usados ainda por muito tempo, podendo ser considerados os dispositivos-padrão para a construção ferroviária até o final daquele século. Um desenho francês mostra uma forma pouco usual de manuseio, com carrinhos manuais sendo elevados a 9,2 m por guinchos e transportados, por uma via de madeira montada sobre uma estrutura com alturas de até 18 m.

Gradualmente, as estruturas metálicas foram se difundindo cada vez mais graças às tecnologias de fabricação e aos novos equipamentos, que tornavam possível o manuseio de seções enormes nessas obras. E isso seria apenas o começo da história dos guindastes atuais.


INTERNACIONAL
HCEA realiza exposição de máquinas históricas nos EUA


Exposição da HCEA reuniu máquinas históricas como os motoscrapers Cat 631B

Realizada entre os dias 23 e 25 de setembro em Bowling Green (Ohio), a 36ª Convenção Internacional Anual da HCEA (Historical Construction Equipment Association) reuniu aproximadamente 120 máquinas e equipamentos antigos trazidos de locais como Nova Inglaterra, Louisiana e Colorado, que se juntaram à frota da entidade, que atualmente conta com 185 unidades históricas.

Em destaque, a exposição apresentou uma remontagem do caminhão OTR Terex 33-15 Titan (de 170 t) e a estreia do recentemente restaurado dragline Manitowoc 3500, além da primeira exibição de um novo conjunto Caterpillar dos anos 60, incluindo o dôzer D9G, o caminhão-pipa 631B e dois motoscrapers 631B (foto), todos restaurados, doados e transportados desde Nova Jersey pela Fundação Mahan Collection. A próxima edição do evento acontece entre os dias 22 e 24 de setembro de 2023.

Leia na próxima edição:
As origens da régua de cálculo

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