P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR
Revista M&T - Ed.157 - Maio 2012
Voltar
Método Não Destrutivo

Mercado avança para o amadurecimento

Evolução da tecnologia e seu barateamento impulsionam o uso de soluções não destrutivas para a instalação de redes subterrâneas no país

Grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro batem recordes constantes de congestionamento no trânsito. O excesso de veículos e o baixo investimento em transporte público são os principais responsáveis por essa situação caótica, mas diversos outros fatores podem influenciar negativamente o cotidiano das principais ruas e avenidas dessas metrópoles. Entre eles, a presença de canteiros de obras em meio às vias de tráfego rápido figura como mais um complicador nesse cenário.

Por esse motivo, o avanço no uso de Métodos Não Destrutivos (MND) para a instalação de redes subterrâneas vem contribuindo para reduzir o impacto dessas obras no caótico tráfego metropolitano. Segundo a Associação Brasileira de Tecnologia Não Destrutiva (Abratt), diversas tecnologias vêm cumprindo esse papel com eficiência. “Podemos citar o minishield, o pipejacking, o microtunel e a perfuração direcional como exemplos”, diz Paulo Dequech, presidente da entidade.

Ele afirma que as soluções atendem aos mais diversos setores, como a construção de redes de gás, distribuição de energia elétrica, telecomunicações, saneamento básico e instalação de dutos para o transporte de petróleo, entre outros. “No caso das redes de gás, por exemplo, avaliamos que quase 100% das instalações nas grandes cidades são realizadas por meio de tecnologias não destrutivas, com forte utilização da perfuração direcional (HDD – Horizontal Directional Drilling)”, diz ele. O barateamento da tecnologia já proporciona uma relação custo/benefício bem vantajosa em relação às obras pelo método convencional de abertura de valas, que implica impactos no cotidiano da cidade, grande movimentação de solos e a posterior recuperação das vias.

Mercados diferentes

Carlos Pimenta, diretor comercial da Intech Engenharia, ressalta que o MND também é fortemente utilizado na instalação de redes de telecomunicações desde o final da década de 1990, quando houve o boom desse setor. “Esse foi o primeiro mercado atendido por perfuração direcional no Brasil e várias empresas se especializaram nesse segmento.” Ele explica que sua empresa se voltou principalmente para a instalação de tubulações de aço para óleo e gás,


Grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro batem recordes constantes de congestionamento no trânsito. O excesso de veículos e o baixo investimento em transporte público são os principais responsáveis por essa situação caótica, mas diversos outros fatores podem influenciar negativamente o cotidiano das principais ruas e avenidas dessas metrópoles. Entre eles, a presença de canteiros de obras em meio às vias de tráfego rápido figura como mais um complicador nesse cenário.

Por esse motivo, o avanço no uso de Métodos Não Destrutivos (MND) para a instalação de redes subterrâneas vem contribuindo para reduzir o impacto dessas obras no caótico tráfego metropolitano. Segundo a Associação Brasileira de Tecnologia Não Destrutiva (Abratt), diversas tecnologias vêm cumprindo esse papel com eficiência. “Podemos citar o minishield, o pipejacking, o microtunel e a perfuração direcional como exemplos”, diz Paulo Dequech, presidente da entidade.

Ele afirma que as soluções atendem aos mais diversos setores, como a construção de redes de gás, distribuição de energia elétrica, telecomunicações, saneamento básico e instalação de dutos para o transporte de petróleo, entre outros. “No caso das redes de gás, por exemplo, avaliamos que quase 100% das instalações nas grandes cidades são realizadas por meio de tecnologias não destrutivas, com forte utilização da perfuração direcional (HDD – Horizontal Directional Drilling)”, diz ele. O barateamento da tecnologia já proporciona uma relação custo/benefício bem vantajosa em relação às obras pelo método convencional de abertura de valas, que implica impactos no cotidiano da cidade, grande movimentação de solos e a posterior recuperação das vias.

Mercados diferentes

Carlos Pimenta, diretor comercial da Intech Engenharia, ressalta que o MND também é fortemente utilizado na instalação de redes de telecomunicações desde o final da década de 1990, quando houve o boom desse setor. “Esse foi o primeiro mercado atendido por perfuração direcional no Brasil e várias empresas se especializaram nesse segmento.” Ele explica que sua empresa se voltou principalmente para a instalação de tubulações de aço para óleo e gás, primeiramente com sondas de grande porte (250 t) e depois também com sondas de menor porte, entre 18 t e 36t. “Percebemos que esse mercado se tornou forte usuário da tecnologia não destrutiva com o passar dos anos.”

Pimenta divide o mercado de perfuração direcional um dos segmentos do MND em duas frentes de atuação do ponto de vista tecnológico. A primeira reúne uma gama de contratantes cujas obras não exigem maiores cuidados com a geometria do furo, com a precisão na declividade e nos raios de curvatura, empregando equipamentos com sistemas de controle de direcionamento mais simples e que demandam menos investimentos. “Esse é o mercado de instalações rasas, movimentado principalmente pelas empresas de telecomunicações, energia elétrica e pelas distribuidoras metropolitanas de gás”, diz ele. Essas companhias, acrescenta o executivo, trabalham com grande volume de obras e se balizam na alta produtividade.

A outra frente de atuação, segundo o executivo, abrange os mercados de saneamento básico e transporte de petróleo e gás, cujos contratantes operam com alto nível tecnológico. “Suas obras exigem maior capacitação para atendimento às condições técnicas impostas pelos grandes projetos de engenharia.” Nesses casos, Pimenta diz que os furos direcionais são projetados em função de especificações técnicas das tubulações, com maior controle de declividade e dos esforços aplicados aos dutos.

Ele se refere a um nicho no qual atuam menos empresas, com maior nível de especialização e que, obviamente, trabalham com um custo operacional maior para atender às exigências do mercado em termos de eficiência tecnológica, segurança, saúde e meio ambiente. “Os dois mercados são diferentes e esse último vem se consolidando após passar por uma reestruturação conceitual”.

Avanço do HDD

O executivo ressalta que, diante da crescente utilização da perfuração direcional no Brasil, passou-se a imagem de que tudo poderia ser feito facilmente por meio dessa tecnologia, aproveitando o seu diferencial de produtividade e menor agressão ao meio ambiente. “Essa percepção errônea resultou em alguns insucessos na utilização do HDD, pois os projetos de maior envergadura necessitam de estudos geológicos e de um criterioso projeto da perfuração que respeite as especificações técnicas dos dutos, algo que nem todas as empresas do segmento estão aptas a oferecer”, diz ele.

Esses insucessos levaram o mercado a um redirecionamento na utilização da perfuração direcional, colocando a tecnologia como ideal para situações especiais, onde ela realmente traz vantagens técnicas, ambientais e melhor custo/benefício quando comparada às obras tradicionais com abertura de valas. “Atualmente observamos que o setor está mais criterioso na especificação da tecnologia utilizada para os diversos segmentos do mercado, em particular onde o HDD oferece vantagem notória.”

A realidade a qual se refere o executivo pode ser ilustrada com uma tendência em curso na instalação de redes de esgoto. Com o passar dos anos, algumas empresas se especializaram na utilização de perfuração direcional a tal ponto que já estão atendendo o setor de saneamento básico na execução de redes com baixa declividade. De acordo com Pimenta, a tecnologia já é capaz de propiciar a instalação de redes com menos de 1% de declividade, o que há poucos anos era inviável e representava um entrave para a utilização de HDD nesse mercado.

“Para ter uma ideia da evolução tecnológica, os equipamentos mais antigos vinham com sistema de navegação com precisão de leitura na faixa de 1% para o acompanhamento da inclinação da perfuração. Hoje, eles trabalham com a faixa de precisão de leitura de até 0,1%”, diz ele. “Isso demonstra que, para fazer uma perfuração com declividade de 1% no passado, a empresa trabalhava com a máquina no limite e dependia muito da habilidade e experiência do operador, enquanto hoje em dia já se atinge altos níveis de precisão e, desde que o equipamento seja operado por um técnico capacitado, é plenamente possível instalar redes com baixa declividade.”

Flávio Leite, gerente geral da Vermeer no Brasil, concorda com Pimenta quanto à maior precisão dos navegadores nas novas gerações de perfuratrizes direcionais. Ele pondera, todavia, que é mais factível garantir a precisão do sistema HDD em redes de baixa declividade durante a execução do furo piloto. Durante a etapa de pré-alargamento e puxamento da tubulação, entretanto, o eixo desses dutos pode flutuar e alterar a declividade da linha. “Por esse motivo, é muito difícil garantir a eficiência da perfuração nesses casos, pois isto está diretamente relacionado à capacitação do operador e ao nível tecnológico do equipamento”, diz ele.

Cuidados necessários

Para Fábio Pagliuso, executivo comercial da Colli Drill no Brasil, é possível realizar obras de baixa declividade com HDD, mas há poucas empresas no país com capacitação técnica e equipamentos apropriados para esse desafio. Por esse motivo, a empresa que comercializa perfuratrizes das marcas Astec (norte-americana) e Goodong (chinesa) tem focado sua atuação nas empresas especializadas em instalação de redes de gás e telecomunicações. Esse último mercado, aliás, vem registrando maior demanda de trabalho para o lançamento de fibra ótica até a casa do usuário, serviço que as operadoras de telecomunicações começaram a oferecer há poucos anos.

Carlos Pimenta, da Intech Engenharia, ressalta que o sucesso da perfuração direcional em baixas declividades também depende fundamentalmente de um estudo geológico do subsolo, bem como da adequação dos equipamentos e do treinamento dos técnicos que vão operá-los. “Quando se tem uma variação expressiva do tipo de solo sem um estudo geológico adequado, algo bastante comum até mesmo pela dificuldade de se realizar esse mapeamento em áreas urbanas e também pela existência de diversas interferências de outras tubulações, a eficiência fica atrelada à capacitação do operador e do navegador para as reações imediatas diante de situações inesperadas.”

Esses profissionais, segundo o executivo, devem perceber as variações de solo para alterar conscientemente a velocidade de perfuração e, dessa forma, corrigir a trajetória para manter o controle de declividade. Além desses detalhes, a qualidade final do projeto também está relacionada ao material utilizado, o que exige a correta especificação dos dutos, sejam eles de aço ou de polietileno. Devido aos esforços a que serão submetidos durante a instalação, esses tubos devem respeitar critérios quanto a sua composição e espessura das paredes, de forma a manter sua integridade ao final da operação. Nesse quesito, Pimenta diz que o mercado dispõe de fabricantes qualificados para atender a essa demanda.

Nova tecnologia

Se o HDD apresenta limitações para a instalação de redes de baixa declividade, como relatam alguns especialistas, a Vermeer propõe uma alternativa à tecnologia do minishield tradicionalmente utilizada nas obras de saneamento que optam pelo MND. A empresa oferece uma solução específica, denominada Axis, na qual um furo piloto guiado a laser inicia o processo dentro do poço de visita. Após essa etapa, o processo prossegue com o alargamento para a passagem da tubulação e o posterior puxamento dos tubos, ainda com a utilização de laser para direcionamento. “Isso garante a exatidão na declividade, evitando ‘barrigas’ e possibilitando total monitoramento da perfuração”, diz Flávio Leite, da Vermeer.

Indicado para a instalação de redes com até 600 mm de diâmetro, o sistema não opera com grande força de puxamento, o que dispensa o reforço do poço de visita com contenção de aço. A tecnologia, segundo o executivo, trabalha com a inserção de hastes para alcançar até 150 m em um único lance de perfuração. “Entretanto, geralmente projetamos uma distância de 80 m a 100 m entre os poços de visita”, afirma Leite. Ele explica que o processo finaliza com o puxamento da tubulação completa, que pode ser de polietileno de alta densidade (PEAD) ou de PVC intertravado.

Se o projeto envolve a execução de grandes galerias ou até mesmo a passagem de diversas tubulações por um mesmo traçado, outra tecnologia disponível no mercado é o Tunnel Liner, oferecido pela Armco Staco. Trata-se de um método mundialmente conhecido e utilizado, que consiste na instalação de chapas de aço corrugadas e unidas por parafuso, que formam anéis de aço que comporão uma tubulação. Esse processo é realizado manualmente, em diâmetros que podem variar de 1,2 m a 5 m no padrão standard. “Nosso recorde foi a instalação de tubulação de 6,7 m em uma usina de pelotização da Vale”, diz Luiz Antonio Pereira, gerente de produto da Armco Staco.

Tunnel Liner

O Tunnel Liner é dimensionado com base em estudo sobre a carga viva que atuará sobre a tubulação, a altura do aterro acima do túnel e o tipo de solo presente no local da perfuração. Pereira explica que o processo de instalação inicia com a abertura de um poço de visita. Em seguida vem a escavação horizontal, que pode ser realizada manualmente ou por meio de retroescavadeiras ou miniescavadeiras em redes de maior diâmetro. A primeira seção de escavação é de 46 cm, para suportar o primeiro módulo do Tunnel Liner, que mede exatamente essa dimensão. Aliás, todos os demais módulos têm o mesmo tamanho.

A instalação segue nessa ordem, sendo afixado um módulo a cada etapa de escavação. Dependendo do tipo de solo, várias seções do Tunnel Liner são instaladas sem a necessidade de preenchimento. “Em solos mais duros, que não se acomodam perfeitamente à volta da tubulação, o enchimento que é uma espécie de argamassa – é realizado a cada seção”, diz Pereira. Ele salienta que, em solos úmidos, há ainda a utilização de elementos filtrantes entre as chapas, eliminando o excesso de umidade.

O Tunnel Liner pode ser de aço carbono galvanizado ou revestido com epóxi, sendo este último mais indicado para aplicações cuja tubulação precisa resistir à corrosão, como as redes de esgoto. O aço galvanizado, por sua vez, encontra maior aplicação em linhas para o transporte de materiais não agressivos, como as redes de águas pluviais.

Em tubulações de grande diâmetro, Pereira cita até mesmo a utilização de plataformas elevatórias para que os operários possam aparafusar as seções. “Essa tecnologia representa o principal negócio dentro da divisão de saneamento da Armco Staco”, diz o especialista. Ele explica que a empresa tem três divisões, que somaram um faturamento de R$ 230 milhões em 2011, dos quais mais de 40% vieram dos negócios na área de saneamento básico. “O Tunnel Liner é responsável por 50% de toda a receita dessa divisão”, conclui Pereira.

 

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

P U B L I C I D A D E