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Revista M&T - Ed.223 - Maio 2018
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Especial Sobratema 30 Anos

Capacitação virtual, ganhos reais

Essenciais para os operadores se ambientarem com o equipamento, os simuladores também servem de ferramenta para corrigir as operações sem precisar ir a campo. Relembre sua evolução

 

No passado, o mercado brasileiro era carente de profissionais capacitados para exercer a função de operador de equipamentos. Em caso de iminente falta de operadores de escavadeiras, por exemplo, o instrutor ou encarregado de operação paralisava a frente de trabalho desse equipamento e levava os postulantes à função para serem treinados. Nas últimas décadas, o avanço da tecnologia trouxe a reboque os simuladores de operação para possibilitar uma interação inicial com os comandos do equipamento e suas principais operações, antes mesmo de o operador ir a campo. E os resultados, segundo os especialistas, têm sido surpreendentes, como repassamos nesta reportagem.

Estudos do NTL Institute for Applied Behavioral Science mostram que a simulação atinge um percentual de 78% no nível de fixação de aprendizado, sendo considerado um dos métodos mais rápidos para essa competência. O maior benefício no uso desses simuladores é a possibilidade de extrapolar as limitações do mundo físico em favor do aprendizado, acelerando o processo de capacitação e, ainda, auxiliando na realização de tarefas pertinentes a cada equipamento.

Historicamente, os simuladores surgiram ainda na década de 80 e, na época, assemelhavam-se a videogames. Depois, com a evolução da tecnologia audiovisual, receberam uma roupagem diferenciada: continuaram parecendo games, porém com aspectos visuais e gráficos mais próximos da realidade. Aos poucos, foram incluídos comandos reais, cenários pré-programados, plataformas móveis e imagens em 3D, acompanhados por processamentos cada vez mais velozes. Isso tornou os simuladores mais atrativos, embora ainda faltasse algo para torná-los iguais a uma máquina. “Essa melhoria veio com os simuladores de realidade virtual, que tornaram possível a formação de mão de obra por meio dessa tecnologia”, conta Edivaldo Freitas, gerente de engenharia de equipamentos da Odebrecht.

Ele explica que mesmo os modelos mais avançados foram desenvolvidos para utilização dentro d


 

No passado, o mercado brasileiro era carente de profissionais capacitados para exercer a função de operador de equipamentos. Em caso de iminente falta de operadores de escavadeiras, por exemplo, o instrutor ou encarregado de operação paralisava a frente de trabalho desse equipamento e levava os postulantes à função para serem treinados. Nas últimas décadas, o avanço da tecnologia trouxe a reboque os simuladores de operação para possibilitar uma interação inicial com os comandos do equipamento e suas principais operações, antes mesmo de o operador ir a campo. E os resultados, segundo os especialistas, têm sido surpreendentes, como repassamos nesta reportagem.

Estudos do NTL Institute for Applied Behavioral Science mostram que a simulação atinge um percentual de 78% no nível de fixação de aprendizado, sendo considerado um dos métodos mais rápidos para essa competência. O maior benefício no uso desses simuladores é a possibilidade de extrapolar as limitações do mundo físico em favor do aprendizado, acelerando o processo de capacitação e, ainda, auxiliando na realização de tarefas pertinentes a cada equipamento.

Modelos básicos incluem simuladores didáticos, treinadores e imersivos

Historicamente, os simuladores surgiram ainda na década de 80 e, na época, assemelhavam-se a videogames. Depois, com a evolução da tecnologia audiovisual, receberam uma roupagem diferenciada: continuaram parecendo games, porém com aspectos visuais e gráficos mais próximos da realidade. Aos poucos, foram incluídos comandos reais, cenários pré-programados, plataformas móveis e imagens em 3D, acompanhados por processamentos cada vez mais velozes. Isso tornou os simuladores mais atrativos, embora ainda faltasse algo para torná-los iguais a uma máquina. “Essa melhoria veio com os simuladores de realidade virtual, que tornaram possível a formação de mão de obra por meio dessa tecnologia”, conta Edivaldo Freitas, gerente de engenharia de equipamentos da Odebrecht.

Ele explica que mesmo os modelos mais avançados foram desenvolvidos para utilização dentro de salas e ainda não possuíam todos os recursos necessários para suprir às necessidades. “Para tornar possível sua utilização nas obras, foi necessário desenvolver mais cenários de simulação e, em termos práticos, uma forma de armazenamento para transporte que possibilitasse que o simulador chegasse às operações”, diz.

ECONOMIA

Com o tempo, a divisão de equipamentos da Odebrecht Infraestrutura (AFEq) passou a utilizar simuladores de realidade virtual que já traziam resultados palpáveis, tanto na avaliação de conhecimento para contratação de operadores e condutores, como na formação de novos profissionais, certificação de operadores já existentes, capacitação de mecânicos e técnicos de segurança, assim como treinamento de engenheiros e encarregados na aplicação do produto.

Ao lado da redução de custos, o principal diferencial dos simuladores é aumentar a segurança do treinamento

Com o sucesso, a prática se consolidou. De acordo com Freitas, atualmente a AFEq possui seis diferentes tipos de simuladores – para caminhão articulado, carregadeira de rodas, escavadeira de esteiras, guindaste, grua e trator de esteiras. Mas, antes de serem utilizados nas obras, esses equipamentos tiveram de passar por algumas adaptações, tais como a construção de uma cabine em aço e o desenvolvimento de um manual do instrutor, além da criação de manuais de transporte, programas de treinamento, fluxogramas, planos de aula e agendas.

Ao cabo, a implantação dos simuladores possibilitou à Odebrecht obter um ganho considerável no tempo de formação de operadores e condutores, além de reduzirem 62% dos custos com treinamento. Como relembra o gerente de engenharia e recursos humanos da Odebrecht, Elson Rangel, foram feitas análises comparativas em uma grande obra realizada pela empresa, tendo por base os treinamentos realizados em um simulador de escavadeira e na própria máquina. “A única recomendação dada aos instrutores foi que registrassem tudo o que fizessem e, se possível, quantificassem”, descreve.

Nesses testes, a empresa afirma ter obtido redução de 20% do tempo de formação utilizando o simulador, com queda de 62% no custo por turma de alunos e, para coroar, um recuo de 75% no tempo de utilização da máquina. “Podemos associar ainda essa ideia de ganho à possibilidade de realizar operações antes impossíveis com um equipamento real, como tombamento da máquina, sobrecarga e outras operações caracterizadas como perigosas ou potencialmente danosas”, comenta Rangel.

No aspecto ambiental, também devem ser considerados outros resultados no cômputo geral. Em média, com o uso do simulador há uma redução na emissão de CO² de 4 toneladas por turma, deixando-se de lançar na atmosfera 15 g/kWh de CO², 4,6 g/kWh de HC, 35 g/kWh de NOX e 0,2 g/kWh de MP, volume de gases que uma escavadeira ou caminhão emitem em 100 horas de treinamento.

Embora tais resultados sejam surpreendentes, Rangel salienta que o principal diferencial é mesmo a possibilidade de aumentar a segurança do treinamento, visto que tanto o operador quanto os demais envolvidos mantêm-se livres de riscos no treinamento com o simulador, em uma situação absolutamente mais controlada em relação aos treinamentos realizados com a máquina em campo. “Na maioria dos treinamentos foi possível substituir em 100% o equipamento com o uso do simulador, enquanto na formação de novos operadores conseguimos reduzir em 75% a utilização da máquina”, reitera Rangel.

HABILIDADES

Dados de uma pesquisa do ARC Advisory Group divulgados em 2014 mostram que 26,3% dos simuladores retornam o investimento em menos de seis meses, enquanto 28,1% levam menos de um ano para isso. Segundo Rodrigo Martins de Souza, diretor de marketing e vendas da desenvolvedora Oniria, o retorno de investimento de um simulador se dá pela combinação de redução de custos, aumento de eficiência e prevenção de incidentes. “Além do aprendizado, um simulador também tem o objetivo de treinar para gerar produtividade, que se converte em melhores resultados para os negócios”, ressalta. “Da mesma forma que um jogador de futebol não treina para aprender a jogar bola, mas para melhorar no jogo, um simulador permite que um operador treine para fazer o trabalho de forma mais rápida, com menos perdas e erros.”

O especialista explica que, com os simuladores, é possível reproduzir com fidelidade o ambiente de operação ou os procedimentos do operador, como se estivesse embarcado no equipamento. “Cada vez mais, os simuladores imersivos chamam a atenção por usarem a realidade virtual, na qual a imersão e percepção espacial são muito altas”, frisa Souza. “Com essa tecnologia é possível, por exemplo, colocar a pessoa dentro de um mundo 3D em 360 graus e deixá-la interagir com o cenário virtual.”

De acordo com ele, existem três modelos básicos de simuladores, indicados para diferentes tipos de formação. Os simuladores didáticos, por exemplo, são introdutórios, com foco no aprendizado de um processo de trabalho, em etapas lógicas de um equipamento ou sistema. Esse tipo de simulação pode ser usado em dispositivos eletrônicos convencionais, como computador ou tablet.

Os simuladores treinadores, por sua vez, são apropriados para o processo e o desenvolvimento da perícia do operador, para que desenvolva a habilidade sensório-motora da operação, ou seja, mexer com as próprias mãos. Geralmente, reproduzem os comandos, painéis e controles da situação simulada.

Já os simuladores imersivos são voltados para o processo, a perícia e o treinamento do comportamento do operador em situações críticas. Eles recriam com a maior fidelidade possível a situação real, fazendo uso de sistemas imersivos como bases de movimento, visão 3D e cabine completa do equipamento. “São indicados para operações estressantes, nas quais a reação emocional afeta o desempenho, seja em situações de risco ou de precisão”, explica Souza. “Em alguns casos já chegamos a medir o biofeedback com a resposta galvânica do operador para incluir no relatório do simulador.”

Equipamentos reproduzem com fidelidade o ambiente de operação e procedimentos do operador

O uso de cada um desses diferentes modelos é indicado conforme cada caso, tipo de operação a ser simulada e custo x benefício. “Na Oniria, ajudamos os clientes a avaliar o contexto e a decidir qual a melhor solução, tendo como base o impacto que uma pessoa mal treinada pode causar à operação”, observa Souza. “Em alguns casos, em que o equipamento simulado é muito complexo, é possível usar um simulador didático para introduzir o treinamento. Em outras situações, determinado tipo de simulador acaba sendo mais fácil de transportar, o que pode ser um fator importante, dependendo de como será usado.”

De acordo com o especialista, os simuladores mais avançados incluem uma estação de instrutor que pode ser utilizada remotamente. Dessa forma, o instrutor pode organizar o cenário de treinamento, definir o layout da operação e, até mesmo, fazer interferências durante o trabalho, como aumentar o vento, iniciar chuva, romper algum cabo, provocar mau funcionamento para avaliar o procedimento do operador na situação crítica etc. “Isso torna o uso do simulador muito dinâmico”, diz o executivo.

No entanto, os simuladores também podem se diferenciar de acordo com a marca do equipamento e seu funcionamento na operação real. Em simuladores didáticos, por exemplo, o impacto disso é menor, pois o foco está mais voltado para o processo. Já nos treinadores e no imersivos, pequenas diferenças dos equipamentos podem ser relevantes para a operação. Outras adaptações não dependem apenas do equipamento, mas também do cenário de operação, ou seja, a situação em que o equipamento está sendo usado, o tipo de terreno, as condições climáticas, dimensões e características importantes para o negócio.

Com interface similar a videogame, a realidade virtual mudou o setor

Para reproduzir fielmente o funcionamento da máquina no âmbito da operação, os fornecedores dessas tecnologias fazem uma imersão na operação do cliente. “Fazemos visitas ao equipamento em operação e conhecemos o contexto do cliente”, contextualiza Souza. “Eu mesmo já estive embarcado em uma plataforma de petróleo para estudar a operação de movimentação de cargas com guindastes. Foi uma experiência e tanto.”

Em outros casos, é possível determinar a simulação a partir de referências documentais e vídeos, ou mesmo conhecer as etapas e as peças usadas em uma máquina por meio de um simulador de manutenção, situações que podem ser criadas por meio de um levantamento documental. “Claro que isso depende do tipo e da complexidade do simulador, nível de fidelidade exigida e especificidade da operação”, aponta o especialista.

FEEDBACK

O feedback dos clientes é positivo quanto à capacitação e qualidade do desempenho dos operadores que passam pelos simuladores. Isso porque, como explica Ricardo Beilke, gerente sênior de serviços do segmento de guindastes da Terex Latin America, os operadores passam a compreender melhor os princípios físicos envolvidos na operação do equipamento. “Além disso, é possível criar situações de risco reais, impossíveis ou extremamente perigosas para serem reproduzidas na vida real, treinando os operadores para reagir a essas situações”, afirma. “Isso reduz consideravelmente a probabilidade de acidentes durante uma operação.”

De acordo com ele, os alunos também se sentem mais confiantes e seguros no momento que o treinamento no equipamento é iniciado. “Até mesmo o instrutor sente-se mais confortável, pois durante a seção de simulação o aluno domina o comportamento do equipamento e cria uma memória muscular, ou seja, sabe exatamente se e quanto pode acelerar um movimento ou quando deve desacelerar e parar sem colocar em risco o equipamento, as instalações e outras pessoas”, detalha.

Nesse sentido, o simulador proporciona ao usuário uma experiência personalizada conforme seu nível de habilidade histórico profissional, aumentando a velocidade de aprendizado, uma vez que o conteúdo se adapta a cada participante. Além disso, a tecnologia está muito ligada ao profissional mais jovem, que passa a ocupar espaço e ser protagonista no mercado de trabalho, adaptando-se melhor às técnicas de treinamento.

De acordo com Beilke, as características que mais chamam a atenção nesses produtos são a possibilidade de modificar as condições ambientais, a movimentação da plataforma e os sons. Com esses três componentes, o operador pode ser transportado para o ambiente de operação. Contudo, ele faz uma ressalva: “Hoje, o maior desafio é tornar os simuladores ainda mais acessíveis ao público geral, pois são equipamentos que ainda requerem investimento relativamente alto”, diz.

Simulação é fundamental para compreender princípios físicos envolvidos na operação dos equipamentos

Nesse sentido, Thomás Spana, gerente de vendas para a divisão de construção da John Deere Brasil, comenta que a nova geração de operadores, composta principalmente por jovens, em sua maioria está bem familiarizada com smartphones e tem acesso à internet, obtendo boa interação com os simuladores atuais, que ainda se assemelham a um videogame. “As tarefas que o operador deve realizar simulam com grande realidade as atividades de um canteiro de obras, enquanto o movimento da plataforma móvel aumenta a percepção de como o equipamento irá se comportar em campo”, explica.

De acordo com Spana, é muito interessante constatar que, como um dos requisitos para se “passar de fase” é o menor custo, cria-se uma cultura interessante de trabalhar sem agredir o equipamento. “Obviamente que os custos não são reais, mas possibilitam ao operador saber quais erros geram mais prejuízos, o que contribui positivamente para o momento em que estiver no campo operando de fato”, complementa.

O executivo pondera ainda que, quando o operador não passa por um simulador de operação e tem o primeiro contato de aprendizado com o equipamento diretamente no campo, também há um fator positivo, uma vez que o operador aprende sem filtros. “Contudo, o risco de acidentes é maior, bem como os custos envolvidos”, salienta. “Em suma, segurança e redução de custos são os principais resultados positivos observados desde que os simuladores foram introduzidos no Brasil.”

BOMBEAMENTO

Em trabalhos de bombeamento de concreto, os operadores normalmente estão mais focados na aplicação do concreto no projeto e acabam dando pouca atenção a alguns detalhes importantes da operação do equipamento, como as normas de segurança, pressões colocadas na máquina, estabilidade durante o trabalho, riscos de operação e ambientais envolvidos e distância de redes elétricas. Enfim, quase todos os detalhes periféricos da aplicação do concreto acabam não recebendo a atenção necessária e, evidentemente, isso requer treinamento adequado.

De acordo com a Schwing-Stetter Brasil, a função de operador de bomba de concreto ainda não é reconhecida como profissão no mercado brasileiro, que não exige habilitação ou certificação para exercê-la. Para a empresa, isso não faz sentido, porque há uma série de fatores que podem incorrer durante esse trabalho e que requerem técnicas apropriadas, como peso relativo de concreto dentro da tubulação, montagem de mastro e diversos pontos de segurança, dentre outras.

As pessoas que fazem esse trabalho geralmente são os assistentes de operadores de betoneiras e outros profissionais envolvidos em outras atividades, que não possuem conhecimento específico de bombeamento.

A Schwing-Stetter, por exemplo, desenvolveu um simulador que consegue simular as operações de bombeamento, que se apresentam 85% idênticas ao que ocorre na realidade de campo. Esse simulador foi concebido por integrantes da fábrica da empresa no Brasil, que em 2013 visitaram o estande da matriz da Schwing na bauma, na Alemanha, e viram um simulador deste tipo.

Após a ideia ser compartilhado com a equipe de mecatrônica da filial brasileira, o equipamento foi desenvolvido com todas as funções presentes em uma bomba, como estabilização e abertura do mastro, acionadas no hardware do simulador e pelo controle remoto que fica nas mãos do operador. “Desde então, foram implementadas diversas melhorias técnicas e visuais e, atualmente, esse simulador já está em sua terceira versão, com duas situações diferentes de obra, como a laje de um prédio e uma fundação”, relata a empresa.

CONFIRA OS BENEFÍCIOS OBTIDOS COM O USO DE SIMULADORES

QUANTITATIVO

Com a frota:

     

  • 10% de redução do custo com peças
  • 4% de aumento da disponibilidade mecânica
  • 10% de redução do consumo de combustível

Com a produção:

  • 5% de aumento da produção da escavadeira

QUALITATIVO

  • Melhorias gerais:
  • No local de manobra dos caminhões
  • Na praça de trabalho
  • No posicionamento da máquina
  • No posicionamento do caminhão
  • No ângulo de ataque ao material
  • No enchimento da caçamba
  • Na distribuição da carga no caminhão

Saiba mais:

John Deere: www.deere.com.br/pt

Oniria: oniria.com.br

Schwing-Stetter: www.schwingstetter.com.br

Terex: www.terex.com.br

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