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Revista M&T - Ed.251 - Fev/Mar 2021
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A Era das Máquinas

A evolução dos guindastes nos anos 70

Por Norwil Veloso

Equipado com dois outriggers de tamanho extra, o modelo P&H Alpha 100 era capaz de içar 79 ton

A década de 70 foi marcada por um grande avanço tecnológico do conhecimento e pela globalização. Na época, o comércio internacional cresceu cerca de 120% e as nações começaram a compreender a necessidade de trabalho em conjunto, já que algumas detinham a posse dos recursos naturais, enquanto outras dispunham dos meios para extração, transporte e processamento.

Na área técnica, o mercado de construção da década de 70 seria dominado por guindastes produzidos nos Estados Unidos e na Alemanha. A capacidade continuou a ser o parâmetro de crescimento dos guindastes de lança treliçada, graças ao desenvolvimento de aços de extrema resistência produzidos a preços economicamente viáveis.

Mas em meados da década houve uma explosão de guindastes do tipo RT (Rough Terrain) lançados nos EUA e no Japão, que logo se tornaram um produto familiar nos canteiros de obras. As características de mobilidade em qualquer terreno – ao lado da possibilidade de transporte da carga em alguns modelos (‘pick and carry’) – causaram uma aceitação massiva do modelo, apesar de sua baixa velocidade de deslocamento em rodovias e da menor visibilidade dos operadores para um dos lados.

DESENVOLVIMENTO

Na Europa, o desenvolvimento foi grande naquele decênio, tanto para guindastes de lança treliçada como de lança telescópica. Em 1971, a Coles lançou o Colossus 6000, com capacidade de 225 ton, lança treliçada tubular e possibilidade de as seções do jib deslizarem umas dentro das outras, facilitando o transporte.

Um ano após a aquisição da Coles pelo consórcio Acrow, em 1972, foi lançado o guindaste telescópico LH 1000, com capacidade de 100 ton. Nessa mesma época, a Gottwald lançou o guindaste telescópico


Equipado com dois outriggers de tamanho extra, o modelo P&H Alpha 100 era capaz de içar 79 ton

A década de 70 foi marcada por um grande avanço tecnológico do conhecimento e pela globalização. Na época, o comércio internacional cresceu cerca de 120% e as nações começaram a compreender a necessidade de trabalho em conjunto, já que algumas detinham a posse dos recursos naturais, enquanto outras dispunham dos meios para extração, transporte e processamento.

Na área técnica, o mercado de construção da década de 70 seria dominado por guindastes produzidos nos Estados Unidos e na Alemanha. A capacidade continuou a ser o parâmetro de crescimento dos guindastes de lança treliçada, graças ao desenvolvimento de aços de extrema resistência produzidos a preços economicamente viáveis.

Mas em meados da década houve uma explosão de guindastes do tipo RT (Rough Terrain) lançados nos EUA e no Japão, que logo se tornaram um produto familiar nos canteiros de obras. As características de mobilidade em qualquer terreno – ao lado da possibilidade de transporte da carga em alguns modelos (‘pick and carry’) – causaram uma aceitação massiva do modelo, apesar de sua baixa velocidade de deslocamento em rodovias e da menor visibilidade dos operadores para um dos lados.

DESENVOLVIMENTO

Na Europa, o desenvolvimento foi grande naquele decênio, tanto para guindastes de lança treliçada como de lança telescópica. Em 1971, a Coles lançou o Colossus 6000, com capacidade de 225 ton, lança treliçada tubular e possibilidade de as seções do jib deslizarem umas dentro das outras, facilitando o transporte.

Um ano após a aquisição da Coles pelo consórcio Acrow, em 1972, foi lançado o guindaste telescópico LH 1000, com capacidade de 100 ton. Nessa mesma época, a Gottwald lançou o guindaste telescópico AMK 155, com capacidade de 125 ton, que seria bastante utilizado pelas locadoras, seguido pelo AMK 200, de 200 ton.

Com o aumento da oferta, foram fundadas grandes empresas de locação, como Sparrows e JD White (na Grã-Bretanha), Scholpp e Bodo Toense (Alemanha), Stoof e van Twist (Holanda), entre outras, que passaram a demandar guindastes pesados produzidos especificamente para seus serviços. Um exemplo dessa postura foi o K 1000, do qual foi produzida pela Demag apenas uma unidade, em 1971, para o Grupo Bohne. Com capacidade de 1.000 ton e lança de 121 m, o guindaste oferecia a possibilidade de acoplamento de um jib de 105 m.

Estande da Sobratema no evento: compromisso de compartilhamento do conhecimento

Com capacidade de 72,5 ton, o Pettibone 160TK-LSPC foi o maior guindaste hidráulico da América do Norte em seu tempo

A partir de 1968, o crescimento do comércio mundial também trouxe um aumento significativo na movimentação de contêineres, acompanhado por uma demanda cada vez maior de guindastes para essa aplicação. Nesse segmento, a Gottwald lançou o HMK 360, com capacidade de 120 ton a um raio de 26 m; ou 44 ton a 53 m.

DIVERSIFICAÇÃO

No início da década de 70, o grupo dos principais fabricantes de guindastes telescópicos incluía empresas como Bantam, Coles, Demag, Grove, Tramac, Pettibone, PPM, Krupp, Bucyrus-Erie, Gottwald e Lorain. As capacidades variavam entre 14 e 72 ton, mas até o final da década as capacidades chegariam a 200 ton e continuariam a subir, prenunciando o que ocorreria na década seguinte.

Lançado em 1975, o guindaste telescópico Demag HC 500 tinha capacidade de 500 ton, o que lhe garantiu o título de maior guindaste desse tipo no mundo. Alguns anos depois foi apresentado o TC 4000, com modelo com lança treliçada de 90 m e capacidade de 800 ton, cuja primeira unidade foi vendida para a locadora Sparrows em 1978. Utilizando um conjunto derrick com contrapeso suspenso de 250 ton, o equipamento podia elevar 800 ton com lança de 30 m a um raio de 8,5 m; ou 108 ton com lança de 84 m, raio de 50 m e 250 ton de contrapeso suspenso.

Quando surgiu, o Menck M 750, de 65 ton, propunha-se a inovar o projeto dessas máquinas. Contudo, apenas 12 unidades foram produzidas antes da falência da empresa, em 1978. No ano seguinte, a Liebherr adquiriu as licenças de fabricação e passou a produzir a linha HS de escavadeiras a cabo na Áustria. Inclusive, o Menck M 750 pode ser considerado o antecessor do Liebherr HS 870.

Nessa mesma época, a Krupp passou a fabricar uma linha de guindastes telescópicos com capacidades entre 7,5 e 60 ton. Nos Estados Unidos, a Bucyrus comprou a Hy-Dinamic em 1970, ampliando sua linha de guindastes com modelos de 11,2 ton (lança treliçada) e 13,5 ton (lança telescópica).

Em 1972, a FMC e a Link-Belt se uniram, formando a FMC Corporation que, no ano seguinte, lançou um modelo atualizado de lança treliçada, com diversas configurações. Em 1978, a empresa – que passou a se chamar FMC Link-Belt – lançou a bem-sucedida série LS e a série HTC de guindastes telescópicos.

Lançado em 1971, o guindaste Bohne K 1000 antecipou importantes desenvolvimentos da indústria, como o arranjo dos outriggers, mas somente uma unidade deste modelo de 1.000 ton foi vendida na época

Em 1976, foi a vez da Lorain lançar o LC 1700, com capacidade de 153 ton. Em 1977, a P&H lançou seus guindastes RT da série Omega, que podiam trafegar em rodovias a 60 km/h, além do guindaste Alpha 100, de 79 ton, com lança telescópica de 40,2 m e que tinha apenas duas patolas extensíveis para suportar a carga, enquanto uma terceira aliviava a carga sobre os pneus. Nesse modelo, a lança e as patolas eram movidas por sistemas mecânicos, em lugar dos pistões hidráulicos usados normalmente.

EXIGÊNCIAS

Mesmo com tanta diversificação, somente na década seguinte o mercado dos guindastes telescópicos viria ser tratado como prioridade, tanto na Europa como nos EUA. Em parte, isso se deveu ao grande espaço disponível nos canteiros americanos e, ainda, às restrições para o tráfego rodoviário vigentes na época, em ambos os continentes.

Mesmo assim, a Bucyrus lançou o 1200 C/SP, especialmente projetado para trabalho em minas a céu aberto, além da linha XC de guindastes móveis, em que se destacaram o 60 SX (de 54 ton) e o 90 XC (de 81 ton), ambos com projetos leves e que atendiam à legislação de tráfego rodoviário de diversos estados americanos. Até o final da década, a Bucyrus tinha três guindastes RT (de 15 a 20 ton), sete telescópicos (4,5 a 81 ton), quatro com lança treliçada (54 a 99 ton) e alguns modelos de aplicação específica.

Também a Galion conseguiu uma boa posição no mercado, com uma linha do tipo RT entre 8,1 e 13,5 ton, enquanto a Pettibone lançou o guindaste telescópico 160TK-LSPC, também produzido na Alemanha, com capacidade de 72,5 ton, além de uma linha de máquinas menores.

Mas para atender as exigências europeias de tráfego, os projetistas tiveram muito mais dificuldade, partindo para uma solução na qual a lança, virada para trás, ficava apoiada num dolly rebocado. Apesar do custo, foi a única solução que surgiu para atender à legislação local de carga por eixo. Em 1974, a Liebherr se instalou no Brasil para produzir guindastes de torre e portuários. Outros fabricantes, como a Mannesmann e a Demag, também instalaram fábricas no Brasil nessa mesma época.

Liebherr restaura carregadeiramais antiga da marca ainda existente

Quase 60 anos após sua estreia, um dos primeiros protótipos de carregadeiras de rodas da Liebherr foi restaurado na fábrica de Bischofshofen, na Áustria. Lançado após os protótipos “Elephant” e “Mammoth”, o modelo LSL 1500 é o derradeiro remanescente de uma série-piloto de apenas cinco máquinas, introduzida no início dos anos 60. Pesando cerca de dez toneladas, a máquina de 108 cv tinha estrutura rígida, conversor de torque, tração nas quatro rodas e direção hidráulica na roda traseira, o que era um luxo para a época. “Esta carregadeira mostra que já há seis décadas a Liebherr estava lançando conceitos inovadores de máquinas”, comenta Martin Gschwend, diretor da fábrica.

Lançado no início dos anos 60, protótipo LSL 1500 exigiu 650 horas de trabalhos de restauro, até ser exposto na fábrica em Bischofshofen

Mas a devastação do tempo, particularmente sob a forma de danos causados por ferrugem e geada, cobrou seu preço na estrutura. Foram necessárias 650 horas de trabalho para os peritos – acompanhados por aprendizes – remodelarem completamente cada item do equipamento, até o último parafuso. Agora utilizada como peça de exposição, a máquina voltou até mesmo a funcionar. “Foi um momento esplêndido quando ouvimos pela primeira vez o potente motor diesel de seis cilindros”, relata Andreas Scharler, líder do centro de reparos da unidade.

Leia na próxima edição:
Soluções diferenciadas de compactação

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