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Máquina importada sustenta investimento

Valor Econômico

10/11/2010 14h09 | Atualizada em 10/11/2010 17h32

As máquinas importadas ocuparam o espaço do bem nacional no investimento produtivo durante o terceiro trimestre deste ano. Enquanto a produção doméstica de bens de capital encolheu 2,2% de junho a setembro em relação ao período abril-junho na série que desconta influências sazonais, o volume importado dos mesmos itens aumentou expressivos 16,1% em igual comparação. Assim, sustentado pelos importados, o consumo aparente de bens de capital cresceu 3,8% no terceiro trimestre, o quinto período consecutivo. Se a comparação for com o mesmo período do ano passado, a importação de bens de capital foi 75,8% maior, segundo cálculos do Departamento Econômico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"A expectativa é de crescimento da formação bruta de capital fixo [FBCF] no terceiro trimestre, puxada pela importação de bens de capital. Os dados de produção, que apresentaram queda, tornaram-se pouco importantes frente à expansão robusta da importação de bens de capital", observa Marcelo Nascimento, economista do BNDES. O resultado de queda da produção doméstica, diz ele, é um sinal de acomodação, mas não de retração, mesmo que tenha acontecido antes da produção de bens de capital voltar

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As máquinas importadas ocuparam o espaço do bem nacional no investimento produtivo durante o terceiro trimestre deste ano. Enquanto a produção doméstica de bens de capital encolheu 2,2% de junho a setembro em relação ao período abril-junho na série que desconta influências sazonais, o volume importado dos mesmos itens aumentou expressivos 16,1% em igual comparação. Assim, sustentado pelos importados, o consumo aparente de bens de capital cresceu 3,8% no terceiro trimestre, o quinto período consecutivo. Se a comparação for com o mesmo período do ano passado, a importação de bens de capital foi 75,8% maior, segundo cálculos do Departamento Econômico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"A expectativa é de crescimento da formação bruta de capital fixo [FBCF] no terceiro trimestre, puxada pela importação de bens de capital. Os dados de produção, que apresentaram queda, tornaram-se pouco importantes frente à expansão robusta da importação de bens de capital", observa Marcelo Nascimento, economista do BNDES. O resultado de queda da produção doméstica, diz ele, é um sinal de acomodação, mas não de retração, mesmo que tenha acontecido antes da produção de bens de capital voltar ao patamar pré-crise. A produção em setembro foi 8,7% inferior a de setembro de 2008, recorde histórico de produção do setor, segundo os dados do IBGE.

"Não temos um cenário de acomodação do investimento. A importação está crescendo muito forte, e não só a de máquinas, mas também de insumos da construção, como cimento", observa Fernando Puga, chefe do Departamento Econômico do BNDES. Para ele, a valorização do real reduziu o preço das máquinas importadas e ajudou, inclusive, a acelerar o investimento doméstico. "No mundo, as decisões de investimento foram postergadas, o que fez aumentar a oferta mundial de máquinas a preços muitas vezes, menores", argumenta.

Rogério César de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento industrial (Iedi), não avalia que a retração na produção de bens de capital no segundo trimestre seja um sinal de acomodação do ritmo de investimento. "Ainda não estamos vendo isso", observa ele. "O que parece claro é o aumento da importação de máquinas. É o crescimento da concorrência que afetou a produção", acrescenta.

Souza avalia que um conjunto de máquinas e equipamentos foi incorporado às linhas de produção nos últimos meses e ajudam a explicar a queda no nível de utilização da capacidade instalada na série da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "Esse indicador está em queda desde maio e isso reflete a maturação dos investimentos feitos pelo setor industrial. Esse é o lado bom", pondera o economista do Iedi.

Os dados de produção de bens de capital do IBGE permitem desdobrar a produção destes itens por setor, mas sem ajuste sazonal. Nessa série, a produção total de bens de capital em setembro recuou 1,6% sobre agosto, queda puxada pela produção de máquinas para agricultura (10%), construção (-12%) transportes (- 9,7%) e energia (-9%), enquanto a fabricação de bens de capital para uso industrial cresceu 3% em igual comparação.

Puga, do BNDES, espera que a taxa de investimento do país em proporção do Produto Interno Bruto (PIB) cresça de novo no terceiro trimestre. Após recuar no auge da crise externa, o investimento cresce acima do resto da economia há cinco trimestres. A diferença, contudo, recuou fortemente no segundo trimestre quando o investimento cresceu 2,4% sobre o resultado do primeiro trimestre de 2010 e a alta do PIB foi de 1,2% na mesma comparação. Nos três trimestres anteriores, o investimento subiu sempre acima de 7% e o PIB, entre 2,1% e 2,7%.

Nos levantamentos do BNDES com base nas intenções futuras de investimento, informa Puga, o setor de petróleo e gás vai atingir, em breve, 15% de participação na formação bruta de capital fixo, o indicador que mede o consumo de máquinas e equipamentos e em projetos da construção civil no país.

Reação da Abimaq
O setor de máquinas e equipamentos irá apresentar ao governo federal uma nova proposta para tentar barrar a forte importação de produtos do ramo. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) quer que o governo adote uma política de preço mínimo de importação, que levaria em conta a relação entre o valor médio do equipamento no mercado internacional e o peso. No acumulado de janeiro a setembro de 2010, o país importou US$ 18,2 bilhões em máquinas e equipamentos, 31% a mais que no mesmo período de 2009. Estados Unidos, seguidos de China, Alemanha e Japão, são os principais exportadores para o mercado brasileiro.

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