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Recomposição da indústria

A indústria chegou ao fim do ano com nível de produção semelhante ao de fevereiro de 2009

O Estado de S.Paulo

08/02/2017 00h00 | Atualizada em 15/02/2017 11h29

A melhor surpresa deste início de ano foi o aumento da produção industrial em dezembro – 2,3% sobre o volume do mês anterior – informada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Detalhe especialmente animador foi o crescimento observado em 16 dos 24 ramos cobertos pela pesquisa. Não foi, portanto, uma reação concentrada, apesar do peso de alguns segmentos, como o automobilístico.

Mas, seria arriscado apontar, nesse conjunto de informações, o sinal de uma virada sustentável. Não se pode ainda falar com segurança de uma nova fase de expansão, advertem analistas do mercado e também o técnico responsável pela pesquisa, André Macedo. Ele aponta a situação da própria indústria automobilística para justificar a cautela: foram fabricados no fim do ano mais automóveis e caminhões, mas os estoques permaneceram acima do nível desejado.

Apesar da cautela recomendável, segundo Macedo, quem quiser garimpar sinais promissores nos últimos números do IBGE poderá encontrar alguns. A produção industrial havia crescido em novembro (0,4%) e ganhou impulso no mês seguinte. Além disso, o resultado final do trimestre foi positivo, com expansão de 0,5% sobre o anterior.

Há bons indícios, portanto, mas são ainda muito fracos. Qualquer movimento p

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A melhor surpresa deste início de ano foi o aumento da produção industrial em dezembro – 2,3% sobre o volume do mês anterior – informada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Detalhe especialmente animador foi o crescimento observado em 16 dos 24 ramos cobertos pela pesquisa. Não foi, portanto, uma reação concentrada, apesar do peso de alguns segmentos, como o automobilístico.

Mas, seria arriscado apontar, nesse conjunto de informações, o sinal de uma virada sustentável. Não se pode ainda falar com segurança de uma nova fase de expansão, advertem analistas do mercado e também o técnico responsável pela pesquisa, André Macedo. Ele aponta a situação da própria indústria automobilística para justificar a cautela: foram fabricados no fim do ano mais automóveis e caminhões, mas os estoques permaneceram acima do nível desejado.

Apesar da cautela recomendável, segundo Macedo, quem quiser garimpar sinais promissores nos últimos números do IBGE poderá encontrar alguns. A produção industrial havia crescido em novembro (0,4%) e ganhou impulso no mês seguinte. Além disso, o resultado final do trimestre foi positivo, com expansão de 0,5% sobre o anterior.

Há bons indícios, portanto, mas são ainda muito fracos. Qualquer movimento para cima pode chamar a atenção porque as bases de comparação mensal ou trimestral têm sido muito baixas. Quando se examinam períodos mais longos, fica mais claro o tamanho do desastre. Em um ano, a produção da indústria diminuiu 6,6%. As variações acumuladas em 12 meses são negativas em todas as grandes categorias: bens de capital, 11,1%; bens intermediários, 6,3%; bens de consumo duráveis, 14,7%; bens de consumo semiduráveis e não duráveis, -3,7%.

Esses dados imediatamente remetem aos principais gargalos atuais. O crédito escasso e caro derrubou a procura dos bens de maior valor, como automóveis e eletroeletrônicos. Assim, a indústria chegou ao fim do ano com nível de produção semelhante ao de fevereiro de 2009.

Em três anos, a produção industrial diminuiu 16,9%, a de bens de capital caiu 39,8%, a de bens duráveis encolheu 36,8%, a de semiduráveis e não duráveis ficou 10,3% menor e a perda, no caso dos intermediários, chegou a 13,3%. Mas o recuo foi muito além desses indicadores.

A queda da produção e da importação de bens de capital – máquinas e equipamentos – denuncia uma dramática redução de investimentos no potencial produtivo. A indústria perdeu capacidade de avançar de forma sustentável. Com isso, recompor a musculatura do setor industrial será uma das principais tarefas dos próximos anos.

 

 

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