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Euro 5 cria novas opções de negócios

Valor Econômico

10/10/2011 16h59 | Atualizada em 11/10/2011 16h42

A pouco menos de três meses para a aplicação das novas normas de controle nas emissões de poluentes por veículos pesados, o chamado Euro 5, uma ampla cadeia de fornecedores - que vai desde a importação de insumos à comercialização de combustível - está acelerando o passo para garantir o suprimento ao consumidor brasileiro a partir de janeiro.

As grandes redes de distribuição de combustível já mapearam os postos que serão adaptados para vender o diesel menos poluente da Petrobras, o S50, de uso obrigatório nos caminhões que serão produzidos a partir do ano que vem. Ao todo, aproximadamente 1,5 mil postos já se apresentaram à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para comercializar o produto.

Em outra frente, a indústria química faz os últimos ajustes para iniciar a produção do agente redutor Arla 32, uma solução de uréia usada no sistema de escape para diminuir em 60% as emissões de óxidos de nitrogênio. A Vale Fertilizantes - que será, junto com a Petrobras, o principal fabricante desse produto -, está concluindo as adaptações no complexo industrial de Araucária para começar a operação até dezembro.

Após uma fase de testes, o início da produção comercial do agente pela Petrobras em Camaçari, na Bahia, está previsto para os próximos dias. As adaptações nas

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A pouco menos de três meses para a aplicação das novas normas de controle nas emissões de poluentes por veículos pesados, o chamado Euro 5, uma ampla cadeia de fornecedores - que vai desde a importação de insumos à comercialização de combustível - está acelerando o passo para garantir o suprimento ao consumidor brasileiro a partir de janeiro.

As grandes redes de distribuição de combustível já mapearam os postos que serão adaptados para vender o diesel menos poluente da Petrobras, o S50, de uso obrigatório nos caminhões que serão produzidos a partir do ano que vem. Ao todo, aproximadamente 1,5 mil postos já se apresentaram à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para comercializar o produto.

Em outra frente, a indústria química faz os últimos ajustes para iniciar a produção do agente redutor Arla 32, uma solução de uréia usada no sistema de escape para diminuir em 60% as emissões de óxidos de nitrogênio. A Vale Fertilizantes - que será, junto com a Petrobras, o principal fabricante desse produto -, está concluindo as adaptações no complexo industrial de Araucária para começar a operação até dezembro.

Após uma fase de testes, o início da produção comercial do agente pela Petrobras em Camaçari, na Bahia, está previsto para os próximos dias. As adaptações nas refinarias da estatal para a produção do diesel com baixo teor de enxofre estão dentro dos investimentos de US$ 16 bilhões em melhoria da qualidade dos combustíveis previstos para o período de 2011 a 2015.

Ao todo, projeta-se um consumo ao redor de 2 bilhões de litros do diesel S50 no ano que vem, com o consumo de Arla 32 próximo a 5% desse total - ou seja, ao redor de 100 milhões de litros.

A partir de janeiro de 2013, o S50 será substituído por um diesel com teor de enxofre ainda menor, o S10 - com 10 partes por milhão (ppm) de enxofre. Em 2020, o uso do diesel menos poluente deverá superar 33 bilhões de litros, enquanto a demanda pelo agente redutor chegará a 1,67 bilhão de litros.

Esse é um cenário conservador, que leva em conta a antecipação de compras de caminhões feita pelos consumidores para escapar do aumento de 6% a 10% esperada para o preço do veículo a partir de janeiro, o que tende a retardar a adaptação dos brasileiros às normas.

Empresas do setor químico já começaram a fechar as importações de uréia sólida com fornecedores europeus e asiáticos para aproveitar o mercado que surgirá com a implantação do novo regulamento ambiental - que, por se inspirar no modelo de controle de poluição europeu, ficou conhecido como Euro 5.

Num primeiro momento, o agente redutor será comercializado nos postos em galões de até 20 litros, mas a tendência, com o aumento do consumo, é que passe a ser vendido nas bombas futuramente. Basicamente, a solução é obtida a partir da diluição da uréia de altíssima pureza em água desmineralizada.

A Usiquímica, instalada em Guarulhos (SP), está prestes a concluir sua primeira importação de pérolas de uréia da China. Dentro de um programa de investimento estimado em R$ 30 milhões, a meta é começar a produção e envase do agente na fábrica paulista em dezembro e, até 2013, instalar novas unidades de processamento do Arla em mais seis cidades: Caxias do Sul (RS), Londrina (PR), Belo Horizonte (MG), Uberlândia (MG), Salvador (BA) e Recife (PE).

Alguns produtores já fornecem o agente para os testes das montadoras, é o caso, por exemplo, da Tirreno, que importa a matéria-prima da Alemanha, e da Yara, cuja solução já preparada está sendo trazida da Holanda.

Já a Cummins Filtration - braço da fabricante de motores Cummins na área de sistemas de fluidos - investe US$ 1,3 milhão para começar, em dezembro, a produção do Arla em Guarulhos (SP), com capacidade estimada em 25 milhões de litros.

Esses produtores estão, no momento, negociando e fechando os primeiros contratos com clientes distribuição, como é o caso da rede de postos Ale.

Além de preparar a logística para a distribuição, as empresas de comercialização de combustíveis se debruçam sobre a adaptação dos postos que vão vender os novos produtos. Os trabalhos consistem, principalmente, em definir como será a comunicação nos pontos de venda e fazer a limpeza dos tanques que vão abrigar o diesel - que não pode se misturar a outras substâncias.

Em alguns casos, poderá ser necessária a instalação de nova tancagem, mas as redes têm dado preferência aos postos que já têm capacidade instalada para receber o combustível.

"Primeiro, procuramos garantir a cobertura nacional. Depois disso, olhamos para os postos que estavam melhor preparados", conta Leonardo Linden, diretor de marketing da Raízen, ao comentar os critérios no mapeamento de 300 postos da rede Shell que inicialmente deverão comercializar o S50.

Segundo o executivo, a empresa fez uma lista dos principais mercados, de forma a cobrir de maneira abrangente o consumo. A Shell ainda vai comercializar o Arla 32 com marca própria e espera conquistar uma participação de 20% nesse mercado - que, nas contas da empresa, deverá movimentar cerca de R$ 250 milhões já no próximo ano e mais de R$ 2 bilhões até 2020.

Roberto Sancovsky, gerente de planejamento da rede de postos Ipiranga, diz que a empresa fez um mapeamento das rotas necessárias e, com isso, mapeou 350 postos que vão vender o diesel a partir de janeiro. "A tendência é subir, mas esse número de postos já atende bem ao consumo inicial", afirma o executivo.

Parte dos postos já está pronta para as mudanças porque já comercializavam, desde 2009, o diesel de baixo teor de enxofre para o abastecimento de frotas de ônibus em praças como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e Belém.

A BR Distribuidora, braço da Petrobras responsável pela rede de postos de serviço da bandeira BR, informa que divulgará até o fim do ano a lista completa de postos que deverão comercializar os produtos.

Até dezembro, os trabalhos da empresa incluem a adequação de 23 terminais que vão distribuir o diesel S50. Tudo está dentro dos investimentos de R$ 500 milhões para cumprir demandas legais e regulatórias previstas no plano de negócios da estatal que vai de 2011 a 2015.

Adoção pelos donos de frotas deve ser lenta

Mesmo com os esforços por parte dos fornecedores em fazer com que o combustível chegue à rede de distribuição, empresas de transporte e logística desconfiam que até janeiro o novo diesel esteja amplamente disponível. Além disso, outros entraves podem dificultar a adoção do novo modelo pela iniciativa privada nos próximos anos.

"Os empresários não sabem se a rede de postos vai estar preparada para abastecer o mercado", afirma o presidente da Gafor Logística, Sérgio Maggi Júnior. Além disso, o aumento do custo dos veículos com o novo padrão (cerca de 15% mais caros), levou a empresa a adiantar a renovação da frota para este ano, ainda sem o Euro-5. O motivo é fugir da compra no próximo ano (quando todos os caminhões deverão sair de fábrica com o novo padrão).

A adoção também não será imediata na Transportadora Americana. Para Celso Luchiari, presidente, só a partir de 2013 a empresa fará compras com o Euro-5. Ele defende ainda incentivos tributários para a compra dos novos veículos - que podem ser 15% mais caros. "Os transportadores não podem arcar exclusivamente com esses custos. Ou quem pagará é o cliente". A gigante global de logística CEVA deve alcançar 70% da frota com que trabalha no Brasil só em 2015.

Além dos caminhões, ônibus deverão atender às novas normas. Para Cláudio Nelson Abreu, diretor da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros, a adoção demorará a ser efetivada. "Somente em cinco anos teremos metade da frota de ônibus de novo padrão. Em dez anos devemos atingir 100%".

 

 

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