As fabricantes chinesas se consolidam como concorrentes potenciais no segmento de caminhões no Brasil. Após a chegada de pequenos comerciais, com Chana, Jinbei, Hafei e Effa, além de pesados, por meio da Sinotruk, agora será a vez dos modelos da Foton, uma das maiores montadoras de caminhões do mundo, cujo volume de produção chegou às 700 mil unidades em 2010.

A Foton Aumark do Brasil foi criada para ser a representante oficial da empresa no mercado nacional. Para quem desconfia do potencial da marca, o ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, será um dos homens fortes da empresa, sendo seu filho, Ricardo Mendonça de Barros, nomeado como diretor comercial.

Embora já constituída, a empresa será apresentada oficialmente apenas no Salão Internacional do Transporte (Fenatran), que acontecerá em outubro, no Palácio de Exposições do Parque Anhembi, em São Paulo. A marca chinesa, nesse primeiro momento, irá oferecer os modelos 311, 614 e 917 ao mercado brasileiro, que, com capacidade que varia entre 3 e 9 t , são indicados às aplicações de distribuição de carga urbana.

No primeiro ano cheio de atividades, a empresa planeja vender cinco mil unidades. O diretor comercial, Ricardo Mendonça de Barros, salienta a diferença entre os modelos comercializados na China e no Brasil. “Solicitamos modificações mecânicas e no acabamento para atender as exigências do consumidor brasileiro", diz ele.

Essas alterações, de acordo com a empresa chinesa, estão diretamente associadas a adaptações nos sistemas de freio, direção e suspensão, além de itens de série que garantam maior conforto ao condutor, como o sistema de ar-condicionado. A parte mecânica é bem conhecida do transportador brasileiro, na medida em que os caminhões são equipados com motores dieseis Cummins 2,8 litros e 3,8 litros e câmbio ZF.

De acordo com Márcio Vita, diretor executivo da nova companhia, a Foton não é uma mera fabricante, mas sim uma montadora pura “Possuímos joint venture com a Cummins e diversos acordos com empresas de renome mundial, como Bosch, Visteon e Daimler". Certamente, não por coincidência, a argumentação para apresentação dos produtos é similar à utilizada por Sérgio Habib ao descrever os automóveis da Jac Motors.

O aporte inicial da Foton Aumark do Brasil para o primeiro ano de atividade, o que engloba importação de veículos, peças de reposição e formação de rede, gira em torno de R$ 4 milhões. O diretor comercial afirma que "pensa grande" no pós-venda, pois sabe da importância da área para o sucesso do empreendimento.

Segundo informações da empresa, a meta é abrir dez revendas no primeiro ano e chegar a oitenta até o quinto. Apesar de ainda nem iniciar comercialização, a Foton promete outras novidades no mix de produto, como a oferta de um cavalo-mecânico para o segundo semestre de 2012.

A Foton Aumark do Brasil também ficou com o encargo de prospectar local para instalação de uma futura fábrica da empresa no País, presumida para 2015. Ricardo Mendonça de Barros, entretanto, diz que o interesse do Grupo, que engloba a Autolife - empresa de blindagem e produção de carros-fortes -, além de revenda Hyundai em Belém (PA), refere-se somente a parte comercial. “Temos contrato de concessão por dez anos, renovável por mais dez", conclui.