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Revista M&T - Ed.136 - Junho 2010
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Gestão de residuos

Canteiro sustentável

Construtoras adotam estrutura racionalizada de identificação, coleta, descarte e monitoramento de resíduos produzidos em suas obras

A gestão ambiental de resíduos em canteiros é um assunto sério para as construtoras brasileiras e seus parceiros. As ações nessa área já são vistas, inclusive, como iniciativas de sustentabilidade. Para comprovar a informação, a revista M&T conversou com duas importantes empresas do setor – Odebrecht e Galvão Engenharia - visitou uma das maiores obras na área de saneamento do Brasil e ouviu empresas especialistas no recolhimento de óleo lubrificante. O resultado da reportagem mostra um cenário de controle, inclusive com grande geração de informações sobre produção e destinação dos resíduos.

É o caso da Odebrecht. A construtora tem um sistema unificado que consolida os dados de geração de resíduos de cada uma de suas obras, segundo Décio Branco de Mello Filho, engenheiro de segurança do trabalho da divisão de Apoio Funcional de Equipamentos (Afeq). O planejamento permite que a gestão se inicie antes mesmo da obra efetivamente começar, ao criar métricas de acompanhamento da produção de resíduos sólidos e de efluentes líquidos.

Para os profissionais que estão iniciando uma obra do zero, a empresa criou um procedimento que deve ser seguido na fase de projeto e que identifica e avalia os aspectos e impactos ambientais. “O mais importante, nessa etapa, é a definição das medidas preventivas e de controle para tais aspectos, juntamente com a capacitação dos integrantes do projeto”, explica Mello Filho.

No caso dos resíduos sólidos, a Odebrecht segue uma classificação padrão e divide os materiais em perigosos e não-perigosos, fazendo o acompanhamento de cada um, o que inclui a identificação do ponto de geração, quantidade produzida mensalmente, classe do resíduo, forma de acondicionamento, tipo de coleta, meio de transporte interno, área de armazenamento temporário, tipo de autorizações necessárias e agências ambientais responsáveis, meio de transporte externo, tratamento recomendado e disposição final.

Um exemplo de gestão é o que acompanha as sobras de solventes e tintas produzidas na oficina central da Odebrecht, em Guarulhos (SP). O ponto de coleta é a área de pintura, que produz cerca de 20 litros mensais desse tipo de resíduo, denominado de classe I e que é acondicionado em tam


A gestão ambiental de resíduos em canteiros é um assunto sério para as construtoras brasileiras e seus parceiros. As ações nessa área já são vistas, inclusive, como iniciativas de sustentabilidade. Para comprovar a informação, a revista M&T conversou com duas importantes empresas do setor – Odebrecht e Galvão Engenharia - visitou uma das maiores obras na área de saneamento do Brasil e ouviu empresas especialistas no recolhimento de óleo lubrificante. O resultado da reportagem mostra um cenário de controle, inclusive com grande geração de informações sobre produção e destinação dos resíduos.

É o caso da Odebrecht. A construtora tem um sistema unificado que consolida os dados de geração de resíduos de cada uma de suas obras, segundo Décio Branco de Mello Filho, engenheiro de segurança do trabalho da divisão de Apoio Funcional de Equipamentos (Afeq). O planejamento permite que a gestão se inicie antes mesmo da obra efetivamente começar, ao criar métricas de acompanhamento da produção de resíduos sólidos e de efluentes líquidos.

Para os profissionais que estão iniciando uma obra do zero, a empresa criou um procedimento que deve ser seguido na fase de projeto e que identifica e avalia os aspectos e impactos ambientais. “O mais importante, nessa etapa, é a definição das medidas preventivas e de controle para tais aspectos, juntamente com a capacitação dos integrantes do projeto”, explica Mello Filho.

No caso dos resíduos sólidos, a Odebrecht segue uma classificação padrão e divide os materiais em perigosos e não-perigosos, fazendo o acompanhamento de cada um, o que inclui a identificação do ponto de geração, quantidade produzida mensalmente, classe do resíduo, forma de acondicionamento, tipo de coleta, meio de transporte interno, área de armazenamento temporário, tipo de autorizações necessárias e agências ambientais responsáveis, meio de transporte externo, tratamento recomendado e disposição final.

Um exemplo de gestão é o que acompanha as sobras de solventes e tintas produzidas na oficina central da Odebrecht, em Guarulhos (SP). O ponto de coleta é a área de pintura, que produz cerca de 20 litros mensais desse tipo de resíduo, denominado de classe I e que é acondicionado em tambores metálicos. A coleta manual, utilizando um carrinho, destina os tambores ao depósito de combustíveis e lubrificantes, o local temporário de alocação do material. O tratamento específico dos resíduos é a reciclagem, feita por uma empresa externa, que vai recolher os tambores e carregá-los com uso de um caminhão.O processo deve ser acompanhado do Cadri (Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental), documento que formaliza a coleta.

A brita e a terra contaminada com óleo, também classificados com resíduos sólidos perigosos, têm um controle parecido, inclusive com acondicionamento em tambores metálicos, mas com ponto de coleta diferenciado – o pátio de equipamentos. As empilhadeiras fazem o recolhimento dos materiais, destinando tanto a brita como a terra para o depósito temporário de resíduos, de onde serão retiradas somente pela empresa autorizada, que fará a incineração do material, usando caminhões para o transporte externo e a documentação correta, que nesse caso também é o Cadri.

A mesma dinâmica usada para o controle da produção e destinação de tintas, solventes, brita e terra repete-se para outros resíduos e contempla desde o descarte de cartuchos de tintas de impressoras da área administrativa do canteiro até itens muito específicos como sucata de metal nobre ou discos de corte ou desbaste, geralmente presentes em oficinas mais estruturadas.

Materiais Líquidos
No caso de efluentes líquidos, um rigor similar acompanha o dia a dia dos canteiros. O gerenciamento, nesse caso, é dividido em três etapas: identificação e/ou caracterização do efluente, sistema de tratamento e o monitoramento e medição. A primeira delas identifica onde está sendo gerado o efluente e que atividade ou processo é o gerador. O tipo de efluente (doméstico ou industrial) e sua vazão, assim como a caracterização, também devem ser definidos nessa fase.

Na etapa de tratamento, a gestão da Odebrecht estabelece qual processo deve ser aplicado e qual a capacidade instalada (m³/dia) do sistema para que seja aferida a porcentagem de remoção de carga poluidora. Nesse caso, os responsáveis devem identificar se há a produção de resíduos sólidos no processo de tratamento de efluentes líquidos. Caso isso aconteça, o gerenciamento deve prever o tratamento e a disposição final do material e se ele terá armazenamento temporário ou tratamento externo. Como se trata de uma etapa sensível, a freqüência de manutenção do sistema de tratamento dos efluentes deve ser devidamente acompanhada.

As atividades de monitoramento e medição fecham a gestão dos efluentes líquidos. Elas prevêem a avaliação da referência legal para disposição do efluente, a escolha de uma empresa coletora, que é classificada pelos órgãos de controle ambiental e por agências reguladoras, e ainda a documentação legal que autorize o processo.

No caso da oficina central da Odebrecht, um exemplo prático é a manutenção de radiadores de máquinas e equipamentos, que gera um líquido de arrefecimento (caso particular), cujo destino inicial é o acondicionamento e realização de análise para determinar as condições do fluido, assim como contaminantes e partículas de desgaste oriundas das superfícies internas do sistema de arrefecimento. Após análise, dependendo do resultado, o fluido é destinado à empresa recicladora ou caixa de separação de água e óleo. A empresa terceira responsável pela coleta do material, a Lwart, também responde pelas análises que indicam a eficiência do processo, validada na forma de um laudo. A cada seis meses, a própria Odebrecht realiza a manutenção da caixa de separação. O material recolhido, no caso o óleo lubrificante usado, segue para a área da coletora.

Mello Filho destaca que esse processo de gerenciamento foi refinado ao longo dos anos, resultando na padronização das ações. Um exemplo é o já citado recolhimento de óleo lubrificante, realizado pela Lwart e por outras empresas. Assim como faz na oficina central da construtora, a coletora executa o mesmo procedimento em canteiros distantes, como é o caso das obras de duas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), no norte do Rio de Janeiro, na fronteira com o Espírito Santo.

Ações distintas nos canteiros
O engenheiro lembra que alguns fatores como a complexidade da obra é que diferenciam a coleta. Já  a freqüência de destinação é um fator que depende do tipo de resíduo. No caso de orgânicos e recicláveis, a destinação é praticamente diária ou semanal. Já os resíduos contaminados (trapos, latas de tinta, brita ou terra contaminada com óleo) são armazenados em tambores de 200 litros no pátio de gerenciamento de resíduos.

Embora distintas em cada canteiro, as ações de descarte são controladas mensalmente pela área corporativa da Odebrecht, por meio de planilhas eletrônicas, avaliadas pelo responsável da área ambiental e de segurança. Outro documento registra o índice que mede os indicadores sócio-ambientais, parâmetro claro e rápido de aferição se a obra está dentro dos padrões que a Odebrecht estabelece.

Processo Padronizado
A Galvão Engenharia também tem um sistema de gestão ambiental inserido num amplo programa de sustentabilidade, área ligada diretamente à presidência da empresa. Érica Farias, Coordenadora de SSMQ da unidade de mercado privado e energia, destaca que os procedimentos da empresa fazem parte de um Sistema de Gestão Integrado e certificado conforme as normas ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001. Um deles foca o gerenciamento de resíduos (PGR), por meio de um mapa de identificação, controle, coleta, classificação e destinação dentro dos canteiros.

Na Galvão, cada obra tem um sistema de gestão de resíduos, incluindo desde a coleta seletiva, até a construção de áreas adequadas para armazenamento de produtos químicos e materiais contaminados. Além da disposição, a empresa se encarrega de mapear parceiros que fazem o tratamento e a reciclagem dos materiais produzidos em campo, que são acondicionados temporariamente até o descarte final.

A obra de expansão da estação de tratamento de água (ETA) de Taiaçupeba, em São Paulo, é um exemplo do nível de detalhe do gerenciamento de resíduos feito pela empresa. Há uma classificação do tipo de material, sua classe, ponto de geração, tipo de coleta, forma de acondicionamento, transporte interno, armazenamento, transporte externo e disposição final. Os dados são similares aos utilizados pela Odebrecht e os cuidados também são idênticos, o que confirma uma padronização de controle entre as grandes construtoras.

Caso de Sucesso
Por estar muito próximo à oficina central de manutenção de equipamentos da Galvão, que fica em Arujá, o canteiro da ETA de Taiaçupeba tem uma gestão de resíduos diferenciada. A maioria dos equipamentos e máquinas passa por manutenção na oficina.

Dessa forma, o óleo lubrificante usado é oriundo de situações de emergência ou de manutenção ou ainda da coleta em geradores, compressores ou em motores de máquinas que não são deslocadas do canteiro. Considerado um resíduo de Classe I, ou seja, perigoso, ele é recolhido de forma manual e acondicionado em tambores, galões ou bombonas. O transporte interno é feito por veículos, que movimentam os dispositivos para a área de armazenamento temporário de resíduos dentro do canteiro. A disposição final é o co-processamento, atividade realizada por uma empresa terceirizada, utilizando caminhões apropriados para a movimentação externa.

A gestão dos resíduos de madeira é outro exemplo bem sucedido de controle em canteiro. Coletados nas frentes de serviço e nas carpintarias, os resíduos têm uma baia especial de armazenamento temporário no canteiro, de onde podem ser retiradas para reuso na obra. Cerca de 30% das formas utilizadas na ampliação da ETA são de madeira, o que criou um alto índice de reaproveitamento desse material. Somente as peças sem mais condições de uso é que são descartadas definitivamente ou direcionadas para doação, fechando um ciclo de gerenciamento de resíduos.

Aliás, os materiais recicláveis ganham destaque em termos de gestão. É o caso de lâmpadas fluorescentes, acondicionadas em tambores coletores na área de armazenamento temporário de resíduos, de onde serão recolhidos por uma empresa especializada na sua descontaminação e reciclagem. É um tratamento diferenciado dos materiais contaminados como a estopa usada na manutenção de equipamentos, direcionados para co-processamento ou para aterros industriais de Classe I.

Conjunto de ações
Embora seja um canteiro diferenciado pela proximidade com a oficina central da Galvão, a obra da ETA obedece aos mesmos procedimentos internos estabelecidos pela construtora em todos suas obras, segundo Aline Ravagnani, gestora de SSMQ da obra. Um exemplo é a presença de kits emergenciais, que podem minimizar qualquer incidente em campo, e que são dispostos em áreas críticas da obra ou mesmo na cabine de alguns dos caminhões que transitam no canteiro. O chamado kit canteiro possui bandeja, espuma e pó de serra, sempre disponibilizados nas obras. No caso de oficinas, a estrutura é mais ampla e inclui separador de água e óleo. O procedimento padrão também pode ser observado na área de contenção em volta do reservatório de aditivos especiais para concreto.

Além de sistemas de contenção, a própria evolução dos equipamentos contribui para o gerenciamento eficaz de resíduos. O superintendente de logística internacional da Galvão Engenharia, Silvimar Fernandes Reis, lembra que a gestão de lubrificantes, por exemplo, é uma conseqüência de várias etapas, que incluem desde a aquisição de equipamentos, hoje fabricados com mais módulos e menos peças individuais e por isso reduzem ações de manutenção e de descarte de lubrificante, até processos de manutenção em oficinas estruturadas para descarte correto.

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