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Revista M&T - Ed.216 - Setembro 2017
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Coluna do Yoshio

Casualidades à brasileira

As persistentes notícias sobre a política e os demais acontecimentos relacionados ao governo acentuam uma sensação de impotência na população, que segue perplexa diante de uma estrutura profundamente comprometida. Afinal, não há como manter um otimismo inabalável, mesmo que a pessoa já tenha vivido experiências suficientemente variadas para perceber que a realidade nunca está próxima ao ideal.

Mas como sempre há alternativas na vida, podemos escolher a que melhor atenda aos nossos anseios ou menos incite a nossa ansiedade e angústia. Uma delas é alienar-se dos fatos que não conduzem a qualquer conclusão ou sequência lógica de previsão. Literalmente, pode-se adotar a “indiferença relativa” como forma de preservação da estabilidade emocional diante da confusão de fatos e teorias conspiratórias. Em geral, distanciar-se das redes sociais e dos comentários de menor credibilidade da Internet pode auxiliar na retomada do foco das atividades e no direcionamento de projetos importantes nos âmbitos pessoal e profissional.

Mas há ainda outro ponto. Ao final de uma conversa um cliente perguntou-me como reduzir a angústia com tudo o que se passa ao nosso redor, tanto na economia como na vida pessoal. Respondi-lhe que, após tantas crises vividas e tantas opiniões fatalistas ouvidas, aprendi que sempre há uma esperança, por pior que estejam nossas perspectivas. E que essa esperança é o acaso.

Um bom exemplo é a origem dos presidentes no Brasil. Disruptura pode ser um vocábulo relativamente novo, mas é preciso admitir que as situações que configuram uma quebra de continuidade realmente são abundantes na nossa História política. Desde que Jânio Quadros foi eleito, a casualidade é o principal vetor no surgimento de líderes no país. Basta perguntar-se se Sarney seria presidente sem a morte de Tancredo. Ou se Temer chegaria lá sem o afastamento da Dilma. Ou se ela seria presidente sem Lula e sem a prisão de José Dirceu. Sem falar de Lula, cuja eleição já nem ele mesmo acreditava. E FHC, sem o Plano Real, seria eleito? De Itamar, nem é preciso perguntar... Como se ve, são muitos os exemplos. Contudo, Collor foi o modelo mais bem acabado da casualidade à brasileira.

Em todos estes casos, se a História seguisse uma rota lógic


As persistentes notícias sobre a política e os demais acontecimentos relacionados ao governo acentuam uma sensação de impotência na população, que segue perplexa diante de uma estrutura profundamente comprometida. Afinal, não há como manter um otimismo inabalável, mesmo que a pessoa já tenha vivido experiências suficientemente variadas para perceber que a realidade nunca está próxima ao ideal.

Mas como sempre há alternativas na vida, podemos escolher a que melhor atenda aos nossos anseios ou menos incite a nossa ansiedade e angústia. Uma delas é alienar-se dos fatos que não conduzem a qualquer conclusão ou sequência lógica de previsão. Literalmente, pode-se adotar a “indiferença relativa” como forma de preservação da estabilidade emocional diante da confusão de fatos e teorias conspiratórias. Em geral, distanciar-se das redes sociais e dos comentários de menor credibilidade da Internet pode auxiliar na retomada do foco das atividades e no direcionamento de projetos importantes nos âmbitos pessoal e profissional.

Mas há ainda outro ponto. Ao final de uma conversa um cliente perguntou-me como reduzir a angústia com tudo o que se passa ao nosso redor, tanto na economia como na vida pessoal. Respondi-lhe que, após tantas crises vividas e tantas opiniões fatalistas ouvidas, aprendi que sempre há uma esperança, por pior que estejam nossas perspectivas. E que essa esperança é o acaso.

Um bom exemplo é a origem dos presidentes no Brasil. Disruptura pode ser um vocábulo relativamente novo, mas é preciso admitir que as situações que configuram uma quebra de continuidade realmente são abundantes na nossa História política. Desde que Jânio Quadros foi eleito, a casualidade é o principal vetor no surgimento de líderes no país. Basta perguntar-se se Sarney seria presidente sem a morte de Tancredo. Ou se Temer chegaria lá sem o afastamento da Dilma. Ou se ela seria presidente sem Lula e sem a prisão de José Dirceu. Sem falar de Lula, cuja eleição já nem ele mesmo acreditava. E FHC, sem o Plano Real, seria eleito? De Itamar, nem é preciso perguntar... Como se ve, são muitos os exemplos. Contudo, Collor foi o modelo mais bem acabado da casualidade à brasileira.

Em todos estes casos, se a História seguisse uma rota lógica, na linha do idealismo hegeliano, nenhum destes presidentes teria existido. E se tal casualidade funciona para o cargo mais importante do país, ela também poderá sacar de alguma cartola o novíssimo fruto da serendipidade brasileira, apresentando-nos uma solução inesperada. Assim, desgastar-se com exercícios de previsão dos acontecimentos pouco serve para amenizar nossa angústia. Mais vale manter a esperança de que algo acontecerá subitamente, quando enfim estaremos diante de uma solução até então inaudita para os nosso problemas.

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