P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR
Revista M&T - Ed.216 - Setembro 2017
Voltar
Cenário

Na trilha certa

Mesmo sem expectativas de um salto iminente e acossada por persistentes reviravoltas políticas, a economia brasileira vem mostrando sinais de melhoria gradual

Os problemas políticos são os principais entraves que impedem a retomada do crescimento econômico do Brasil. Essa foi uma das conclusões apresentadas pela comentarista de política Cristiana Lôbo durante o Fórum Infraestrutura – O Papel da Infraestrutura na Retomada do Crescimento do Brasil, uma iniciativa da revista Grandes Construções, com a organização da Sobratema e apoio de mídia da revista M&T. “O Brasil está no meio de um processo em que existe uma completa falta de liderança politica”, comentou a jornalista.

Segundo ela, é fundamental avançar na reforma política, mas por uma via diferente da que atualmente vem sendo defendida pelos congressistas. “Acredito que a situação política no Brasil entrará no eixo a partir de 2022, mas, para isso, é preciso se tornar atrativa para as pessoas mais novas”, afirmou Cristiana Lôbo no evento realizado no início de agosto em São Paulo. “Não significa que teremos uma crise atrás da outra, no entanto, não consigo identificar que tipo de liderança irá se firmar em 2018.”

CICLOS

O fato é que, mesmo neste cenário sem expectativas de uma reviravolta imediata, a economia vem mostrando sinais de melhoria gradual. “Começamos a ter um respiro na crise econômica, que está caminhando na trilha certa para acabar”, comentou. “Ao menos na economia já é possível enxergar inflação e juros mais baixos, ao contrário do ambiente político.”

Segundo o economista Ricardo Amorim, o momento em que o Brasil se encontra é claramente de retomada, tendo já superado o “nível zero” de crescimento. A economia, disse ele, já começa a mostrar sinais de recuperação, com o PIB registrando crescimento de 1% no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior. “É um ligeiro crescimento, mas se tivéssemos esse aumento de 1% em todos os trimestres, poderíamos registrar um PIB de 4% ao ano”, ressaltou.

Para o especialista, com a redução da taxa de juros e, consequentemente, o retorno do crédito, ao menos três setores serão beneficiados e poderão assim voltar a crescer: automotivo, imobiliário e máquinas e equipamentos. “Quem mais depende de confiança e crédito para vender são aqueles que comercializam produtos mais caros”, comentou Amorim.


Os problemas políticos são os principais entraves que impedem a retomada do crescimento econômico do Brasil. Essa foi uma das conclusões apresentadas pela comentarista de política Cristiana Lôbo durante o Fórum Infraestrutura – O Papel da Infraestrutura na Retomada do Crescimento do Brasil, uma iniciativa da revista Grandes Construções, com a organização da Sobratema e apoio de mídia da revista M&T. “O Brasil está no meio de um processo em que existe uma completa falta de liderança politica”, comentou a jornalista.

Segundo ela, é fundamental avançar na reforma política, mas por uma via diferente da que atualmente vem sendo defendida pelos congressistas. “Acredito que a situação política no Brasil entrará no eixo a partir de 2022, mas, para isso, é preciso se tornar atrativa para as pessoas mais novas”, afirmou Cristiana Lôbo no evento realizado no início de agosto em São Paulo. “Não significa que teremos uma crise atrás da outra, no entanto, não consigo identificar que tipo de liderança irá se firmar em 2018.”

CICLOS

O fato é que, mesmo neste cenário sem expectativas de uma reviravolta imediata, a economia vem mostrando sinais de melhoria gradual. “Começamos a ter um respiro na crise econômica, que está caminhando na trilha certa para acabar”, comentou. “Ao menos na economia já é possível enxergar inflação e juros mais baixos, ao contrário do ambiente político.”

Segundo o economista Ricardo Amorim, o momento em que o Brasil se encontra é claramente de retomada, tendo já superado o “nível zero” de crescimento. A economia, disse ele, já começa a mostrar sinais de recuperação, com o PIB registrando crescimento de 1% no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior. “É um ligeiro crescimento, mas se tivéssemos esse aumento de 1% em todos os trimestres, poderíamos registrar um PIB de 4% ao ano”, ressaltou.

Para o especialista, com a redução da taxa de juros e, consequentemente, o retorno do crédito, ao menos três setores serão beneficiados e poderão assim voltar a crescer: automotivo, imobiliário e máquinas e equipamentos. “Quem mais depende de confiança e crédito para vender são aqueles que comercializam produtos mais caros”, comentou Amorim. “Afinal, a reviravolta na economia começa pelos setores de bens não duráveis, pois dependem menos de confiança e de menor renda para aquisição, passando depois para os semiduráveis, os duráveis e, por fim, a indústria mais pesada.”

Todavia, tanto a jornalista quanto o economista reiteram que o déficit fiscal continua sendo um sério obstáculo para o desenvolvimento do país. Para eles, o impasse nas mudanças na previdência constitui um dos maiores entraves para a solução da questão fiscal. “Caso as reformas não sejam realizadas total ou parcialmente, esses fatores continuarão como pontos críticos para o futuro do país”, apontou Cristiana Lôbo.

Para Amorim, apesar dos problemas econômicos o Brasil mantém-se atrativo às empresas internacionais, justificando o investimento estrangeiro no país. “Com as políticas centralizadoras dos Estados Unidos, a China, por exemplo, vem retirando seus aportes no tesouro norte-americano e entrando de forma assertiva no leilão de infraestrutura de energia no Brasil”, ilustrou.

DICOTOMIA

Para o economista, é impossível separar a política da economia. Segundo ele, ao longo da história tem ocorrido uma transição política toda vez que o país passa por uma depressão econômica. “Esse cenário pode ser visto desde a época da depressão de 1929, que logo em seguida resultou na ditadura de Vargas, até o PIB despencar outra vez, voltando ao regime democrático”, comentou. “E essa situação é sucessiva, como pudemos verificar com o impeachment de Collor e, mais recentemente, o da Dilma.”

Além disso, o economista lembrou que há um padrão histórico de crescimento registrado imediatamente ao fim de cada crise, que gira em torno de 7%. “Estamos caminhando para esse padrão, poderíamos chegar até 5% ainda neste ano, se não tivéssemos mais nenhuma surpresa no campo político”, afirmou.

Ainda segundo ele, no início do ano a tendência de recuperação era mais clara, mas as expectativas diminuíram um pouco a partir das novas denúncias de corrupção, levando o país, novamente, para um cenário de dúvidas. “Entretanto, aos poucos os indicadores econômicos se estabilizaram, apontando para certo descolamento da economia em relação à política”, completou.

Seja como for, a política continua sendo um impasse para o desenvolvimento econômico, como destacou Cristiana Lôbo, afirmando que “a falta de marcos regulatórios e de segurança jurídica – capazes de atrair investimentos em infraestrutura, que envolvem grandes volumes de recursos e prazos demorados de retorno – contribuem para esse entrave no processo”.

Além disso, como explicou Amorim, “a morosidade na regulamentação dos programas de concessões dificulta a entrada de empresas, principalmente as estrangeiras, nos processos de licitações”.

INFRAESTRUTURA

Outro destaque recente da economia brasileira foram os bons resultados do agronegócio, que, não obstante, trazem necessidade de novos investimentos em infraestrutura, principalmente de logística e transporte, para atender a um segmento que necessita de meios de escoamento de seus produtos.

Como ressaltou Amorim, o país conta com uma expressiva produção agrícola e enorme potencial na área, sendo que 40% da área disponível na fronteira agrícola não plantada no mundo estão localizados aqui, além de contar com 20% das fontes mundiais de água doce.

Segundo o economista, a demanda global por alimentos vem crescendo, especialmente com o avanço do poder aquisitivo de países como a China e a Índia. “Com isso, nos últimos 15 anos a procura por alimentos explodiu, fazendo com que o superávit do agro brasileiro se multiplicasse por dez”, disse ele. “O resultado foi o crescimento das cidades do interior do país e uma maior necessidade por infraestrutura.”

Além do desenvolvimento do agro, Amorim frisou que esse ressurgimento das cidades do interior brasileiro, especialmente com o maior nível de empregos registrado, também está acontecendo com o ressurgimento de atividades antes estagnadas devido à crise.

Segundo ele, cidades como Franca (SP), um tradicional polo do setor calçadista, têm registrado as maiores taxas de geração de empregos no país. Outros municípios, como Joinville (SC) e Caxias do Sul (RS), também movimentam o mercado de trabalho com atividades crescentes em segmentos como o de autopeças e o metalomecânico. “Estamos vivendo um novo ciclo, diferente do anterior, que tinha foco somente no consumo. Aprendemos que um país não pode sobreviver consumindo mais do que produz”, arrematou.

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

P U B L I C I D A D E