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Revista M&T - Ed.213 - Junho 2017
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Agrishow 2017

Âncora verde

Registrando aumento de 13% nas vendas, a 24ª edição da Agrishow contou com a participação das principais fabricantes de máquinas do país, inclusive da Linha Amarela
Por Melina Fogaça

Em um cenário de terra arrasada na economia, o setor do agronegócio é um ponto fora da curva. Com a anunciada supersafra 2016/2017, que deve colher cerca de 230 milhões de toneladas de grãos, as fabricantes de equipamentos investem pesado em tecnologias para acompanhar o desenvolvimento da agricultura de precisão no país, tendo como drivers o aumento da produtividade e a redução da emissão de poluentes.

Isso ficou claro na 24ª edição da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), realizada em maio em Ribeirão Preto (SP) e que registrou um aumento de 13% nos negócios, chegando a 2,2 bilhões de reais. O evento contou com a presença de 159 mil visitantes, ante o público de 152 mil pessoas recebidas na edição anterior, em uma elevação de 4,6% neste quesito.

E tamanho sucesso tem seus motivos. Segundo João Carlos Marchesan, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), nos últimos 10 anos o agronegócio brasileiro tem sido responsável por um superávit na balança comercial de mais de 700 bilhões de dólares. “O PIB brasileiro registrou inúmeras baixas nos últimos anos, chegando a uma queda acumulada em torno de 14%”, comentou. “E esse número seria maior, não fossem os bons resultados do agronegócio, que hoje representa 23% do PIB brasileiro. Em 2016, o crescimento do PIB do agronegócio foi de 4,5% e, neste ano, provavelmente, seguirá nessa faixa.”

ENVERGADURA

Para as fabricantes de equipamentos, evidentemente, o agronegócio é cada vez mais representativo. De acordo com o presidente mundial da New Holland Agriculture, Carlo Lambro, o grupo CNH Industrial – ao qual a marca pertence – obteve em 2016 um faturamento global de 25 bilhões de dólares, sendo que 60% desse resultado foram trazidos pelo setor agrícola. “Ou seja, algo como 15 bilhões de dólares vieram do agronegócio”, disse o executivo.

Uma das regiões de maior envergadura no segmento, o estado de São Paulo registrou no último ano um aumento de 7,4% no PIB do agronegócio, para algo em torno de R$ 276 bilhões de reais, o que já representa 13,8% do PIB total do estado e 18,7% do PIB do agronegócio brasileiro, segundo dados do Departamento do Ag


Em um cenário de terra arrasada na economia, o setor do agronegócio é um ponto fora da curva. Com a anunciada supersafra 2016/2017, que deve colher cerca de 230 milhões de toneladas de grãos, as fabricantes de equipamentos investem pesado em tecnologias para acompanhar o desenvolvimento da agricultura de precisão no país, tendo como drivers o aumento da produtividade e a redução da emissão de poluentes.

Isso ficou claro na 24ª edição da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), realizada em maio em Ribeirão Preto (SP) e que registrou um aumento de 13% nos negócios, chegando a 2,2 bilhões de reais. O evento contou com a presença de 159 mil visitantes, ante o público de 152 mil pessoas recebidas na edição anterior, em uma elevação de 4,6% neste quesito.

E tamanho sucesso tem seus motivos. Segundo João Carlos Marchesan, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), nos últimos 10 anos o agronegócio brasileiro tem sido responsável por um superávit na balança comercial de mais de 700 bilhões de dólares. “O PIB brasileiro registrou inúmeras baixas nos últimos anos, chegando a uma queda acumulada em torno de 14%”, comentou. “E esse número seria maior, não fossem os bons resultados do agronegócio, que hoje representa 23% do PIB brasileiro. Em 2016, o crescimento do PIB do agronegócio foi de 4,5% e, neste ano, provavelmente, seguirá nessa faixa.”

ENVERGADURA

Para as fabricantes de equipamentos, evidentemente, o agronegócio é cada vez mais representativo. De acordo com o presidente mundial da New Holland Agriculture, Carlo Lambro, o grupo CNH Industrial – ao qual a marca pertence – obteve em 2016 um faturamento global de 25 bilhões de dólares, sendo que 60% desse resultado foram trazidos pelo setor agrícola. “Ou seja, algo como 15 bilhões de dólares vieram do agronegócio”, disse o executivo.

Uma das regiões de maior envergadura no segmento, o estado de São Paulo registrou no último ano um aumento de 7,4% no PIB do agronegócio, para algo em torno de R$ 276 bilhões de reais, o que já representa 13,8% do PIB total do estado e 18,7% do PIB do agronegócio brasileiro, segundo dados do Departamento do Agronegócio da Fiesp (Deagro), em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP).

Para estimular ainda mais o setor, o governo paulista assinou decretos para abertura de crédito aos programas Pró-Trator e Pró-Implementos (que possibilitam que o produtor rural financie tratores e implementos novos a juro zero), no valor de 137 milhões de reais, via Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP). O governo estabeleceu ainda um regime especial para a devolução de ICMS retido para as indústrias de máquinas e implementos, no valor de 30 milhões de reais. “Tanto pessoas físicas quanto empresas rurais têm a ampliação da utilização do crédito de ICMS para as compras de caminhões, furgões e carrocerias”, afirmou Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, na abertura da Agrishow.

Ainda em discussão, os valores para o Plano Safra 2017/2018 devem, segundo o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, superar 200 bilhões de reais, como já ocorreu na safra anterior. “Também precisamos de taxas de juros que não travem o crescimento do setor”, disse Maggi. “O produtor rural não suporta mais 5% de juros ao ano.”

O ministro também defendeu o apoio à agricultura familiar, facilitando igualmente o acesso desses produtores às novas tecnologias. Na mesma linha, o presidente da Câmara Setorial de Máquinas da Abimaq, Pedro Estevão, ressaltou que a participação do pequeno agricultor na compra de maquinários agrícolas já é representativa, mas pode crescer. “Segundo dados do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), e considerando a linha de financiamento que vai para o pequeno agricultor, as vendas de maquinário agrícola giram em torno de 15% a 20% para este nicho”, destacou.

CONECTIVIDADE

À parte as considerações econômicas, os principais destaques da feira recaíram sobre as tecnologias relacionadas à conectividade, apresentada pelos fabricantes como um elemento crucial para o aumento da produtividade no campo.

De acordo com Rodrigo Bonato, diretor de vendas da John Deere Brasil atualmente, a atividade é marcada por recursos de precisão e gerenciamento remoto, desde o planejamento à colheita, com tecnologias e serviços que chegam aos produtores independentemente do tamanho da propriedade e do segmento de atuação.

Investindo massivamente nessa tendência, a John Deere inaugurou em março seu novo Centro de Agricultura de Precisão e Inovação, instalado no complexo da empresa em Campinas (SP). “Nesse centro, contamos com mais de 90 engenheiros desenvolvendo tecnologias para o Brasil”, disse Bonato. “O enfoque é a conectividade, não somente entre o operador e a máquina, mas ainda entre a máquina e o produtor.”

Nesse sentido, uma das apostas da marca é o sistema JDLink, uma solução de telemática para gerenciamento e diagnóstico remoto cuja presença vem crescendo no país. “A agricultura brasileira tem peculiaridades tropicais que demandam soluções específicas para a região, principalmente em relação à agricultura de precisão”, disse.

Na Case IH, a grande vedete foi o trator autônomo que, segundo Mirco Romagnoli, vice-presidente da Case IH para a América Latina, “representa a evolução da agricultura de precisão” (confira reportagem a partir da pág. 20). Sem cabine e com interface interativa, o trator permite o monitoramento remoto das operações pré-programadas, por meio de tablet ou computador. “Não se trata de um conceito, nem uma ação de marketing, mas sim um projeto”, complementou Christian Gonzalez, diretor de marketing da Case IH para a América Latina.

DEDICADOS

Com a entrada em vigor da primeira fase da nova legislação para máquinas agrícolas (MAR-I), as fabricantes renovaram o portfólio baseados na nova exigência. Durante a Agrishow, foi possível conferir essa evolução nos estandes de empresas como a CNHi, que apresentou modelos de tratores e colheitadeiras já homologados.

A Case IH, por exemplo, levou sua nova colheitadeira de grãos da Série 230 Extreme Axial-Flow, equipada com motores FPT Industrial Cursor 10 e Cursor 13, que traz novo rotor e promete aumento de 5% na produtividade, como garantiu Gonzalez. “A nova linha teve a capacidade de armazenamento do tanque de grãos ampliada em até 17%, com velocidade de descarga de 159 l/s, resultando em um aumento de 41%”, disse.

A fabricante também fez um lançamento exclusivo para o setor canavieiro com a nova versão de colhedora de cana das Séries A8000 e A8800, que agora conta com a função AutoTurn, um sistema automático de acionamento e desligamento das funções de colheita que contribui para a redução do consumo e desgaste dos componentes.

Com a safra recorde de soja, as fabricantes também mostraram maquinários de grande porte para esta atividade. Como a New Holland Agriculture, que exibiu a colheitadeira CR10.90, uma máquina equipada com motor FPT cursor 16 com potência nominal de 598 cv e máxima de 652 cv, além de tanque graneleiro de 14.500 l e taxa de descarga de 142 l/s, com piloto automático de fábrica. “Essa máquina conta com tecnologia exclusiva de duplo rotor”, comentou Eduardo Kerbauy, diretor de marketing da New Holland Agriculture para a América Latina. “Os dois rotores e os côncavos de grandes dimensões realizam uma fricção suave em toda a sua extensão, grão a grão, o que contribui para uma elevada capacidade de debulha e separação.”

Pertencentes ao Grupo AGCO, a Massey Ferguson e a Valtra apostaram no lançamento de novos tratores. A Valtra apresentou a Série T CVT, que integra a linha Premium da marca para o setor canavieiro. A linha inclui quatro modelos automáticos de diferentes potências: T195 CVT (195 cv), T210 CVT (210 cv), T230 CVT (230 cv) e T250 CVT (250 cv), este último vencedor do prêmio “Trator do Ano 2017”, na categoria acima de 200 cv, anunciado durante a Agrishow. “Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no 1º trimestre a venda de tratores no Brasil cresceu em torno de 50%, em comparação com o mesmo período de 2016, passando de 5.266 para 7.919 unidades”, ressaltou Paulo Beraldi, diretor comercial da empresa. “Nesse período, a Valtra registrou um market share em tratores de 20%.”

Ainda na linha de tratores mais robustos, a Massey Ferguson divulgou quatro novas máquinas, incluindo o MF 6700 cabinado, o MF 7200, o MF 7700 Dyna-6 e o MF 8700 Dyna-VT, todos com motores que atendem à nova legislação ambiental. “A AGCO investiu 35 milhões de reais na implementação do primeiro laboratório de controle de emissões, localizado na unidade de Mogi das Cruzes”, destacou Rodrigo Junqueira, diretor comercial da Massey Ferguson Brasil.

LINHA AMARELA

Com o mercado de construção ainda estagnado, as fabricantes de equipamentos de Linha Amarela estão apostando em novidades voltadas para o agronegócio. Segundo dados da Abimaq, a representatividade do setor agrícola no total de comercialização de vendas de máquinas da Linha Amarela vem aumentando ao longo dos anos.

Em 2016, por exemplo, o percentual de escavadeiras hidráulicas vendidas para o segmento foi de 14%, que no comparativo com os anos anteriores representou um significativo aumento. Em 2015, o percentual era de 8% e, em 2014, apenas 5%.

Nesse cenário favorável, a fabricante inglesa JCB lançou durante a Agrishow as novas escavadeiras JS210, JS220LC e JS235LC, como parte de um investimento de R$ 50 milhões da empresa no país. De acordo com José Luis Gonçalves, presidente da JCB Latam, com os novos produtos a empresa reforça a presença no Brasil. “Hoje, cerca de 1/3 das nossas vendas globais se destinam ao setor agrícola”, contou. “Queremos atingir a mesma meta no Brasil e estamos caminhando para chegar a esse objetivo.”

Os novos modelos, como destacou Alisson Brandes, diretor de vendas e marketing da JCB do Brasil, apresentam sistema hidráulico regenerativo, que garante ciclos mais rápidos com baixo consumo de combustível, além de saírem de fábrica com o sistema de telemetria LiveLink. “Com esse sistema, somos capazes de monitorar toda atividade da máquina por meio de localização geográfica em tempo real, permitindo o bloqueio à distância, gestão de custos operacionais e alerta de possíveis falhas”, complementou.

Também de olho no setor agrícola, a Caterpillar – juntamente com sua distribuidora Sotreq – levou à Agrishow a pá carregadeira de rodas 938K SugarCane Handler, com aplicação exclusiva no setor sucroalcooleiro, onde é utilizada desde a preparação do solo, passando pela construção de curvas de nível até o carregamento de bagaço de cana. “A agricultura vem crescendo e precisamos fazer parte dela”, disse Odair Renosto, presidente da Caterpillar no Brasil, comentando ainda que toda a linha de equipamentos fabricados no país já é habilitada ao Finame Agrícola. “No mercado de máquinas rodoviárias, 25% dos equipamentos são vendidos para o setor agrícola.”

Também voltada para a agricultura canavieira, a John Deere levou ao evento a pá carregadeira de rodas 624K-II, versão para bagaço de cana. Esta máquina, como ressaltou Roberto Marques, diretor de vendas da divisão de Construção & Florestal da John Deere Brasil, conta com eixo traseiro reforçado e caçamba de 5,4 m³, adequada para a densidade do material movimentado nesta operação. “A versão K-II oferece redução de consumo de combustível de até 10% e ciclos de produção 5% mais rápidos”, posicionou Marques, para quem a mecanização do setor de agricultura, também na parte de equipamentos de apoio, vem contribuindo para o crescimento da participação da Linha Amarela no campo.

Pensando nesse fator, a New Holland Construction mostrou as recém-lançadas escavadeiras da Série EVO, incluindo o modelo E145C EVO (de 13 t) e E215C EVO (21 t), apresentadas oficialmente ao mercado em abril, como M&T registrou na edição anterior. De acordo com Paula Araújo, gerente de marketing da New Holland Construction para a América Latina, as máquinas podem ser adquiridas pelas principais linhas de financiamento do BNDES, como Finame, Finame Agrícola e Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp). “O agronegócio tem uma demanda crescente por máquinas de construção, auxiliando no escoamento dos produtos do campo, além de economizar tempo e aumentar a produção”, relatou.

Outro nicho de mercado que vem ganhando espaço também no agronegócio é o de máquinas compactas. A Case CE, por exemplo, apostou na versão compacta da retroescavadeira 580N.

De fabricação nacional, a solução promete eficiência para trabalhar inclusive como pá carregadeira, pois há um contrapeso no lugar do conjunto traseiro. “Mais veloz, a máquina também se desloca com maior estabilidade e é mais fácil de manobrar, pois seu comprimento é menor”, pontuou Carlos França, gerente de marketing da marca. “No agronegócio, as principais aplicações deste produto estão no confinamento de gado e no movimento de insumos agrícolas, fertilizantes e outros materiais.”

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