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Revista M&T - Ed.208 - Dez/Jan 2017
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Estudo de Mercado

Chegamos ao fundo?

Com a demanda de equipamentos retrocedendo em quase uma década, o ano de 2016 acabou marcado por expectativas frustradas, mas a boa notícia é que a curva pode finalmente se inverter
Por Brian Nicholson

O Brasil quer sair da crise. Isso não será fácil, como veremos neste estudo, mas pode já estar começando. Antes de qualquer análise, contudo, é importante contextualizar e relembrar a sucessão de eventos político-econômicos e judiciários que chacoalharam o país nos últimos anos. Até atingir um ápice. Nos últimos meses de 2015, como todos se lembram, ganhou força a possibilidade do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Foi também o momento em que as investigações da Lava Jato se aprofundaram, levando o setor de construção a sentir saudades da marcha-lenta, pois as expectativas para a economia só pioravam naquele instante.

De fato, conforme pode ser conferido no Gráfico 1, as expectativas do mercado financeiro para o “crescimento” econômico, medidas pelo relatório Focus do Banco Central, beiravam, no final de 2015, nos 4 pontos percentuais negativos, após caírem continuamente desde 2013. E no setor de construção, provavelmente a área da economia mais profundamente impactada pelo conjunto dos desafios político-econômicos, a situação momentânea das empresas, medida mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas, tornava-se cada vez pior.

Com a decisão do Congresso de discutir, formalmente, o pedido de impeachment, as expectativas do setor começaram a melhorar, como também pode ser visto no Gráfico 1. O interessante, aqui, é a divergência que começa a aparecer entre as expectativas das empresas de construção após essa decisão, resvalando em seu desempenho efetivo. Ao longo de 2016, efetivamente, com o envio do pedido de impeachment ao Senado e sua aprovação final em agosto, tornou-se perceptível uma melhoria no ânimo do setor, embora a situação real das empresas não se recuperasse do mesmo modo.

DRAMÁTICO

Indubitavelmente, poucos esperavam grande coisa em 2016. Há um ano, o setor estava em choque, após uma queda que reduziu pela metade a demanda para equipamentos de construção. Entre os fabricantes, sucederam-se cortes de produção, demissões de funcionários, suspensão de turnos e paralisação de linhas de montagem. Inclusive, um grande fabricante internacional recém-chegado ao p


O Brasil quer sair da crise. Isso não será fácil, como veremos neste estudo, mas pode já estar começando. Antes de qualquer análise, contudo, é importante contextualizar e relembrar a sucessão de eventos político-econômicos e judiciários que chacoalharam o país nos últimos anos. Até atingir um ápice. Nos últimos meses de 2015, como todos se lembram, ganhou força a possibilidade do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Foi também o momento em que as investigações da Lava Jato se aprofundaram, levando o setor de construção a sentir saudades da marcha-lenta, pois as expectativas para a economia só pioravam naquele instante.

De fato, conforme pode ser conferido no Gráfico 1, as expectativas do mercado financeiro para o “crescimento” econômico, medidas pelo relatório Focus do Banco Central, beiravam, no final de 2015, nos 4 pontos percentuais negativos, após caírem continuamente desde 2013. E no setor de construção, provavelmente a área da economia mais profundamente impactada pelo conjunto dos desafios político-econômicos, a situação momentânea das empresas, medida mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas, tornava-se cada vez pior.

Com a decisão do Congresso de discutir, formalmente, o pedido de impeachment, as expectativas do setor começaram a melhorar, como também pode ser visto no Gráfico 1. O interessante, aqui, é a divergência que começa a aparecer entre as expectativas das empresas de construção após essa decisão, resvalando em seu desempenho efetivo. Ao longo de 2016, efetivamente, com o envio do pedido de impeachment ao Senado e sua aprovação final em agosto, tornou-se perceptível uma melhoria no ânimo do setor, embora a situação real das empresas não se recuperasse do mesmo modo.

DRAMÁTICO

Indubitavelmente, poucos esperavam grande coisa em 2016. Há um ano, o setor estava em choque, após uma queda que reduziu pela metade a demanda para equipamentos de construção. Entre os fabricantes, sucederam-se cortes de produção, demissões de funcionários, suspensão de turnos e paralisação de linhas de montagem. Inclusive, um grande fabricante internacional recém-chegado ao país simplesmente trancou a porta da sua novíssima e moderna fábrica.

Todavia, entre os fabricantes que participam do Estudo de Mercado da Sobratema, havia em outubro de 2015 uma expectativa geral de que 2016 registraria uma demanda mais ou menos parecida com a de 2015. Ou, na pior das hipóteses, uma pequena queda. Assim, o Estudo de Mercado previa uma queda em 2016 da ordem de 3% a 4% na Linha Amarela. Doce ilusão, como mostra o Gráfico 2.

De fato, essa expectativa dos fabricantes não estava compartilhada pela maioria das empresas que compram – ou não – equipamentos. Conforme a última sondagem conduzida com compradores, a maioria das construtoras e locadoras ouvidaa pela Sobratema em outubro de 2015 estava mais pessimista quanto a 2016 no que se referia às suas próprias empresas. Dois terços das empresas encaravam o ano com pessimismo, seja moderado ou forte. Somente uma pequena minoria mostrava algum grau de otimismo. E ninguém ousava se declarar muito otimista.

Em junho de 2016, entrementes, a sondagem com compradores já mostrava que o ano se revelava até pior que o esperado – e isso, em uma categoria que já iniciara o ano com amplo grau de pessimismo. Ao mesmo tempo, como mostra o quadro, sondagens realizadas junto aos participantes do Grupo de Dealers já indicavam vendas muito abaixo do nível de 2015. No primeiro trimestre, as vendas do grupo – que representa mais de 40% do mercado nacional na Linha Amarela – ficaram 53% aquém do mesmo período no ano anterior. Mais que isso, a previsão para o ano completo indicava uma queda de mais de um terço nos negócios, comparada à previsão das mesmas empresas feita em agosto de 2015.

É bom ressaltar que nos primeiros meses do ano vários participantes do grupo já mencionavam uma grande incerteza a dominar o mercado. “O cenário está mudando muito rapidamente e, por isso, é muito difícil fazer alguma previsão concreta, acaba sendo mais chute mesmo”, dizia na época um executivo do setor. Houve ainda emprego de palavras bem mais duras, tais como “catástrofe”, acompanhadas por previsões negras. “Vamos ter um 2016 austero e, dependendo da situação político-econômica, pode até ser dramático”, disparou um empresário.

PROVA DOS NÚMEROS

Após tudo isso, tornava-se mais ou menos claro que o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção 2016 – consolidado anualmente em outubro e divulgado em novembro – iria revelar um mercado significativamente menor em 2016, na comparação com o ano anterior.

Seguramente, a queda seria bem maior que o previsto no Estudo de 2015, algo em torno de 4%. E, de fato, as vendas de equipamentos da Linha Amarela caíram 36% no ano. Após uma queda de 50% em 2015, isso levou o setor a um nível similar ao de 2006 (o Estudo Sobratema foi lançado em 2007, mas fez uma estimativa retroativa do mercado de 2006, apontando para um volume em torno de 8.070 unidades). Ou seja, o setor retrocedera uma década em 2016.

Na categoria da Linha Amarela, como é possível conferir na Tabela de Referência, as maiores quedas no ano se deram em famílias como rolos compactadores – sem dúvida um reflexo do quase desaparecimento dos investimentos públicos em rodovias – e caminhões fora de estrada, uma categoria na qual as taxas de crescimento são sempre sujeitas a volatilidade, devido aos pequenos volumes envolvidos, mas que também sentiu a redução dos investimentos no setor de mineração.

As três sondagens conduzidas ao longo do ano pelo Grupo de Dealers (em março, julho e outubro) sempre indagavam sobre os setores com variações mais acentuadas na demanda. E as repostas, em geral, não mudavam: maior retração na infraestrutura, obras rodoviárias, pavimentação, locação e mineração; menor retração na agricultura e florestal, além de – para alguns participantes – pequenas locadoras.

No bloco dos “demais equipamentos” incluídos no Estudo de Mercado, a queda agregada em 2016 foi ainda maior, chegando a 63%. Mas aqui é importante observar que se trata de um grupo um tanto heterogêneo, com drivers diferentes para vários equipamentos.

A queda no volume de caminhões rodoviários demandados pelo setor de construção também foi forte – de 52%. Importante lembrar que, nesse quesito, a Sobratema faz uma estimativa do número de equipamentos demandados pelo setor, baseado no emplacamento de caminhões basculantes sobre chassis, na composição das frotas das construtoras e nas vendas de caminhões betoneiras.

Do mesmo modo, a quantidade de tratores de pneu demandados pelo setor também é uma estimativa, relacionada no caso com a variação da demanda por rolos compactadores. Em síntese, somando-se “Linha Amarela”, “demais equipamentos” e “caminhões rodoviários” demandados pelo setor, a queda acumulada em 2016 foi de 45%.

É bom ressaltar que, desde 2015, o Estudo Sobratema também vem acompanhando equipamentos de concretagem. Porém, o volume de caminhões betoneiras que aparece neste grupo já foi incluído no item “caminhões rodoviários”, mencionado acima. Ou seja, não pode ser somado.

O Gráfico 3 coloca o desempenho do setor em 2016 em seu contexto histórico, com a volta para os níveis, ao menos na Linha Amarela, como vimos acima, de dez anos atrás. Já a queda bem maior ocorrida nos demais equipamentos reflete principalmente a estimativa dos caminhões rodoviários demandados pelo setor.

Para avaliar o impacto regional da crise no setor, foi feito um exercício junto ao Grupo de Dealers comparando as vendas das empresas nos primeiros semestres de 2015 e 2016, distribuídas pelas cinco regiões do país. Nesse sentido, é importante observar que, embora o grupo em si tenha representatividade dentro do mercado brasileiro, a maioria das empresas, individualmente, comercializa seus produtos em regiões específicas. Além disso, nem todas as empresas participantes possuem sistemas de controle que permitam distribuir as vendas entre as regiões utilizadas.

Feitas essas ressalvas, o Gráfico 4 mostra os resultados do exercício. À primeira vista, podemos dizer que a distribuição nacional das vendas manteve-se essencialmente igual de 2015 para 2016. Porém, a queda proporcional no Nordeste foi forte. Em um mercado já em queda, sua participação no bolo nacional foi reduzida em quase um terço.

EXPECTATIVAS

Virada a página, a hora é de projetar o futuro. Conforme mostra a Tabela de Referência, a expectativa para 2017 é de uma ligeira recuperação, com crescimento de 6,6% na Linha Amarela. Somando-se os demais equipamentos (em que algumas categorias têm perspectivas de crescimento bem maiores que outras) e ainda caminhões rodoviários demandados pelo setor, temos uma expectativa para o ano de 7,8% de crescimento. Assim, as vendas nesses dois grupos seriam de 9.225 e 15.505 unidades, respectivamente.

É necessário lembrar que as previsões refletem essencialmente a visão dos fabricantes. Seus clientes, as empresas que compram equipamentos, também se revelaram otimistas, pero no mucho. Nesse sentido, o Gráfico 5 mostra as expectativas das construtoras e locadoras sondadas pela Sobratema em outubro de 2016, referentes ao ano seguinte, em três quesitos: a economia brasileira em geral, o setor da construção e as próprias empresas.

Como pode ser visto, existe relativamente mais otimismo quanto ao desempenho da economia em 2017 do que ao setor em si. Mas o quadro traz um viés muito claro. Há ainda acentuada incerteza em termos de “quando” as coisas devem começar a melhorar. Que 2016 marcou o fundo do poço, isso parece bastante claro, inclusive pelas opiniões das empresas registradas na sondagem. Igualmente clara é a cautela quanto ao timing e à velocidade de uma eventual retomada. “Apesar do otimismo com relação à economia em 2017, o setor da construção não verá melhorias palpáveis antes do segundo semestre do ano”, avaliou uma locadora de grande porte, em outubro de 2016. “O problema é que a duração da crise passou do limite aceitável e o dano para as construtoras e empresas da cadeia de fornecedores é quase irreparável. Isso fez com que boa parte do mercado não sobrevivesse até o momento, enquanto outra parte não sobreviverá até o segundo semestre de 2017.”

Ao mesmo tempo, uma sondagem com o Grupo de Dealers referente ao estado do setor da construção em 2017 indicava um equilíbrio entre “pessimismo” e “otimismo”. Todavia, havia mais otimismo em relação ao potencial de desempenho das próprias empresas. Isso dito, a maioria das mesmas empresas indagadas em outubro de 2016 sobre um provável horizonte para a recuperação do mercado de equipamentos de construção optou por citar o segundo semestre de 2017, ou até 2018.

“A expectativa pessimista para 2017 deve-se à perspectiva ainda negativa na área politica (melhorando um pouco no pós-impeachment, mas ainda muito confusa) e na área econômica (na qual medidas difíceis terão de ser tomadas e com efeitos em médio prazo)”, opinava em outubro um dealer com atuação em vários estados do Sudeste e Centro-Oeste. “Vale ainda lembrar uma previsão do ex-ministro Maílson da Nóbrega, feita no evento Tendências no Mercado da Construção de 2015, que aparentemente vai se configurando como correta: a recuperação pode começar somente em 2018.”

Por sua vez, outro dealer com atuação mais ao Sul do país alertava que “o mercado ainda aguarda por uma movimentação do novo Governo Federal quanto às ações de repasses para obras públicas, concessões e privatizações”. E isso ainda vale até o momento.

FROTA PARADA

Ao refletir sobre o futuro do mercado de equipamentos para construção, muitos executivos do setor também alertaram quanto ao tamanho excessivo de frotas paradas. De fato, estimativas em novembro de 2016 indicavam que 50% ou mais de máquinas da Linha Amarela estariam paradas. “A retomada do mercado da construção ocorrerá somente no final de 2017, sendo que os investimentos em equipamentos novos virão um pouco mais tarde, pois as empresas irão primeiramente utilizar o parque ocioso”, explicou o executivo de uma construtora com atuação nacional, enquanto uma construtora nordestina reiterou que “a frota apresenta bastante ociosidade”.

Outra questão intrigante se refere aos equipamentos comprados pelo governo – principalmente as pás carregadeiras, retroescavadeiras e motoniveladoras adquiridas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) entre 2012 e 2014, posteriormente doadas para prefeituras menores país afora.

Nesse item, o Gráfico 6 mostra as vendas da Linha Amarela, com e sem estes equipamentos. Em uma leitura rápida, é possível aferir que o mercado de fato vinha em queda desde 2011, em não apenas a partir de 2013, como pode parecer pela inclusão dos equipamentos do MDA. Contudo, será que podemos simplesmente ignorar estes equipamentos? Pela lógica, essas máquinas devem ter substituído, em algum grau, equipamentos do setor privado que teriam sido contratados pelas prefeituras para efetuar os serviços. A questão é: em qual grau?

É possível relatar casos específicos de prefeituras nas quais os equipamentos foram de fato utilizados, se bem ou mal não vem ao caso. Mais difícil é afirmar se, em âmbito nacional, essa substituição foi significativa ou mínima. Olhando para o futuro, a questão é saber até que ponto tais equipamentos ainda podem reprimir a demanda pelo setor privado por equipamentos novos, principalmente nos municípios menores. Além disso, será que 100% desses equipamentos – que ainda são seminovos, diga-se – vão permanecer nas mãos das prefeituras, sem encontrar um caminho oficial (ou mesmo extraoficial) para o setor privado?

Tais dúvidas são pertinentes. Afinal, em nível nacional, as 11.427 unidades de pás carregadeiras, retroescavadeiras e motoniveladoras doadas para prefeituras, principalmente entre 2013 e 2014, representam 228% das vendas desses mesmos equipamentos previstas para 2017.

Qualquer que seja o impacto desses equipamentos na demanda nacional nos próximos anos, isso deve ocorrer de modo diferente em cada estado. A partir de dados da Abimaq, é possível calcular que no Piauí, por exemplo, as compras feitas pelo MDA em 2013 e 2014 representavam nada menos que 62% de todos os equipamentos novos da Linha Amarela que foram adquiridos (comprados ou doados) naquele estado no mesmo período. No geral, somando-se todos os estados do Nordeste, mais Tocantins, a penetração dos equipamentos do MDA foi acima dos 25%, contra uma média nacional de 19%.

MÉDIO PRAZO

Há mais de um ano, o Estudo de Mercado da Sobratema suspendeu o exercício de fazer uma previsão econométrica de médio prazo para o mercado de equipamentos, traçando um horizonte cinco anos à frente. Isso ocorreu pelo fato de a entidade considerar que, neste momento, os fatores que devem influenciar a demanda de equipamentos embutem predominantemente variáveis de natureza política, e não econômica.

Como alternativa, foi perguntado a fabricantes, compradores e dealers sobre a provável situação do setor de construção e do mercado de equipamentos em 2020. Aos fabricantes e dealers, foi solicitada uma estimativa do tamanho do mercado da Linha Amarela, enquanto às construtoras, perguntou-se sobre o possível grau de recuperação do setor de construção.

Infelizmente, nem todas as empresas arriscaram responder, mas entre os compradores (construtoras e locadoras) a resposta preferida foi de que o setor estará “quase recuperado” em 2020. Junto à opção de “totalmente recuperado”, este bloco de otimistas representou 60% do grupo sondado. Absolutamente ninguém se mostrou pessimista ao ponto de imaginar que em 2020 o setor estará “na mesma situação de hoje”, mas dois quintos do grupo acham que estará somente “um pouco melhor que hoje”.

No Grupo de Dealers, no qual a maioria ofereceu prognóstico, a média simples aponta para um mercado de 13.250 equipamentos na Linha Amarela, sendo o spread das respostas de 12 a 15 mil. Já os fabricantes se revelaram mais tímidos (ou cautelosos) nas previsões até 2020. Tanto que somente cinco fabricantes palpitaram, com spread de respostas de 13 a 17 mil unidades, em uma média de 14.570 unidades.

A partir das respostas, é possível obter a previsão média de um mercado de 14 mil equipamentos em 2020, um futuro mais positivo comparado às 8.655 unidades estimadas em 2016 e às 9.225 unidades previstas para 2017. Uma extrapolação pro rata indica 25 mil unidades para o total de “principais equipamentos de construção”, contra 14.380 unidades movimentadas nesse grupo em 2016.

É essencial ressaltar que não se trata de uma previsão com base econométrica, mas sim uma destilação das previsões das empresas que responderam à enquete. Também é importante enfatizar que a projeção não embute qualquer sugestão quanto à taxa de crescimento em qualquer ano especificamente, muito menos sugere um ritmo de crescimento linear a partir de 2017. São possibilidades, que esperamos que se cumpram para cima.

*Brian Nicholson é coordenador do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção.

Estudo de Mercado reflete visão do próprio setor

Criado em 2007, o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção visa a estimar a demanda anual no mercado interno de máquinas pesadas. Conceitualmente, isso inclui a soma da produção menos exportação mais importação, com ajuste de estoque. Contudo, em vez desses indicadores, o Estudo baseia-se majoritariamente – salvo nas categorias de tratores de pneu e caminhões rodoviários – em estimativas do mercado nacional feitas, categoria por categoria, por empresas participantes (fabricantes e importadoras), além de dados fornecidos por associações de classe – principalmente Abimaq, Anfavea, Sindipeças e Anfir. O levantamento é anual, feito em outubro e divulgado em novembro.

Ao mesmo tempo que oferece uma estimativa do ano, o Estudo ajusta a estimativa do ano anterior – em 2016, o ajuste foi bem reduzido, da ordem de 0,96% na Linha Amarela – incorporando as estimativas finais das empresas participantes e outras fontes, para traçar uma projeção para o ano seguinte. Assim, é importante frisar que o Estudo de Mercado reflete, essencialmente, a visão do setor, e não da Sobratema.

Grupos – Além do levantamento anual junto a fabricantes e importadoras, o Estudo de Mercado recebe, ainda, informações de dois grupos específicos. Duas ou três vezes ao ano, com o apoio de diretores regionais da Sobratema, é efetuada uma “Sondagem de Compradores” – empresas que compram equipamentos para construção, conforme suas necessidades. Tipicamente, esse grupo inclui construtoras e locadoras, nem sempre exatamente as mesmas. Normalmente, participam entre duas e três dúzias de empresas, incluindo as maiores do ramo, mas também algumas de tamanho médio e menores, com boa representatividade geográfica.

Já o “Grupo de Dealers” atualmente compreende 12 empresas de relevo que representam fabricantes e/ou importadoras junto ao mercado. Este grupo – que responde por mais de 40% das vendas nacionais na Linha Amarela – providencia três sondagens internas durante o ano para estimar o mercado e fazer previsões quanto à sua provável trajetória. Trata-se de um Raio-X bastante atualizado do momento. Os resultados detalhados não são divulgados, mas servem para discussão interna do grupo e constituem um insumo importante para o Estudo de Mercado.

Por princípio, o Estudo Sobratema não publica os nomes das empresas participantes, embora não proíba que divulguem sua participação, se assim quiserem. Também não calcula market share de qualquer empresa ou categoria de equipamento, pois publica somente cifras agregadas do mercado, sem menção a dados ou informações que permitam a identificação da fonte. As empresas participantes recebem convite para uma teleconferência fechada para avaliar os resultados preliminares do Estudo de Mercado e discutir os rumos e desafios do setor, normalmente uma ou duas semanas antes da sua publicação.

Finalmente, o Estudo de Mercado conta com o Grupo de Apoio Sobratema (GAS), que funciona como um colegiado para consultas, quando necessário. Os membros do GAS não têm acesso aos dados individuais fornecidos pelas empresas participantes, mas somente aos resultados agregados. E, como pode ser constatado no mapa acima, congrega um amplo leque de experiência, tanto no Brasil, quanto no mercado internacional.

Expectativa é de recuperação a partir de 2017, dizem analistas

Em palestra realizada no evento Tendências no Mercado da Construção, o editor de economia do “Jornal das Dez” (Canal GloboNews), Dony de Nuccio, fez uma avaliação das perspectivas para o país nos próximos anos. Segundo ele, o Brasil passa por um “ponto de inflexão”, com claras indicações de que pode deixar para trás uma das maiores crises de sua história, mantendo o ciclo de curvas acentuadas de recuperação após períodos de profunda retração. “A reação já começou, pois o aumento da expectativa é a antecipação do que vai acontecer”, afirmou o analista, enfatizando que já há uma guinada de convicções na política econômica, em que o papel do Estado passa a ser mais de coordenador das ações do mercado. “A expectativa é que a operação Lava Jato gere um ambiente de negócios mais justo e isonômico, com maior eficiência das empresas, que vêm otimizando suas produções”, disse. “Nesse sentido, é necessário focar mais no tronco do que nos galhos. Afinal, quem não toma conta do core business, está fadado ao fracasso.”

Em coletiva, o presidente da Sobratema, Afonso Mamede, também reforçou a expectativa de uma recuperação. “Em 2015 havia muito tumulto, mas a expectativa agora é mais arrumada”, enfatizou. “O patamar [de recuperação] ainda é baixo, mas já indica uma retomada a caminho.”

Guia de Equipamentos apresenta novidades

Lançada durante o evento Tendências no Mercado da Construção, a 10ª edição do Guia Sobratema de Equipamentos abrange soluções para escavação, carga, transporte, concreto e pavimentação. Ao todo, estão disponibilizadas informações de 1.470 modelos de equipamentos, nacionais e importados, divididos em 33 famílias. Referente aos anos 2017/2018, o volume referencial passa a ser editado exclusivamente em formato digital (o aplicativo pode ser baixado nas lojas Apple Store e Google Play), mantendo as ferramentas já consolidadas nas edições anteriores, como comparativo online, desenhos dimensionais, tabelas de carga e gráficos de alcance, que fazem do Guia a mais completa referência técnica do mercado nacional da construção. “O Guia cobre todas as áreas relevantes da indústria da construção”, destacou Norwil Veloso, consultor da Sobratema. “E a versão digital é uma ferramenta forte, que viabiliza soluções para uma atualização mais dinâmica, permitindo consultas mais rápidas e integração com outros bancos de dados, com links dos sites dos fabricantes, por exemplo.”

Destaque Pós-Venda” reconhece atuação de fabricantes

Idealizado pelo Núcleo Jovem da Sobratema, pelo segundo ano consecutivo o projeto “Destaque Pós-Venda” reconhece as marcas com qualidade superior em serviços, a partir de avaliações de critérios-chave como atendimento, orçamento, prazo de entrega, entrega técnica, garantia, disponibilidade de peças, documentação e outros. “A área de pós-venda é estratégica, seja para o fabricante como para o usuário das máquinas”, afirmou Alisson Daniel, coordenador do Núcleo Jovem. “Afinal, a oferta de serviços e manutenção ao mercado garantem o melhor rendimento das tecnologias.”

Nesta edição, as marcas mais destacadas – por meio de consultas online – foram a Volvo CE, na categoria Equipamentos para Terraplenagem, e a Terex, em Equipamentos para Movimentação de Cargas e Pessoas. “É importante saber que estamos no bom caminho”, assinalou ao receber o prêmio o gerente de key accounts da Volvo CE para a América Latina, Marcelo Magalhães. Já Ricardo Neto, gerente de serviços da Terex, lembrou que “um dos principais valores em qualquer indústria é entregar comprometimento com o cliente”.

 

 

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