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Revista M&T - Ed.206 - Outubro 2016
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Manipuladores

Cultura de utilização

Relativamente desconhecidos no país, manipuladores telescópicos têm potencial de crescimento em diferentes setores, como construção, mineração, agrícola e industrial
Por Augusto Diniz

 

A modernização e a industrialização dos processos construtivos, com a sua crescente mecanização, têm aberto espaço no mercado de engenharia para equipamentos que até há pouco tempo não eram sequer vistos nos canteiros de obras. Esse é o caso dos manipuladores telescópicos, também chamados de telehandlers, que são usados para facilitar o transporte de cargas e materiais paletizados, como tijolos e blocos de cimento, por exemplo. Segundo especialistas, essas máquinas versáteis podem substituir – com vantagens, dependendo da aplicação – vários equipamentos, tais como elevadores elétricos, andaimes, empilhadeiras, carregadeiras, guindautos, dumpers e guindastes. Com atuação polivalente, tornam possível o cumprimento de prazos apertados e, consequentemente, aumentam a rentabilidade do construtor.

Apesar dessas vantagens, o gerente de produtos da JCB do Brasil, Diego Butzke, diz que ainda há certa resistência no país em adotar esse produto como solução ideal para a movimentação de materiais. “É o contrário do que já ocorreu em locais mais desenvolvidos, como nos Estados Unidos e Europa, em que as máquinas são hoje amplamente utilizadas em diversas aplicações”, diz ele. “No Brasil, no entanto, por ainda se tratar de um equipamento-conceito, não existe um grande volume que possa ser considerado ou mesmo analisado. Mas é possível afirmar que temos um mercado potencial e crescente para os telehandlers.”

POTENCIAL

Segundo Marcelo Bracco, diretor geral da Manitou Brasil, os manipuladores telescópicos são normalmente utilizados em quatro setores principais: construção, agricultura, indústria e mineração. “Mesmo em retração, o primeiro ainda é o que mais usa esse tipo de equipamento atualmente”, informa. “Já o mercado agrícola brasileiro tem um forte potencial para se tornar um grande utilizador da máquina, que ainda não é muito conhecida pelos produtores rurais.”

Tal situação também se repete em outros lugares. Apesar de serem bem mais populares, na Europa, por exemplo, as vendas de manipuladores telescópicos ainda não superam a de tratores, representando apenas 10% do total comercializado. “Ou seja, a cada 10 tratores vendidos, sai um telehandler. No Brasil, essa relação es


 

A modernização e a industrialização dos processos construtivos, com a sua crescente mecanização, têm aberto espaço no mercado de engenharia para equipamentos que até há pouco tempo não eram sequer vistos nos canteiros de obras. Esse é o caso dos manipuladores telescópicos, também chamados de telehandlers, que são usados para facilitar o transporte de cargas e materiais paletizados, como tijolos e blocos de cimento, por exemplo. Segundo especialistas, essas máquinas versáteis podem substituir – com vantagens, dependendo da aplicação – vários equipamentos, tais como elevadores elétricos, andaimes, empilhadeiras, carregadeiras, guindautos, dumpers e guindastes. Com atuação polivalente, tornam possível o cumprimento de prazos apertados e, consequentemente, aumentam a rentabilidade do construtor.

Apesar dessas vantagens, o gerente de produtos da JCB do Brasil, Diego Butzke, diz que ainda há certa resistência no país em adotar esse produto como solução ideal para a movimentação de materiais. “É o contrário do que já ocorreu em locais mais desenvolvidos, como nos Estados Unidos e Europa, em que as máquinas são hoje amplamente utilizadas em diversas aplicações”, diz ele. “No Brasil, no entanto, por ainda se tratar de um equipamento-conceito, não existe um grande volume que possa ser considerado ou mesmo analisado. Mas é possível afirmar que temos um mercado potencial e crescente para os telehandlers.”

POTENCIAL

Segundo Marcelo Bracco, diretor geral da Manitou Brasil, os manipuladores telescópicos são normalmente utilizados em quatro setores principais: construção, agricultura, indústria e mineração. “Mesmo em retração, o primeiro ainda é o que mais usa esse tipo de equipamento atualmente”, informa. “Já o mercado agrícola brasileiro tem um forte potencial para se tornar um grande utilizador da máquina, que ainda não é muito conhecida pelos produtores rurais.”

Tal situação também se repete em outros lugares. Apesar de serem bem mais populares, na Europa, por exemplo, as vendas de manipuladores telescópicos ainda não superam a de tratores, representando apenas 10% do total comercializado. “Ou seja, a cada 10 tratores vendidos, sai um telehandler. No Brasil, essa relação está em torno de 200 para 1”, conta Bracco. “Dessa forma, é necessário desenvolver esse mercado aqui, pois a agricultura no país ainda não conhece as vantagens do uso do equipamento, que é quase que exclusivamente usado na construção e na indústria.”

De acordo com ele, a Manitou acredita que muito em breve o setor agrícola brasileiro vai descobrir as vantagens do uso do produto, assim como o de mineração, que possui igualmente um grande potencial para utilização dessas máquinas.

O gerente nacional de vendas de soluções agrícolas da JCB do Brasil, Michael Steenmeijer, também acredita que a utilização de manipuladores telescópicos na agricultura brasileira vai crescer nos próximos anos. “Hoje, esse mercado absorve cerca de 40% dos telehandlers vendidos nacionalmente, enquanto a construção e outros segmentos consomem os 60% restantes”, explica. “À medida que o produto se torne mais conhecido, deve ocorrer um aumento natural na sua utilização para o setor agrícola. Definitivamente, apostamos no crescimento desse mercado diante da criação de uma cultura de utilização do nosso produto.”

AMADURECIMENTO

A versatilidade do produto, diz Steenmeijer, é sem dúvida algo que atrai os clientes, alinhada, é claro, à produtividade e economia de combustível que a solução apresenta perante outras máquinas. Segundo ele, a maior difusão do equipamento no campo – como ocorre no exterior – está relacionada ao fato de os mercados serem mais maduros com relação ao conceito original dessas máquinas. “Em 1977, quando foi inventado pela JCB no interior da Inglaterra, o manipulador telescópico já nasceu para ser utilizado na movimentação de materiais na área agrícola”, comenta Steenmeijer. “Apenas recentemente ele foi redesenhado para suprir a necessidade de movimentação de materiais em outros segmentos, como construção e mineração.”

Além disso, como destaca Butzke, nos países desenvolvidos a utilização de telehandlers atende a muitas outras aplicações como trabalhos aéreos, processamento de resíduos e reciclagem, limpeza urbana e de obras, assim como estufamento, descarte de materiais e movimentação de contêineres. E isso, aparentemente, ainda não acontece por aqui. “Na Europa, existe uma relação em que, a cada cinco tratores agrícolas comercializados, um manipulador telescópico é vendido para aplicação no segmento agropecuário em geral”, diz, citando dados diferentes dos informados acima por Bracco, da Manitou. “No Brasil, a utilização ainda se restringe, basicamente, à construção e mineração.”

Para Paulo Esteves, da Solaris Equipamentos e Serviços, a principal demanda de telehandlers no país está no setor de construção civil, principalmente no programa Minha Casa Minha Vida e nas obras de mobilidade urbana e abertura de túneis. “Os percentuais de venda para cada área não são conhecidos, mas estimamos que ao menos 50% se concentrem nos projetos do Minha Casa Minha Vida”, afirma. “Na Europa, principalmente, há larga utilização na agricultura, substituindo os tratores. Nos Estados Unidos e no Brasil, a utilização é majoritariamente na construção.”

Informações um pouco diferentes são pontuadas por Rodrigo Cera, especialista em aplicação de produtos da Caterpillar. Segundo ele, no Brasil os manipuladores realmente têm demanda mais alta na construção, mas as aplicações em indústrias e agricultura vêm crescendo. “No caso dos Estados Unidos, a utilização dessas máquinas na área agrícola é maior”, diz. “Eles são utilizados em fazendas leiteiras, para desagregar o silo com ferramentas específicas e ainda no carregamento de vagões forrageiros, utilizando caçambas.”

Os portos, afirma Cera, constituem outro mercado no qual os manipuladores telescópicos podem ser empregados. “No entanto, no Brasil ainda não há aplicações significativas nesse setor, dada a necessidade de elevada capacidade de carga e altura neste segmento”, contrapõe Esteves, da Solaris. “Além disso, a demanda no país está estagnada devido a questões de preço, que atualmente, no caso de locação, estão muito baixos.”

Bracco mostra-se um pouco mais otimista em relação ao uso de telehandlers nessa área. “Estamos divulgando as vantagens do uso dessas máquinas em portos”, conta. “Recentemente, inclusive, realizamos a venda de uma delas para manuseio de contêineres vazios, mas existem outras aplicações para o modelo, que estão sendo desenvolvidas para futuras apresentações.”

VARIAÇÕES

Além da diferenciação de setores, também há algumas variações técnicas entre os equipamentos norte-americanos e europeus, por exemplo. Segundo Bracco, da Manitou, as máquinas europeias contam com um acabamento mais refinado e oferecem maior conforto ao operador, que consegue aumentar a produtividade devido à maior facilidade de trabalho. “Os modelos norte-americanos, por sua vez, normalmente são mais simples, com foco na força do trabalho”, compara.

Para Butzke, da JCB, no entanto, existem alguns “mitos” sobre as possíveis variações técnicas existentes entre os telehandlers fabricados por empresas europeias e norte-americanas. Ele admite as distinções, mas atribui isso ao próprio perfil do fabricante, independentemente de sua origem. Apesar disso, reconhece que de fato há algumas diferenças importantes. “É possível notar que os modelos europeus têm forte apelo ao baixo consumo de combustível, facilidade de manutenção e visibilidade, o que impacta diretamente no ciclo de operação”, exemplifica.

Mas os telehandlers também diferem de um modelo para o outro, tanto em termos de capacidade de carga como na altura que podem alcançar, que variam conforme as aplicações do equipamento. De acordo com Butzke, as capacidades operacionais dominantes no mercado – que atendem plenamente às aplicações mais usuais na construção, mineração e agricultura – variam entre três e quatro toneladas. Já as alturas mais comuns são as de 7, 12 e 17 metros. Bracco, por sua vez, diz que no Brasil as alturas mais comuns são as de 17 metros. “Essa média de tamanho está relacionada à aplicação de manipuladores no ramo da construção”, explica o especialista. “Para a agricultura, as máquinas variam de 7 a 8 metros de altura.”

Contudo, cada empresa tem modelos específicos no portfólio. “A linha de manipuladores telescópicos da Manitou possui um alcance que varia de 6 a 32 metros, com uma capacidade de carga que aguenta até 40 toneladas”, informa Bracco. “Além disso, os modelos são voltados para o mercado de construção e agrícola, passando por máquinas rotativas e de alta capacidade.”

No caso da Caterpillar, Cera diz que o modelo mais vendido pela empresa é o TL642D, com altura máxima de 12,8 metros e capacidade de 2,9 toneladas (com estabilizadores) em sua máxima altura. Segundo ele, para aplicações em construção civil, a capacidade maior de carga e altura é muito importante. Já para equipamentos que operam na agricultura, em atividades como estocagem de feno, carregamento e silagem, entre outras, a capacidade de carga e mobilidade são mais importantes do que a altura. “Por isso, o recomendado é a Linha TH, sendo que um dos modelos mais utilizados é o TH407C, com altura máxima de 7,30 metros e capacidade de 1,8 toneladas, sem estabilizadores”, diz.

ACESSÓRIOS

Para ampliar sua área de atuação e a variedade de serviços que são capazes de executar, os manipuladores telescópicos podem ser equipados com uma série de acessórios. O telehandler é naturalmente um equipamento porta-ferramentas e, dependendo da aplicação, qualquer acessório pode ser acoplado a ele. Todavia, é preciso observar as capacidades operacionais da máquina, com o objetivo de manter um trabalho seguro, produtivo e eficiente.

De acordo com Steenmeijer, da JCB, esses opcionais variam muito, de acordo com a aplicação em que serão usados. “Na construção, temos caçambas, garfos, plataformas e garfo pallet”, enumera. “Já na agricultura, além de caçambas com capacidades diferentes, em função da densidade menor dos materiais, há ainda o garfo pallet, guincho para bags, clamps para feno e espetos para fardos.”

Bracco, por sua vez, diz que a Manitou possui uma linha global com mais de 150 acessórios. “No Brasil, trabalhamos com caçambas, garfos para pallets, porta big-bag, garras tipo clamps, cestos aéreos, guinchos fixos, hidráulicos e com extensão”, conta. “Nossos acessórios vêm sendo introduzidos pouco a pouco no mercado brasileiro, para que os clientes possam conhecer as vantagens e melhorias na produtividade ao usar o recurso mais correto para cada necessidade.”

Segmento sentiu queda, mas já prevê estabilização

Apesar do potencial de crescimento, o setor de telehandlers não está imune à crise econômica. Segundo Marcelo Bracco, diretor da Manitou Brasil, o ano de 2013 foi o melhor para a empresa, que vendeu cerca mil manipuladores. Em 2014, a companhia fechou o ano com 300 unidades comercializadas, número que caiu para menos da metade em 2015. “Dessa forma, pensamos que 2016 terá o mesmo desempenho do ano passado”, lamenta. “Acreditamos que no próximo ano a economia possa melhorar e que nossas vendas cresçam.”

Por uma questão estratégica, a JCB não divulga seus números de vendas regionais. Contudo, Diego Butzke, gerente de produtos da JCB do Brasil, afirma que o segmento apresentou queda de cerca de 30% em 2015, na comparação com 2014, ao passo que as vendas da marca acompanharam o desempenho em queda. “No entanto, nossa participação se manteve estável e continuamos líderes no país”, diz. “Atualmente, um em cada três manipuladores vendidos no mundo é da nossa marca.”

Ainda de acordo com Butzke, o ano de 2016 também vem apresentando queda frente a 2015, com o mesmo percentual de -30%, assim como todo o setor de máquinas. Para 2017, o executivo diz acreditar em estabilização. “Deve ser um pouco melhor que 2016, mas ainda tímido perto da queda que tivemos. Assim, o crescimento deverá ficar em algo próximo a 10%”, conclui.

 

 

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