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Revista M&T - Ed.192 - Julho 2015
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Entrevista

No futuro, também vamos vender ideias

Por Marcelo Januário (Editor)

Há exatamente um ano, Odair Renosto assumiu a presidência da Caterpillar Brasil com a missão de expandir os negócios no país em um período de desafios político-econômicos. Experiência para isso não falta. Na empresa desde 1981, o executivo já passou pelos setores de finanças, planejamento, produção e estratégia de produtos da fabricante norte-americana.

Nascido em Laranjal Paulista (SP), o executivo paulista é formado em Administração de Empresas, com MBA em Gerenciamento de Negócios pela FEA/USP e MBA para executivos pela Universidade Stanford (EUA). Nos últimos 11 anos, sua atuação de liderança levou-o a diferentes ambientes da organização, passando por vários países e posições. Anteriormente, o executivo foi gerente de operações na unidade de Piracicaba (SP) e gerente comercial em Peoria (Illinois) e Miami (Flórida), além de atuar por dois anos no escritório de Genebra (Suíça), de onde voltou para assumir a operação brasileira.

Como presidente no Brasil, Renosto tem a incumbência de liderar as duas operações da Caterpillar no país – em Piracicaba (SP) e Campo Largo (PR) –, incluindo todos os processos da cadeia de valor de manufatura para equipamentos como tratores de esteira, escavadeiras, motoniveladoras, pás carregadeiras, retroescavadeiras, compactadores de solo e componentes. Com uma visão global do setor, o administrador também acumula a função de country manager, incluindo responsabilidades de relacionamento com a mídia e interface com as autoridades. Nesta entrevista exclusiva, concedida durante a M&T Expo 2015, Renosto comenta assuntos relacionados a conjuntura, mercado, estratégias, tecnologia, tendências e outros tópicos. Acompanhe.

M&T – Como a empresa ajustou a produção à demanda mais baixa?

Odair Renosto – Tivemos uma redução na capacidade, o que levou a férias coletivas escalonadas. Também tivemos de ajustar o número de funcionários de acordo com o volume de produção e de vendas. No entanto, estamos fazendo de tudo para manter, tendo o desligamento como último recurso. Já lançamos mão de férias coletivas, redução de jornada, realocação de áreas, mudança de turnos etc. Isso permitiu diminuir os desligamentos. É uma mão de obra especializada, que leva tem


Há exatamente um ano, Odair Renosto assumiu a presidência da Caterpillar Brasil com a missão de expandir os negócios no país em um período de desafios político-econômicos. Experiência para isso não falta. Na empresa desde 1981, o executivo já passou pelos setores de finanças, planejamento, produção e estratégia de produtos da fabricante norte-americana.

Nascido em Laranjal Paulista (SP), o executivo paulista é formado em Administração de Empresas, com MBA em Gerenciamento de Negócios pela FEA/USP e MBA para executivos pela Universidade Stanford (EUA). Nos últimos 11 anos, sua atuação de liderança levou-o a diferentes ambientes da organização, passando por vários países e posições. Anteriormente, o executivo foi gerente de operações na unidade de Piracicaba (SP) e gerente comercial em Peoria (Illinois) e Miami (Flórida), além de atuar por dois anos no escritório de Genebra (Suíça), de onde voltou para assumir a operação brasileira.

Como presidente no Brasil, Renosto tem a incumbência de liderar as duas operações da Caterpillar no país – em Piracicaba (SP) e Campo Largo (PR) –, incluindo todos os processos da cadeia de valor de manufatura para equipamentos como tratores de esteira, escavadeiras, motoniveladoras, pás carregadeiras, retroescavadeiras, compactadores de solo e componentes. Com uma visão global do setor, o administrador também acumula a função de country manager, incluindo responsabilidades de relacionamento com a mídia e interface com as autoridades. Nesta entrevista exclusiva, concedida durante a M&T Expo 2015, Renosto comenta assuntos relacionados a conjuntura, mercado, estratégias, tecnologia, tendências e outros tópicos. Acompanhe.

M&T – Como a empresa ajustou a produção à demanda mais baixa?

Odair Renosto – Tivemos uma redução na capacidade, o que levou a férias coletivas escalonadas. Também tivemos de ajustar o número de funcionários de acordo com o volume de produção e de vendas. No entanto, estamos fazendo de tudo para manter, tendo o desligamento como último recurso. Já lançamos mão de férias coletivas, redução de jornada, realocação de áreas, mudança de turnos etc. Isso permitiu diminuir os desligamentos. É uma mão de obra especializada, que leva tempo para ser treinada. Às vezes, desligar é mais caro do que contratar e treinar. Nossa política é tentar manter o nível de emprego, dentro do possível. Temos conseguido administrar. Ainda acreditamos numa retomada, mas está difícil. Veremos se será no último trimestre do ano, se vai ser no ano que vem, mas estamos tentando poupar ao máximo o desligamento.

M&T – Qual foi o tamanho da queda nos negócios para a empresa?

Odair Renosto – A Caterpillar Inc. divulgou uma queda de 44% no primeiro trimestre na América Latina. É uma informação pública, sendo que todo o continente latino-americano teve uma queda. Por isso, buscamos novos mercados e – com a introdução de novos modelos – abrimos um pouco mais o leque para exportar. Mas a queda foi significativa, incluindo mineração, construção e os demais setores.

M&T – Qual família de produtos foi mais atingida?

Odair Renosto – Afetou todas as famílias de equipamentos. Apenas teve momentos diferentes de impacto. Os equipamentos maiores sofreram primeiro e os menores depois. Em geradores, alguns atrelados ao pré-sal tiveram uma queda em função do preço baixo do petróleo, tendo uma esfriada. Mas outros não, até com volume maior que o previsto.

M&T – O pacote de concessões traz otimismo para o setor?

Odair Renosto – É uma notícia boa. Nossa expectativa é pela retomada das obras que estavam paradas, e de outras que já estavam desenhadas. Com modelo de concessão já desenvolvido, isso deve acontecer mais rápido. Outras, que ainda dependem de um desenho da concessão, incluindo licença ambiental, devem mesmo ficar para 2017 ou 2018. Mas para o final este ano e início do próximo, teremos uma continuidade das obras que estavam paradas. Ou seja, serão concluídas. Dois projetos, que já estavam com o desenho preparado e com licença ambiental obtida, sairão antes.

M&T – Quais são as projeções para o segundo semestre?

Odair Renosto – Não devemos ter um melhoria ainda neste ano, pois temos muitos equipamentos parados. Há um excedente. Mas é uma oportunidade para as construtoras médias se juntarem, formando consórcios para pegar essas obras. Muitas grandes estão com problemas de crédito. Por isso, a expectativa é de começar a ter certo aquecimento, mas ele vai ser pequeno, mais na venda de peças, para manter a frota rodando. Mas no ano que vem, com essas obras adiantadas, já teremos algum impacto. No Rio Grande do Sul, por exemplo, duas concessões já estão bem adiantadas e devem sair mais rápido que as outras. O prazo para dimensionar, negociar modelo, tirar licença etc. é muito longo. É necessário bastante tempo.

M&T – Como a flutuação do câmbio afeta os negócios?

Odair Renosto – O real mais fraco ajuda de duas maneiras. De um lado, você nacionaliza peças e componentes, que até então eram importados, com mais facilidade e viabilidade econômica. Além de [representar] um aumento de competitividade para exportação. Mas também há um impacto desfavorável no mercado doméstico. Quando o preço de vendas é convertido para dólar, ocorre uma queda na receita das vendas domésticas. Então, há um lado que ajuda e outro em que é desfavorável. É preciso ter um equilíbrio.

M&T – Como uma nova legislação de emissões mais rígida favorece a empresa?

Odair Renosto – A vantagem que temos é de já ter feito os investimentos na atualização da linha de produtos. Já fornecíamos para países que demandavam este tipo de tecnologia. Na concorrência, alguns ainda terão de investir. Então, é uma vantagem competitiva. Estamos preparados, sem a necessidade de investimentos adicionais. Já em relação aos importados, a nova legislação vai tirar aqueles que competem em desigualdade.

M&T – Qual foi o grande avanço recente nesta indústria?

Odair Renosto – Talvez um grande avanço seja o que a gente chama de “frota autônoma”, ou seja, a operação da frota à distância, incluindo carregamento, transporte, manobras e todos os movimentos. No exterior, o gerenciamento autônomo já esta disponível para toda a nossa linha. Uma pessoa em Atlanta pode operar uma frota em Tucson, por exemplo. Em uma mina com riscos de acidentes, não há exposição do operador. Além da economia com a propriedade do equipamento, pois se dimensiona a frota adequadamente, com ciclos corretos que evitam desperdício de tempo. Também não ocorrem danos ao equipamento devido a operações incorretas, ou mesmo estresse e fadiga do operador. Ou seja, há uma maximização da utilização e redução de custos, seja com operador, treinamento ou serviço. E tudo o que o cliente quer é justamente aumentar a lucratividade. Até então, o que existia era uma máquina que aprendia a repetir a operação, mas agora é possível fazer toda a operação do equipamento remotamente. Os sensores fazem a comunicação via satélite ou telefonia celular, dependendo da região e da distância do módulo de controle. No Brasil, ainda não temos isso.

M&T – O que a empresa desenvolve na área de híbridos?

Odair Renosto – Começamos com a escavadeira 336 híbrida, que oferece uma economia de 43% no consumo de combustível, além de não poluir. Sem falar na produtividade, que é até maior. Posteriormente, o projeto foi expandido para outros modelos, de modo que já temos vários protótipos rodando. O investimento inicial é um pouco maior, mas o que se ganha com a economia de combustível compensa o custo.

M&T – Porque a dificuldade para emplacar híbridos no Brasil?

Odair Renosto – É uma tecnologia fantástica, uma história de sucesso. Mas ainda apresenta algumas desvantagens. Primeiro, não se fabrica aqui. Isso torna o custo de aquisição ainda maior, com imposto de importação. Depois, na cabeça das pessoas, talvez por causa da experiência automobilística, a tecnologia de equipamentos diesel-elétricos ainda não é muito avançada. “Hum, será que tem a mesma durabilidade?”, a pessoa pensa. Ou seja, existe uma dúvida, um problema de percepção. E isso ainda vai levar um tempo para se consolidar. Talvez uns dois ou três anos. Lá fora, o percentual de substituição das híbridas já é bem alto.

M&T – Quais são as principais tendências de inovação no setor?

Odair Renosto – A Caterpillar está sempre investindo pesado em inovação. Inclusive, foi criada uma divisão na empresa especialmente para dedicar-se a projetos de inovação. Como a impressora 3D, por exemplo, uma tecnologia que vai revolucionar não só a indústria, como a maneira com que vemos as coisas. A ideia inicial é produzir as peças. A pessoa baixa o software e uma impressora 3D fabrica a peça. A tecnologia já existe para fazer peças grandes e os materiais já estão disponíveis, seja alumínio, cobre, ferro, plástico, borracha ou quaisquer outros. Diversos materiais juntos. Atualmente, o problema a solucionar é o tempo ainda um pouco longo demais do processo. Além do tratamento térmico – que dá solidez às peças – ainda não ter atingido o nível necessário. Mas isso está sendo trabalhado para melhorar. E, considerando o volume de investimento que está sendo feito, entre cinco e dez anos já veremos isso funcionar. No futuro, vamos vender intellectual property. Acreditamos muito nisso.

M&T – A diversificação é estratégica para a empresa?

Odair Renosto – Além de construção e mineração, a Caterpillar ingressou em transportes, ferrovias, geração de energia e outros segmentos. A empresa está sempre procurando investir em tecnologias que vão nos manter vivos no futuro. Inclusive, essa nova divisão de inovação é um esforço para não correr o risco de obsolescência tecnológica por acomodação.

 

 

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