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Revista M&T - Ed.188 - Março 2015
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Empresa

Planejamento com cautela

Em um momento de baixo crescimento e incertezas, a Randon aguarda os efeitos do ajuste fiscal sobre o desempenho econômico do país para reelaborar suas estratégias

Para diversos setores da indústria nacional, o último ano foi repleto de desafios. Para o setor de implementos rodoviários, isso não foi diferente. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), o segmento registrou uma expressiva queda de 10,22% em 2014, quando comparado com o resultado registrado no ano anterior.

De acordo com dados da Anfir, no último exercício o setor comercializou um total de 159.618 unidades, quase 19 mil produtos a menos que em 2013, quando registrou 177.795 unidades.  Seguindo a tendência do resultado apresentando pelo segmento, a Randon encerrou o terceiro trimestre de 2014 com uma receita líquida consolidada de R$ 887 milhões, o que representa 21,8% a menos que o mesmo período em 2013.

Já a receita bruta total, incluindo as vendas entre empresas do grupo, somou R$ 1,3 bilhão no terceiro trimestre de 2014, ou uma queda de 29,5% em relação ao mesmo período de 2013. Para Geraldo Santa Catharina, diretor financeiro e de relações com investidores da fabricante gaúcha de implementos rodoviários, o setor sofreu uma influência direta do baixo crescimento econômico do país e da falta de perspectiva de recuperação no curto e médio prazo, exatamente como ocorreu com outros setores.

Dentre os demais fatores que contribuíram para o resultado negativo do segmento, o executivo lista ainda o Carnaval tardio, a Copa do Mundo e as Eleições, que acabaram afetando os resultados econômico-financeiros da Randon ao longo dos primeiros nove meses de 2014, comparativamente a igual período de 2013. Diante deste quadro de incertezas, o terceiro trimestre de 2014 também foi de queda nos mercados de autopeças e semirreboques, ambos afetados pela redução na produção de caminhões (32,0%) e pela demanda por veículos rebocados (30,7%).

No entanto, como sublinha o diretor financeiro da Randon, deve-se levar em conta que a frota da empresa – amparada pela ampla disponibilidade de crédito do BNDES – foi bastante renovada nos últimos anos. “Em um período de maior incerteza da economia, os clientes podem utilizar a frota existente por algum tempo”, diz ele, acrescentando que a produção recorde dos anos anteriores também deve ser considerada, uma vez que atingiu vol


Para diversos setores da indústria nacional, o último ano foi repleto de desafios. Para o setor de implementos rodoviários, isso não foi diferente. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), o segmento registrou uma expressiva queda de 10,22% em 2014, quando comparado com o resultado registrado no ano anterior.

De acordo com dados da Anfir, no último exercício o setor comercializou um total de 159.618 unidades, quase 19 mil produtos a menos que em 2013, quando registrou 177.795 unidades.  Seguindo a tendência do resultado apresentando pelo segmento, a Randon encerrou o terceiro trimestre de 2014 com uma receita líquida consolidada de R$ 887 milhões, o que representa 21,8% a menos que o mesmo período em 2013.

Já a receita bruta total, incluindo as vendas entre empresas do grupo, somou R$ 1,3 bilhão no terceiro trimestre de 2014, ou uma queda de 29,5% em relação ao mesmo período de 2013. Para Geraldo Santa Catharina, diretor financeiro e de relações com investidores da fabricante gaúcha de implementos rodoviários, o setor sofreu uma influência direta do baixo crescimento econômico do país e da falta de perspectiva de recuperação no curto e médio prazo, exatamente como ocorreu com outros setores.

Dentre os demais fatores que contribuíram para o resultado negativo do segmento, o executivo lista ainda o Carnaval tardio, a Copa do Mundo e as Eleições, que acabaram afetando os resultados econômico-financeiros da Randon ao longo dos primeiros nove meses de 2014, comparativamente a igual período de 2013. Diante deste quadro de incertezas, o terceiro trimestre de 2014 também foi de queda nos mercados de autopeças e semirreboques, ambos afetados pela redução na produção de caminhões (32,0%) e pela demanda por veículos rebocados (30,7%).

No entanto, como sublinha o diretor financeiro da Randon, deve-se levar em conta que a frota da empresa – amparada pela ampla disponibilidade de crédito do BNDES – foi bastante renovada nos últimos anos. “Em um período de maior incerteza da economia, os clientes podem utilizar a frota existente por algum tempo”, diz ele, acrescentando que a produção recorde dos anos anteriores também deve ser considerada, uma vez que atingiu volumes fora da curva de normalidade. E, com isto, o comparativo anual também fica prejudicado. “Tudo somado, o setor de semirreboques foi impactado de forma parecida a quase todos os demais segmentos, uma vez que não houve variação significativa de produtos”, afirma. “A exceção talvez seja o setor de vagões ferroviários, que retomou demanda em patamares positivos.”

Empresa promove mudanças na estrutura

No início do ano, o presidente da Randon, David Abramo, anunciou mudanças na estrutura organizacional da empresa, alterando as responsabilidades dos gestores.

Na área de implementos e veículos, Alexandre Gazzi passou a ser responsável integralmente pelo setor. O até então diretor corporativo Norberto Fabris assumiu a gestão da área corporativa de compras das empresas Randon, além de continuar respondendo pela Randon Veículos e atuar na função de relações institucionais do grupo perante as entidades de classe e governos.

No setor de autopeças, o diretor corporativo Pedro Ferro, que também é diretor-superintendente da Fras-le, assumiu o comando da Master e passou a compor o conselho da Jost Brasil, enquanto Luis Antonio Oselame continua como diretor corporativo das empresas Randon, responsável pela Suspensys e pela Castertech Fundição e Tecnologia. Segundo Abramo, as mudanças visam a tornar a empresa ainda mais competitiva globalmente. “Além disso, a troca de experiências contribui para o aproveitamento dos conhecimentos dos diretores que já atuaram em diferentes posições dentro das empresas”, explica o executivo.

ACOMODAMENTO

Neste cenário adverso, há ainda o impacto das frequentes alterações nas regras do PSI/Finame, a linha de financiamento de investimentos do BNDES, responsável por financiar grande parte dos implementos rodoviários da linha pesada (incluindo reboques e semirreboques) no país.

Para Santa Catharina, o PSI/Finame foi instrumento muito importante para enfrentar o período pós-crise de 2009, acelerando a renovação das frotas. No entanto, é possível afirmar que o setor se adequou às novas condições subsidiadas e, como consequência, transferiu este acomodamento para o consumidor final. “Agora, com as modificações propostas pela atual equipe econômica, certamente demorará algum tempo para toda a cadeia assimilar a nova situação e voltar a demandar em padrões mais estáveis, guiada mais pelo potencial crescimento do PIB ao invés de ser empurrada apenas pelas facilidades de financiamento”, explica o executivo.

Para 2015, as novas regras do PSI incluem taxa anual de juros de 10% para as grandes empresas, de 9,5% para as pequenas e médias empresas e de 9% na modalidade Pró-Caminhoneiro, voltada para autônomos. O prazo de financiamento é de 72 meses (seis anos), com seis meses de carência para iniciar os pagamentos.

INCÓGNITA

Frente à imprevisibilidade dos desdobramentos da economia, Santa Catharina afirma que o ano ainda é uma incógnita para a Randon, uma vez que as medidas de ajuste fiscal devem ter efeitos concretos mais à frente, talvez em meses. “Em resumo, não será um ano fácil, especialmente para o setor de bens de capital”, pontua.

Para efeito de planejamento, o setor trabalha com a perspectiva inicial de recuperação a partir do segundo semestre de 2015, com hipótese de que o ano seja muito semelhante a 2014. “Estamos ainda em um período de acompanhamento das tendências”, diz o diretor. “É preciso aguardar um pouco para termos mais elementos sobre o que fazer para manter a companhia de forma competitiva.”

Uma luz no fim do túnel para o setor de implementos surge em relação à safra agrícola, que tem projeção de produção de 202 milhões de toneladas de grãos, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Para a Randon, esse é um fator positivo e nada desprezível, pois o setor de grãos é um forte indutor do país. “Existe uma correlação direta, pois o crescimento de qualquer setor no país caminha junto ao crescimento econômico”, frisa Santa Catharina. “Quando o PIB voltar a crescer, é natural que a necessidade de transporte de cargas também aumente.”

Anfir espera maior participação de bancos

Um dos pontos alterados nas novas regras do PSI/Finame foi o percentual de financiamento, que passou de 100% para até 70% do bem, enquanto empresas de maior porte poderão financiar em até 50% do valor para veículos rodoviários, como caminhões. Com isso, a perspectiva é de que as novas condições do PSI/Finame tragam impacto negativo nas vendas do setor já no primeiro trimestre do ano.

Conforme explica o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), Alcides Braga, a indústria espera que, a partir de agora, os bancos comerciais passem a complementar o valor dos bens, oferecendo taxas mais competitivas. “Isso é importante para atrair clientes a fazer aquisições sem desembolso de capital de giro”, avalia o dirigente.

Para a Anfir, a questão do financiamento é crucial neste momento, tendo em vista o “contágio” que tende a tornar as empresas mais receosas em investir. Após um período difícil para a maioria dos setores, a avaliação da entidade é que os resultados ruins do ano passado estão influenciando o comportamento dos empresários em 2015. “As empresas estão mais receosas em investir, apresentando um comportamento mais conservador para a compra de implementos rodoviários”, afirma Mario Rinaldi, diretor executivo da Anfir. “Por isso, os planos de aquisições e renovações serão revistos.”

 

 

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