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Revista M&T - Ed.187 - Fevereiro 2015
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Entrevista

Tecnologia é fazer mais com menos

Entrevista com Carlos Nogueira
Por Marcelo Januário (Editor)

Português de nascimento, o executivo Carlos Nogueira ostenta um currículo profissional irrepreensível, com mais de 20 anos de experiência em projetos no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, onde atuou em multinacionais como General Motors, General Electric e Motorola.

Graduado em engenharia mecânica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), o executivo também possui formação em contabilidade e obteve MBA em administração, expandindo suas competências para além do setor da engenharia e da construção.

Atual presidente da Trimble, Nogueira assumiu a diretoria executiva da filial brasileira da empresa em 2012, vindo dos Estados Unidos. Atualmente, o executivo é responsável pela execução dos planos de expansão dos negócios da corporação para a América Latina em cinco grandes áreas: construção civil pesada, agricultura, geoespacial, transporte e logística.

Nesta entrevista, Nogueira discorre sobre os resultados dessas ações, além de avaliar o impacto da tecnologia no setor da construção e abordar assuntos como retração de mercado, parcerias, estratégias, tendências e outros. Acompanhe.

M&T – Qual é o conceito de automação da Trimble?

Carlos Nogueira – Atuamos em um triângulo. De um lado, há o posicionamento, do outro lado do triângulo temos a transmissão dessas informações em tempo real e, no terceiro lado, o processamento dessas informações, que faz com que o processo seja mais eficiente.

M&T – Nesse sentido, qual é o ganho efetivo de produtividade que essas soluções oferecem aos equipamentos móveis de construção?

Carlos Nogueira – Isso depende de aplicação. Mas algumas estatísticas sobre a construção civil pesada mostram que, em média, há uma melhoria de 30% na parte de movimentação de terra. Ou seja, com os nossos sistemas e tecnologias, é possível obter um ganho de 30% na produtividade dos equipamentos que atuam em uma obra. Na parte de projeto, também há um ganho de 30% em termos de custos gerais, além de uma significativa redução de 55% de tempo na pré-construção, como a análise do terreno realizada antes de se construir a estrada, por exemplo. Ou seja, no momento que o usuário automatiza os d


Português de nascimento, o executivo Carlos Nogueira ostenta um currículo profissional irrepreensível, com mais de 20 anos de experiência em projetos no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, onde atuou em multinacionais como General Motors, General Electric e Motorola.

Graduado em engenharia mecânica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), o executivo também possui formação em contabilidade e obteve MBA em administração, expandindo suas competências para além do setor da engenharia e da construção.

Atual presidente da Trimble, Nogueira assumiu a diretoria executiva da filial brasileira da empresa em 2012, vindo dos Estados Unidos. Atualmente, o executivo é responsável pela execução dos planos de expansão dos negócios da corporação para a América Latina em cinco grandes áreas: construção civil pesada, agricultura, geoespacial, transporte e logística.

Nesta entrevista, Nogueira discorre sobre os resultados dessas ações, além de avaliar o impacto da tecnologia no setor da construção e abordar assuntos como retração de mercado, parcerias, estratégias, tendências e outros. Acompanhe.

M&T – Qual é o conceito de automação da Trimble?

Carlos Nogueira – Atuamos em um triângulo. De um lado, há o posicionamento, do outro lado do triângulo temos a transmissão dessas informações em tempo real e, no terceiro lado, o processamento dessas informações, que faz com que o processo seja mais eficiente.

M&T – Nesse sentido, qual é o ganho efetivo de produtividade que essas soluções oferecem aos equipamentos móveis de construção?

Carlos Nogueira – Isso depende de aplicação. Mas algumas estatísticas sobre a construção civil pesada mostram que, em média, há uma melhoria de 30% na parte de movimentação de terra. Ou seja, com os nossos sistemas e tecnologias, é possível obter um ganho de 30% na produtividade dos equipamentos que atuam em uma obra. Na parte de projeto, também há um ganho de 30% em termos de custos gerais, além de uma significativa redução de 55% de tempo na pré-construção, como a análise do terreno realizada antes de se construir a estrada, por exemplo. Ou seja, no momento que o usuário automatiza os dados que vai usar, reduz custos e tempo.

M&T – Como vocês obtêm esses números?

Carlos Nogueira – É um feedback dos nossos clientes. A cada dois anos, temos um evento em que os nossos clientes e parceiros elaboram projetos que realizaram em torno da tecnologia. Afinal, no dia a dia, um dos objetivos em utilizarem o equipamento é a eficiência, pois os softwares permitem uma visualização imediata para o cliente. Do mesmo modo, fizemos uma experiência de engenharia em que pedimos aos nossos contratados que usassem todas as tecnologias disponíveis, para comparar o que efetivamente construímos com a tecnologia.

M&T – Os dados colhidos pelos sistemas também têm impacto direto na gestão das frotas?

Carlos Nogueira – Certamente. Nosso propósito é melhorar a maneira que o construtor trabalha. Para isso, temos ferramentas como um software denominado Connect Site, que integra as informações dos equipamentos e permite que o usuário visualize, em tempo real, a localização de suas motoniveladoras, carregadeiras etc. Com isso, é possível saber exatamente onde a máquina está, mas o software também disponibiliza informações de produtividade, de modo que o gestor da obra obtém uma fotografia do que está acontecendo: o que a frota está fazendo, o que está disponível, o que está parado, ou seja, informações a qualquer momento sobre tudo o que acontece na obra.

M&T – Mas esses recursos não encarecem a operação?

Carlos Nogueira – É claro que para instalar essa série de softwares há um custo inicial. Mas esse custo inicial é rapidamente pago com os ganhos de produtividade obtidos. Como eu disse antes, 55% de tempo de operação, 30% de redução na gestão de projeto e 30% de eficiência na movimentação de terra são índices relevantes, ganhando-se assim no total da obra.

M&T – A propósito, qual é a relação custo-benefício?

Carlos Nogueira – Em relação ao custo-benefício, também depende do projeto. Primeiro, os equipamentos não precisam ser instalados todos ao mesmo tempo – pode começar com o controle de máquinas, depois implantar áreas de logística etc., isto é, tudo pode ser feito gradativamente. Outra vantagem é que os sistemas instalados em motoniveladoras podem ser reinstalados em outras máquinas. Tome como exemplo uma construtora que faz um projeto em Belo Monte (no Pará) e outro no Rio Grande do Sul. De repente, a parte que ela precisava de controle da máquina para motoniveladora em Belo Monte acaba, mas a máquina vai continuar fazendo esse tipo de trabalho, pois eles podem deslocar a máquina e as soluções.

M&T – O fato de as soluções serem instaladas não inviabiliza uma popularização mais rápida?

Carlos Nogueira – Sem dúvida, esse é um problema. Afinal, trabalhar com hardware exige investimentos. Por isso, temos trabalhando junto ao governo brasileiro sobre essa questão, no sentido de obter isenção para equipamentos sem similar nacional. E, como a maioria dos nossos equipamentos não tem similar nacional, conseguimos em negociação com governo uma redução tarifária. Temos diversas categorias que têm sua alíquota de importação reduzida, sendo que essa negociação não é válida só para a Trimble, mas para qualquer fabricante. As nossas negociações são para a indústria como um todo.

M&T – Há compatibilidade entre os sistemas?

Carlos Nogueira – Sim, nossos sistemas também podem funcionar com hardware de outros fabricantes. Aliás, hoje a Trimble está mais voltada para área de software, para o processamento das informações, do que para hardware. A tendência atual é mais de prover uma solução para administração do projeto por meio de software do que propriamente o equipamento para a máquina. Em outras palavras, a parte mais importante é a administração, a solução completa.

M&T – Quais os desafios que o Brasil apresenta para esses produtos de alta tecnologia?

Carlos Nogueira – Atualmente, as pessoas já estão acostumadas com o uso da tecnologia, até mesmo na área agrícola. Cada vez mais, os engenheiros vivem a tecnologia. Isso já faz parte da cultura, mas é claro que as pessoas têm de se adaptar à tecnologia moderna. A tecnologia penetra profundamente em todos os ramos da sociedade e, no ramo da construção civil, isso se dá com o tempo. Aqui no Brasil, inclusive, as faculdades de engenharia já contam com ferramentas para saber como usar melhor a tecnologia.

M&T – Como tem sido o desempenho comercial?

Carlos Nogueira – Há mais de 30 anos nossos produtos estão presentes no Brasil e na América Latina, por meio de distribuidores. Inaugurado em 2012, nosso escritório regional em Campinas (SP) tem crescido bastante, contabilizando 30 pessoas no total, entre equipes de engenheiros e técnicos de suporte. Não tenho como divulgar números de crescimento, mas posso garantir que é um mercado com grande espaço, pois se trata de uma região que necessita de tecnologia. O Brasil é muito importante para nós, pois é um mercado que está sempre crescendo e tem um potencial tremendo, onde você não deixa de ver obras.

M&T – As parcerias com fabricantes auxiliam na popularização dos produtos?

Carlos Nogueira – Essas parcerias mundiais são importantes. A Caterpillar, por exemplo, escolheu a Trimble como parceira por sermos especializados em tornar as operações mais eficientes. Com isso, temos a possibilidade do fornecimento de equipamentos já de fábrica, como no caso de máquinas da Cat e também da CNH. É uma garantia da qualidade dos produtos, pois dá respaldo ser fornecedor dessas empresas. No entanto, a penetração desses equipamentos de fábrica ainda é pequena no Brasil, pois em geral as máquinas – especialmente equipamentos rodoviários – são vendidas sem esses equipamentos instalados. Mas na área agrícola já está aumentando.

M&T – Isso faz diferença em relação à concorrência?

Carlos Nogueira – Sem dúvida. Obviamente, trabalhar com empresas como Cat e CNH, que são especialistas em soluções, dá um subsidio muito grande para o desenvolvimento e melhoria de produtos. Afinal, como eu disse, o importante para nós é o sistema como um todo, não só software ou hardware, mas o equipamento para a informação. Nesse aspecto, aliás, eu diria que a Trimble é única, pois temos concorrentes apenas pontuais. É uma da poucas companhias do mundo que está fazendo a transição de uma empresa de hardware para uma empresa de solução completa, uma transição importante, mas difícil, que poucas empresas fizeram antes. Hoje, cerca de 80% dos nossos engenheiros trabalham com software.

M&T – Como avalia a atual desaceleração do mercado de construção?

Carlos Nogueira – Em geral, a área de construção civil pesada ainda utiliza muito pouco esta tecnologia. Porém, quando se fala em crise de mercado, resumidamente significa fazer mais com menos. E a nossa tecnologia facilita justamente isso, pois busca fazer mais com menos recursos. Por isso, essas restrições de mercado até nos ajudam. Como as nossas ferramentas tornam o trabalho mais eficiente, a empresa pode investir nas máquinas que já tem para torná-las mais eficientes e realizar mais obras, sem precisar comprar mais equipamentos.

M&T – Qual é a participação da construção civil pesada nos negócios da Trimble?

Carlos Nogueira – Ainda é marginal, mas tende a crescer. Nos últimos cinco anos, a Trimble fez cerca de 30 aquisições de outras companhias, pois quer formar um portfólio completo. Quando não temos a solução desenvolvida dentro da Trimble, buscamos companhias para fornecer essa solução. De forma geral, há um espaço muito grande para crescer nas cinco áreas em atuamos. No ano passado, tivemos um faturamento mundial de 2 a 3 bilhões de dólares, sendo que as duas alavancas desse crescimento foram resultado da expansão geográfica. Antes, os negócios eram mais centrados no mercado norte-americano, mas agora estão espalhados pelo mundo. Outro motivo foi a integração em uma solução completa para o cliente, expandindo as áreas de atuação.

M&T – Em termos de tecnologia, o que esperar para o futuro?

Carlos Nogueira – A tecnologia está evoluindo. Na agricultura, por exemplo, há várias aplicações que podem ser utilizadas, como na verificação de chuva. Também existem tecnologias de reconhecimento cartográfico, para projetar ferrovias, ou mesmo veículos para escaneamento de rodovias e inspeção de estradas, o que ainda é feito de forma basicamente manual. São tecnologias já disponíveis, mas que não estão sendo utilizadas, nem aplicadas.

 

 

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