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Revista M&T - Ed.173 - Outubro 2013
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Fabricante

Um entrante calejado

Com quase dois séculos de história, a John Deere quer aumentar sua projeção global com a implantação de novas fábricas em mercados emergentes como o Brasil
Por Marcelo Januário (Editor)

O melhor ainda está por vir. É assim que a norte-americana Deere & Company apresenta sua estratégia de crescimento em âmbito global. Para uma empresa que já conta com 176 anos de história, possui 64 fábricas em 17 países e faturou US$ 38 bilhões em 2012, é no mínimo estimulante imaginar aonde a marca quer chegar.

O fato é que o grupo já é hoje um dos maiores fabricantes de equipamentos do mundo, com um portfólio de produtos que inclui mais de 600 modelos de máquinas agrícolas, seu principal nicho de mercado, além de motores e equipamentos para construção, jardinagem e indústria florestal.

A novidade, que dá bem o tom dos novos tempos que se anunciam não apenas no mercado de equipamentos, é que o Brasil está incluído nesta estratégia. “O Brasil será uma peça muito importante para nós”, enfatiza Samuel R. Allen, chairman e CEO da Deere & Company desde 2010. “Nossos melhores dias ainda estão por vir e o Brasil faz parte disso.”

O executivo refere-se à necessidade de o grupo avançar nos mercados emergentes, que mostram potencial de expansão econômica e, por isso, podem constituir alternativas viáveis ao tradicional (e nesta altura já longamente estagnado) mercado de equipamentos da Europa, ainda sua segunda principal fonte de receitas por continente. Mas segundo o chairman não por muito tempo. “A América Latina está crescendo e, até o final da década, vai empatar com a Europa”, prevê Allen. Segundo ele, o posto de principal mercado da empresa deve continuar com a América do Norte, na qual só nos EUA e Canadá a empresa possui 430 lojas de distribuidores, cobrindo 88% do território nestes dois países.

REPOSICIONAMENTO

Em 2010, em plena crise econômica que provocou uma retração de 68% no mercado de equipamentos, a Deere montou um plano de reestruturação de suas operações, visando a aumentar a participação internacional e elevar as receitas a US$ 50 bilhões até 2018, em um aumento vertiginoso de 30% sobre o volume atual, ou de 7% a 9,2% ao ano.

Para tanto, a empresa vem modernizando unidades nos EUA (leia Box na pág. 36) e, nos últimos dois anos, implantou sete novas fábricas no mundo, incluindo plantas fabris para a produção de tratores na Índia, motores na China e equipamentos


O melhor ainda está por vir. É assim que a norte-americana Deere & Company apresenta sua estratégia de crescimento em âmbito global. Para uma empresa que já conta com 176 anos de história, possui 64 fábricas em 17 países e faturou US$ 38 bilhões em 2012, é no mínimo estimulante imaginar aonde a marca quer chegar.

O fato é que o grupo já é hoje um dos maiores fabricantes de equipamentos do mundo, com um portfólio de produtos que inclui mais de 600 modelos de máquinas agrícolas, seu principal nicho de mercado, além de motores e equipamentos para construção, jardinagem e indústria florestal.

A novidade, que dá bem o tom dos novos tempos que se anunciam não apenas no mercado de equipamentos, é que o Brasil está incluído nesta estratégia. “O Brasil será uma peça muito importante para nós”, enfatiza Samuel R. Allen, chairman e CEO da Deere & Company desde 2010. “Nossos melhores dias ainda estão por vir e o Brasil faz parte disso.”

O executivo refere-se à necessidade de o grupo avançar nos mercados emergentes, que mostram potencial de expansão econômica e, por isso, podem constituir alternativas viáveis ao tradicional (e nesta altura já longamente estagnado) mercado de equipamentos da Europa, ainda sua segunda principal fonte de receitas por continente. Mas segundo o chairman não por muito tempo. “A América Latina está crescendo e, até o final da década, vai empatar com a Europa”, prevê Allen. Segundo ele, o posto de principal mercado da empresa deve continuar com a América do Norte, na qual só nos EUA e Canadá a empresa possui 430 lojas de distribuidores, cobrindo 88% do território nestes dois países.

REPOSICIONAMENTO

Em 2010, em plena crise econômica que provocou uma retração de 68% no mercado de equipamentos, a Deere montou um plano de reestruturação de suas operações, visando a aumentar a participação internacional e elevar as receitas a US$ 50 bilhões até 2018, em um aumento vertiginoso de 30% sobre o volume atual, ou de 7% a 9,2% ao ano.

Para tanto, a empresa vem modernizando unidades nos EUA (leia Box na pág. 36) e, nos últimos dois anos, implantou sete novas fábricas no mundo, incluindo plantas fabris para a produção de tratores na Índia, motores na China e equipamentos para construção no Brasil. Tal foco, é claro, justifica-se pelos números. No caso do Brasil, Allen destaca que o país é hoje o terceiro em volume de receitas da empresa, sendo que há apenas cinco anos era o sexto. E, em breve, como afirma o executivo, será o segundo, ultrapassando o Canadá. “Para chegarmos ao nosso objetivo, decidimos que precisamos competir em países como Brasil, Rússia, Índia e China”, diz ele. “Isso evidentemente também inclui a disputa de mercado com empresas de baixo custo.”

Tal percepção é reforçada por Michael Mack Jr., presidente mundial da John Deere Construction & Forestry Division, que representa 25% do faturamento global da Deere & Company. “Abrimos os olhos para a importância do mercado brasileiro, que atualmente é extremamente atrativo”, ressalta. Segundo a análise do executivo, o país apresenta uma tendência de crescimento sustentável, podendo avançar no segmento com taxas médias de 8% ao ano até 2020. “O país também vem passando por um processo de incorporação de tecnologias de classe mundial, além de já possuir uma ampla, sólida e economicamente forte base de concessionárias”, salienta.

EXPERTISE

Nesse ponto, Mack destaca que a rede de distribuidores no Brasil (que atualmente conta com quatro concessionárias) deve chegar a 24 unidades até 2014. “Somos afortunados ao atrair concessionárias de alta qualidade”, diz. “E essa rapidez e qualidade na montagem da rede já tem até provocado ciúmes na concorrência.”

Tirar vantagem da expertise, aliás, é um dos pontos centrais da estratégia de crescimento do grupo. Segundo Mack, 43% do pessoal que atua no segmento de construção provêm do negócio agrícola (no qual a empresa atua desde 1999 no país), o que resulta em uma “base capaz e experiente” para desenvolver a participação no mercado brasileiro. “Esta migração do pessoal ajuda a consolidar a visão da marca, pois todos conhecem a cultura e são comprometidos”, descreve. “E essa evidentemente é uma grande vantagem.”

Neste curto espaço de tempo, diz o executivo, o feedback de clientes e concessionários tem sido “fantástico” em relação à qualidade do produto, compromisso da marca e o suporte de vendas. Mas o início com pé direito não exclui a cautela, necessária para um jogo de longo prazo como é o da construção. “Esta indústria é muito cíclica, por isso é importante ter flexibilidade, prestar atenção nos preços e virar os ativos de maneira rápida”, frisa Mack. “Assim, não é possível traçar uma perspectiva de curto prazo, mas temos primeiro de aprender o negócio e ir conquistando espaço aos poucos.”

FÁBRICAS

Apesar do tom cuidadoso do executivo, a meta da empresa no Brasil é bastante clara e ambiciosa. Para galgar uma posição entre os quatro maiores fabricantes da Linha Amarela de equipamentos no Brasil, a empresa iniciou no anos passado a instalação de duas fábricas em Indaiatuba (SP), onde a partir de novembro próximo serão produzidas retroescavadeiras, pás carregadeiras e – em parceria com a Hitachi Construction Machinery – escavadeiras, além de manter a importação de motoniveladoras e tratores de esteira.

No total, a empresa investiu US$ 124 milhões no projeto, enquanto a Hitachi entrou com US$ 56 milhões. Maior investimento da divisão de construção da companhia fora da América do Norte, o aporte é considerado necessário para a companhia inserir-se em tempo recorde entre os maiores fabricantes com presença local, segundo aponta Roberto Marques, gerente nacional de vendas da John Deere. “A produção nacional deve girar em torno de 3 mil máquinas por ano e empregará diretamente 600 pessoas, o que permite comparar a produção prevista com outras grandes fabricantes que instituíram unidades locais recentemente”, afirma.

"Empresa se diz preparada para o Risco Brasil”

Questionado sobre os riscos de investir no Brasil, o CEO da Deere & Company, Samuel R. Allen, afirma que esta é uma preocupação comum a todos os países que compõem o chamado Grupo dos BRICs, principalmente em relação a aspectos legais e de organização do Estado. “No Brasil, um dos aspectos mais difíceis é o sistema jurídico muito complexo e ineficiente, o que dificulta o avanço como gostaríamos”, crava o executivo.

Outro potencial problema apontado por Allen são as altas taxas de importação, que obrigam os players a fabricar localmente para participar do mercado. “Esta é uma clara desvantagem, que torna o país pouco competitivo em termos globais”, avalia. “Também não é muito bom para exportação, necessitando de um mercado interno que justifique os aportes.” Segundo o CEO, a maneira como o Brasil conseguirá lidar com esses fatores será determinante para uma eventual consolidação no cenário internacional. “É preciso equilíbrio e muito cuidado, se o Brasil quiser fazer crescer sua base industrial”, diz.

Apesar das ressalvas, Allen considera o Brasil como o mercado de menor risco dentre os BRICs, devido ao grande potencial de crescimento e dos compromissos assumidos pelo governo com a infraestrutura. “Em nosso plano, olhamos para um período de crescimento de 20 a 30 anos, mas também estamos preparados se isso não acontecer”, finaliza.

Estratégia inclui modernização de fábricas

Segunda maior fabricante de equipamentos dos EUA, a Deere & Company está modernizando suas fábricas como forma de aumentar a competitividade e presença global. Estimulada pela recuperação do mercado norte-americano, a empresa vem, por exemplo, atualizando as linhas de produção da John Deere Davenport Works, que desde 1974 produz caminhões basculantes articulados, carregadeiras, motoniveladoras, tratores florestais e cabines. No local são fabricadas por ano entre 700 e 750 máquinas, das quais aproximadamente 35% são exportadas.

Além da reorganização do fluxo interno de materiais, a unidade de 1.200 funcionários incorporou recentemente novos recursos operacionais, como um sistema de plasma de alta definição para cortes até 39 mm, robôs de soldagem, máquinas para usinagem pós-soldagem e pintura robotizada. Como parâmetro das melhorias, esta última apelidada de “Iron Bear” (Urso de Ferro, em tradução livre) permitiu à empresa reduzir de 4 horas para 12 minutos o tempo da pintura interna e articulações das máquinas, apoiado por seis braços robóticos da marca ABB com capacidade de 7,5 ton. “Com a modernização, o setor de construção vai conquistar uma fatia maior no faturamento do grupo”, afirma Eric Fish, gerente de projetos e operações da fábrica.

Tecnologia - A atualização operacional também é fortemente apoiada pelo Centro de Inovação Tecnológica, que atua junto às instalações do headquarter mundial da empresa, em Moline, Illinois. “Usamos a tecnologia para aperfeiçoar a operação, como encher completamente a pá do equipamento, independentemente de quem a esteja operando”, explica Pushpa V. Manukonda, gerente de estratégias para tecnologia e inovação da Deere & Company. “Mas estamos focados não apenas na tecnologia em si, como também nas considerações de negócio, regulamentações e o que acontece na indústria de um modo mais amplo, que vai impactar diretamente sobre o que introduzimos em nossas máquinas.”

 

 

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