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Revista M&T - Ed.180 - Junho 2014
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Coluna do Yoshio

Urbanismo e qualidade de vida

Atualmente, dizer que a vida nas metrópoles está muito difícil é como “chover no molhado”, de tão óbvia se tornou tal constatação. Afinal, para a maioria da população urbana mundial, a qualidade de vida das grandes cidades vem se deteriorando já há muitos anos, em diversos aspectos e níveis.

É certo que, nas sociedades industriais, cerca de um terço do nosso tempo é dedicado ao descanso, enquanto trabalhamos efetivamente outro terço do nosso tempo, aproximadamente. No terço restante, tentamos cuidar de assuntos pessoais, das relações com os familiares e, indubitavelmente, da locomoção entre estas atividades.

Como o tempo dedicado ao descanso e ao trabalho é fixo – ou quase fixo – para a maioria de nós, os olhares voltam-se ao terço em que fazemos nossas coisas pessoais e tentamos nos locomover. O fato é que, nas megacidades, o tempo de locomoção vem absorvendo uma parcela cada vez maior do tempo discricionário que temos disponível para isso. Para muitas pessoas, quase a metade do tempo fora das atividades profissionais e de descanso é consumido em uma (cada vez mais) sofrida locomoção por intermináveis engarrafamentos, filas gigantescas de veículos e sistemas viários abarrotados e esgotados.

Na impossibilidade definitiva de se produzir mais tempo dentro do sistema produtivo, qualquer tentativa de melhoria da qualidade de vida reside em “ganhar” algum tempo nas demais atividades, principalmente na locomoção. Nesse sentido, residir próximo ao local de trabalho é, sem dúvida, uma solução viável. Mas nem sempre é possível conciliar um local que seja ideal a todos os membros da família, envolvendo trabalho, escolas, serviços públicos e comércio de abastecimento.

Claro que isso poderia ser melhorado com a descentralização dos serviços e atividades de atendimento à população. Mas a simples pulverização não traz uma solução otimizada. Teríamos de imaginar “clusters” (com o perdão pelo anglicismo, pois não há tradução adequada, afora um impreciso “agrupamentos”) com um conjunto de serviços reunidos em um centro local, onde a população pudesse atender às suas necessidades diárias.

Posicionados mais próximos às residências, conjuntos como escolas, hospitais, serviços, empregos, comércio e outros teriam de integrar um “redesenho” urbano mais adequado aos fluxos contemporâneos. J


Atualmente, dizer que a vida nas metrópoles está muito difícil é como “chover no molhado”, de tão óbvia se tornou tal constatação. Afinal, para a maioria da população urbana mundial, a qualidade de vida das grandes cidades vem se deteriorando já há muitos anos, em diversos aspectos e níveis.

É certo que, nas sociedades industriais, cerca de um terço do nosso tempo é dedicado ao descanso, enquanto trabalhamos efetivamente outro terço do nosso tempo, aproximadamente. No terço restante, tentamos cuidar de assuntos pessoais, das relações com os familiares e, indubitavelmente, da locomoção entre estas atividades.

Como o tempo dedicado ao descanso e ao trabalho é fixo – ou quase fixo – para a maioria de nós, os olhares voltam-se ao terço em que fazemos nossas coisas pessoais e tentamos nos locomover. O fato é que, nas megacidades, o tempo de locomoção vem absorvendo uma parcela cada vez maior do tempo discricionário que temos disponível para isso. Para muitas pessoas, quase a metade do tempo fora das atividades profissionais e de descanso é consumido em uma (cada vez mais) sofrida locomoção por intermináveis engarrafamentos, filas gigantescas de veículos e sistemas viários abarrotados e esgotados.

Na impossibilidade definitiva de se produzir mais tempo dentro do sistema produtivo, qualquer tentativa de melhoria da qualidade de vida reside em “ganhar” algum tempo nas demais atividades, principalmente na locomoção. Nesse sentido, residir próximo ao local de trabalho é, sem dúvida, uma solução viável. Mas nem sempre é possível conciliar um local que seja ideal a todos os membros da família, envolvendo trabalho, escolas, serviços públicos e comércio de abastecimento.

Claro que isso poderia ser melhorado com a descentralização dos serviços e atividades de atendimento à população. Mas a simples pulverização não traz uma solução otimizada. Teríamos de imaginar “clusters” (com o perdão pelo anglicismo, pois não há tradução adequada, afora um impreciso “agrupamentos”) com um conjunto de serviços reunidos em um centro local, onde a população pudesse atender às suas necessidades diárias.

Posicionados mais próximos às residências, conjuntos como escolas, hospitais, serviços, empregos, comércio e outros teriam de integrar um “redesenho” urbano mais adequado aos fluxos contemporâneos. Já existem projetos e iniciativas que têm o potencial de melhorar a qualidade de vida da população, proporcionando este necessário “ganho” de tempo ao cidadão. No entanto, é necessário que o poder público participe mais, apoiando tais iniciativas para viabilizar a formação de “clusters” nas cidades de grande porte.

Isso porque melhorar a qualidade de vida nas cidades passa obrigatoriamente pela redução do tempo consumido pela locomoção. Mas que os “clusters” não sejam vistos apenas como uma solução elitista para as minorias, com o poder público garantindo que a nova urbanização beneficie a todos, indiscriminadamente.

*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema

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