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Revista M&T - Ed.205 - Setembro 2016
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Mercado

Um passo à frente para os chineses

Fabricantes chineses aproveitam momento de instabilidade no mercado para reforçar seu posicionamento no país, aperfeiçoando produtos e superando gargalos em serviços

Buscando reforçar seu posicionamento no mercado, algumas das principais fabricantes chinesas de equipamentos de construção seguem investindo em suas operações no Brasil. Seja por meio de localização da produção, consolidação das redes ou diversificação de mercado, aos poucos elas vêm superando as desconfianças e já ensaiam um upgrade de sua participação baseadas em maior disponibilidade de produtos e atendimento de alto nível. Se elas chegarão lá, ainda é cedo para saber, mas proeminência econômica não falta para tanto.

Afinal, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, desde 2009 a China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil, constituindo uma das principais fontes de investimento no país ao longo dos últimos anos. Naquele ano, a China passou a figurar não só como o maior comprador das exportações nacionais, mas também como principal parceiro comercial do Brasil pelo critério do fluxo de comércio. Em 2012, para fechar a conta, a China se tornou o principal fornecedor de produtos importados pelo Brasil.

A balança comercial registra a evolução. No ano passado, o Brasil exportou para a China um total de US$ 35,6 bilhões, importando US$ 30,7 bilhões (contra US$ 40,6 bilhões e US$ 37,3 bilhões em 2014, respectivamente), obtendo um superávit no comércio bilateral de US$ 4,9 bilhões. Desde 2009, o Brasil acumula um superávit de quase US$ 46 bilhões com o Dragão Asiático. Ainda segundo o MRE, a China também figura entre as principais fontes de investimento estrangeiro direto no Brasil, especialmente nos setores de energia e mineração, siderurgia e agronegócio. Além disso, observa-se a diversificação dos investimentos chineses no país para segmentos como automobilístico e de máquinas e equipamentos para infraestrutura.

Em maio de 2015, inclusive, o primeiro-ministro chinês Li Keqiang veio ao Brasil para a assinatura de acordos que resultaram na criação do Fundo Brasil-China para Expansão da Capacidade Produtiva, no valor de US$ 20 bilhões, com vistas a promover investimentos em infraestrutura e logística, energia, mineração, indústria e agricultura, entre outros segmentos. E é justamente aqui que a estratégia das fabricantes se fortalece.

ESFORÇOS

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Buscando reforçar seu posicionamento no mercado, algumas das principais fabricantes chinesas de equipamentos de construção seguem investindo em suas operações no Brasil. Seja por meio de localização da produção, consolidação das redes ou diversificação de mercado, aos poucos elas vêm superando as desconfianças e já ensaiam um upgrade de sua participação baseadas em maior disponibilidade de produtos e atendimento de alto nível. Se elas chegarão lá, ainda é cedo para saber, mas proeminência econômica não falta para tanto.

Afinal, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, desde 2009 a China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil, constituindo uma das principais fontes de investimento no país ao longo dos últimos anos. Naquele ano, a China passou a figurar não só como o maior comprador das exportações nacionais, mas também como principal parceiro comercial do Brasil pelo critério do fluxo de comércio. Em 2012, para fechar a conta, a China se tornou o principal fornecedor de produtos importados pelo Brasil.

A balança comercial registra a evolução. No ano passado, o Brasil exportou para a China um total de US$ 35,6 bilhões, importando US$ 30,7 bilhões (contra US$ 40,6 bilhões e US$ 37,3 bilhões em 2014, respectivamente), obtendo um superávit no comércio bilateral de US$ 4,9 bilhões. Desde 2009, o Brasil acumula um superávit de quase US$ 46 bilhões com o Dragão Asiático. Ainda segundo o MRE, a China também figura entre as principais fontes de investimento estrangeiro direto no Brasil, especialmente nos setores de energia e mineração, siderurgia e agronegócio. Além disso, observa-se a diversificação dos investimentos chineses no país para segmentos como automobilístico e de máquinas e equipamentos para infraestrutura.

Em maio de 2015, inclusive, o primeiro-ministro chinês Li Keqiang veio ao Brasil para a assinatura de acordos que resultaram na criação do Fundo Brasil-China para Expansão da Capacidade Produtiva, no valor de US$ 20 bilhões, com vistas a promover investimentos em infraestrutura e logística, energia, mineração, indústria e agricultura, entre outros segmentos. E é justamente aqui que a estratégia das fabricantes se fortalece.

ESFORÇOS

A evolução comercial bilateral vem reforçando a movimentação de algumas fabricantes em território nacional em tempos recentes. Para fixar-se de forma definitiva em território brasileiro, a multinacional estatal XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group), por exemplo, instalou em 2014 uma fábrica na cidade de Pouso Alegre (MG), onde produz guindastes, motoniveladoras, compactadores, pás carregadeiras, escavadeiras e máquinas para limpeza urbana, além de trazer recentemente sua linha agrícola e florestal no país.

Segundo Yansong Wang, presidente mundial do grupo, a fabricante já galgou uma forte presença no país, tanto no segmento de guindastes (no qual afirma ter um market share de mais de 60%) como no de equipamentos rodoviários. Mas quer ir além. “Concentramos os esforços em cinco modelos de produtos e buscamos o índice de nacionalização que nos permita oferecer o Finame, além de melhorar rapidamente a flexibilidade e confiabilidade do produto, para atender às necessidades do mercado brasileiro”, afirma.

O executivo garante que a XCMG ocupa a quinta posição entre os maiores fabricantes mundiais de equipamentos de construção. Para a sucursal brasileira, o objetivo é assumir a segunda posição no grupo no médio prazo, atrás apenas da fábrica no país-sede da empresa. “Para isso, queremos expandir as operações para toda a América Latina”, complementa Anderson Wong, gerente comercial da XCMG Brasil.

Um nicho que ilustra bem a estratégia do grupo é o agropecuário, no qual a China – para variar – é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil. Para ganhar espaço, a XCMG Brasil lançou recentemente uma linha agrícola e florestal, que – a princípio – inclui pás carregadeiras, escavadeiras e caminhões adaptados, além de acessórios como garfos, garras, caçambas e vassouras mecânicas. “A China precisa muito de grãos, café, carne e alimentos vindos do Brasil”, afirma Cui Jisheng, presidente da XCMG no país. “Isso abre espaço para uma relação comercial e econômica entre os dois países cada vez maior.”

APROXIMAÇÃO

A exemplo da XCMG, outra fabricante chinesa de equipamentos pesados inaugurou recentemente uma fábrica no país. Com ótimas perspectivas de crescimento no mercado nacional, a LiuGong Machinery também quer incomodar os fabricantes tradicionais na disputa por mercados na região, para o qual montou uma unidade fabril em Mogi Guaçu (SP). Inaugurada no ano passado, a fábrica conta com 26 mil m² de área total, sendo 6 mil m² de área construída, e deve disponibilizar os primeiros equipamentos pesados nacionais nos próximos meses, já com a possibilidade de financiamento com Finame. “O momento econômico atual do país nos permite ampliar e fortalecer nossa rede de distribuição, deixando-nos mais próximos de nossos clientes para vendas e pós-vendas”, comenta Bruno Barsanti, vice-presidente da LiuGong Latin America.

Apostando em um atendimento de alto padrão, a empresa fabrica no país modelos de escavadeiras, pás carregadeiras, retroescavadeiras, rolos compactadores e motoniveladoras. “O foco se justifica, pois o Brasil representa 50% do mercado da LiuGong na América Latina”, diz o executivo.

O momento de reinvenção para as fabricantes chinesas de equipamentos para construção é corroborado por Gustavo Gu, gerente geral da Zoomlion Heavy Industry Science & Technology para o Mercosul. Segundo ele, nos últimos dez anos as marcas chinesas trabalharam forte para aumentar a aceitação de seus produtos pelos clientes brasileiros. “Isso vem ocorrendo de forma gradual, mas consistente”, pontua o executivo da empresa, que recentemente ameaçou adquirir o negócio de guindastes da Terex.

A ponta de lança da fabricante no país é a Zoomlion Cifa, que atua no fornecimento de equipamentos, peças e serviços a partir de sua fábrica localizada em Indaiatuba (SP), que opera desde 2003 na fabricação de equipamentos para concreto. “A Zoomlion vem se concentrando em oferecer melhor qualidade de serviços e atendimento, aguardando um retorno da economia brasileira”, diz Gu. “De fato, a demanda por equipamentos diminuiu nos últimos dois anos, mas como o Brasil é o maior mercado latino-americano, acreditamos na sua recuperação e crescimento futuro.”

GLOBALIZAÇÃO

Nesse cenário de transformações, também há vez para estratégias globais de dual brand. É o caso da SDLG (Shandong Lingong Construction Machinery), empresa que há uma década é controlada pela Volvo CE. Ao invés de extinguir a marca, a VCE resolveu mantê-la como uma segunda linha global, concentrando inclusive alguns produtos exclusivamente sob sua bandeira, como motoniveladoras e escavadeiras, que tiveram linhas transferidas no ano passado.

À primeira vista, a estratégia pode até parecer temerária, tendo em vista que, para muitos clientes latino-americanos, os equipamentos chineses sempre foram considerados de baixo custo, refletindo assim em baixa qualidade e lapsos críticos no atendimento. Mas, para a VCE, não é bem assim. A empresa vislumbrou o potencial do maquinário chinês, trazendo a marca para o país inclusive com instalações industriais. Desde 2013, a marca produz equipamentos como escavadeiras e pás carregadeiras na fábrica em Pederneiras (SP), a primeira fora da China. Todos com Finame.

Segundo Babliton Cardoso, diretor da SDLG na América Latina, a percepção negativa já é coisa do passado, sendo dissipada gradativamente à medida que a globalização avança e os clientes têm acesso a bens de um número cada vez maior de fornecedores. “Com presença em diversos países, a SDLG não se posiciona como um fabricante chinês, mas sim como uma empresa global, competindo de igual com fabricantes de diversos países, não apenas com os chineses”, diz o executivo. “No segmento de carregadeiras compactas até uma tonelada, por exemplo, temos aproximadamente 40% do mercado brasileiro, trazidas ao país também por meio de importação.”

Localizada junto às instalações do Grupo Volvo, a fábrica brasileira é totalmente independente em termos de engenharia e fabricação. “Ao apostar no mercado brasileiro, a empresa investiu em uma rede estruturada, com distribuidores treinados, peças e serviços em estoque, o que foi determinante para o nosso sucesso em um curto espaço de tempo”, comemora Babliton. “E, mesmo com a situação atual, estamos ganhando mercado ano após ano.”

 

 

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