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Revista M&T - Ed.171 - Agosto 2013
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Entrevista

"A infraestrutura ganhou um cunho político"

A norte-americana John Deere está perto de inaugurar duas fábricas no Brasil, uma delas exclusiva, para produzir retroescavadeiras e pás carregadeiras, e outra em conjunto com a Hitachi, voltada para a fabricação de escavadeiras. No total, a empresa desembolsará US$ 124 milhões, enquanto o investimento da Hitachi será de US$ 56 milhões. Esse é o aporte considerado necessário para a companhia galgar uma posição entre os quatro maiores fabricantes da Linha Amarela de equipamentos no Brasil, uma missão cuja gestão operacional está nas mãos de Roberto Marques. Formado em engenharia agronômica, o executivo acompanha o mercado de equipamentos de construção e agrícola há mais de 20 anos (16 deles na própria John Deere) e, a partir de sua vasta experiência, está convicto de que as projeções para o setor são as melhores possíveis, uma vez que os investimentos nacionais em infraestrutura podem até tardar, mas não falharão. Acompanhe.

M&T – Como a divisão de construção da John Deere é organizada no Brasil?

Roberto Marques – Temos um escritório regional em Indaiatuba (SP), onde estão nossas estruturas de marketing, comercial, treinamento, suporte ao produto e gerenciamento da rede de distribuidores. E eu sou o responsável por toda essa estrutura. Além disso, temos os responsáveis pelas atividades fabris, ou seja, um gerente de operações para cada fábrica. Há ainda executivos responsáveis pelo Banco John Deere e pela operação de peças. Essa última, aliás, é centralizada junto ao estoque central de peças, próximo ao aeroporto de Viracopos (SP) e que atende tanto a área de equipamentos agrícolas quanto de construção.

M&T – Em que estágio encontra-se a fábrica brasileira?

Roberto Marques – A construção segue o cronograma que anunciamos na M&T Expo do ano passado, com previsão para o início da produção agora em outubro. A fábrica está praticamente finalizada no que tange à edificação e cobertura. No momento, estamos concentrados nos detalhes finais de montagem da parte industrial.

M&T – Quais máquinas serão fabricadas nessa estrutura?

Roberto Marques – Na verdade, são duas fábricas, ambas constru


A norte-americana John Deere está perto de inaugurar duas fábricas no Brasil, uma delas exclusiva, para produzir retroescavadeiras e pás carregadeiras, e outra em conjunto com a Hitachi, voltada para a fabricação de escavadeiras. No total, a empresa desembolsará US$ 124 milhões, enquanto o investimento da Hitachi será de US$ 56 milhões. Esse é o aporte considerado necessário para a companhia galgar uma posição entre os quatro maiores fabricantes da Linha Amarela de equipamentos no Brasil, uma missão cuja gestão operacional está nas mãos de Roberto Marques. Formado em engenharia agronômica, o executivo acompanha o mercado de equipamentos de construção e agrícola há mais de 20 anos (16 deles na própria John Deere) e, a partir de sua vasta experiência, está convicto de que as projeções para o setor são as melhores possíveis, uma vez que os investimentos nacionais em infraestrutura podem até tardar, mas não falharão. Acompanhe.

M&T – Como a divisão de construção da John Deere é organizada no Brasil?

Roberto Marques – Temos um escritório regional em Indaiatuba (SP), onde estão nossas estruturas de marketing, comercial, treinamento, suporte ao produto e gerenciamento da rede de distribuidores. E eu sou o responsável por toda essa estrutura. Além disso, temos os responsáveis pelas atividades fabris, ou seja, um gerente de operações para cada fábrica. Há ainda executivos responsáveis pelo Banco John Deere e pela operação de peças. Essa última, aliás, é centralizada junto ao estoque central de peças, próximo ao aeroporto de Viracopos (SP) e que atende tanto a área de equipamentos agrícolas quanto de construção.

M&T – Em que estágio encontra-se a fábrica brasileira?

Roberto Marques – A construção segue o cronograma que anunciamos na M&T Expo do ano passado, com previsão para o início da produção agora em outubro. A fábrica está praticamente finalizada no que tange à edificação e cobertura. No momento, estamos concentrados nos detalhes finais de montagem da parte industrial.

M&T – Quais máquinas serão fabricadas nessa estrutura?

Roberto Marques – Na verdade, são duas fábricas, ambas construídas em Indaiatuba (SP). Uma delas é exclusiva da John Deere, para produção de pás carregadeiras e retroescavadeiras. A outra resulta de uma parceria com a Hitachi para produzir escavadeiras das duas marcas. As escavadeiras serão produzidas em regime de joint venture, sendo que a máquina é basicamente a mesma, apenas com logotipia diferente: a Hitachi é laranja e a John Deere, amarela. Já a distribuição dos produtos fica a cargo da John Deere.

M&T – Qual será a capacidade de produção das fábricas?

Roberto Marques – Como se trata de uma empresa de capital aberto, não posso criar expectativa de produção ainda. Mas posso adiantar que produziremos uma quantidade de equipamentos suficiente para garantir uma crescente participação de mercado nos próximos anos.

M&T – Mas equipara a John Deere à concorrência?

Roberto Marques – Certamente, não devemos ficar longe da produção – de 3 mil máquinas por ano – de um dos principais players do mercado, por exemplo. Também posso pontuar que as nossas fábricas empregarão diretamente 600 pessoas, o que também permite comparar a produção prevista com a de outras fabricantes que instituíram unidades locais recentemente. Mas é importante frisar que as máquinas John Deere produzidas no Brasil terão exatamente a mesma tecnologia de ponta dos modelos fabricados em nossa matriz, nos Estados Unidos.

M&T – No Brasil, o setor de equipamentos pesados estagnou em 2012. Esse cenário não força a repensar os investimentos no país?

Roberto Marques – Admitimos que o mercado está “caminhando de lado”. Mas também é verdade que no ano passado a queda de 3% no volume de máquinas vendidas teve muito a ver com as vendas de caminhões, que caíram bem mais [por conta da entrada do Euro V]. Na Linha Amarela, a avaliação é que o mercado estagnou e, neste ano, se expurgarmos o lote de licitações do MDA, continuará do mesmo modo. Mas no caso da John Deere, esse cenário não causou um impacto direto, pois a construção das fábricas é um projeto de longo prazo. Tais percalços momentâneos sempre foram contemplados em nosso planejamento.

M&T – Mas, olhando para a conjuntura internacional, esses “percalços momentâneos” não parecem mais graves?

Roberto Marques – Se observarmos os próprios EUA, que continuam estagnados, realmente os movimentos não são muito favoráveis no mercado internacional. Mas, novamente, como o projeto de investimento da John Deere no Brasil foi balizado para o longo prazo, não há qualquer motivo para a matriz paralisar dos aportes. Com disse antes, já contemplávamos períodos de ciclo, com momentos de baixa. Mas sabemos que também teremos momentos de alta.

M&T – Em termos práticos, o que justifica essa expectativa?

Roberto Marques – No Brasil, o setor de equipamentos para atender à infraestrutura está diretamente ligado à capacidade de produção da parte agrícola. Afinal, boa parte da produção mundial de alimentos sai daqui. Portanto, considerando o aumento populacional, a necessidade de mais alimentos e o aumento de produção agrícola do Brasil, presumimos que também há necessidade por melhor infraestrutura. Trata-se de um caminho sem volta. Além disso, a infraestrutura ganhou um cunho politico, no qual o governo passou a considerá-la como necessidade estratégica de primeira ordem.  Então, os investimentos em grandes obras podem até não ocorrer na velocidade que desejamos – como foi em 2012 e no primeiro semestre de 2013 –, mas cedo ou tarde eles acontecerão.

M&T – Ao contrário da Linha Amarela, as vendas de equipamentos compactos cresceram no ano passado. Quais são os planos para essa classe de máquinas?

Roberto Marques – Nossos negócios têm fases. Agora, por uma questão estratégica, estamos focados na produção dos equipamentos com maior volume de vendas, como pás carregadeiras, retroescavadeiras e escavadeiras. Numa segunda fase, estudaremos várias linhas, não só os compactos, mas também a linha de escavadeiras e carregadeiras de maior porte, além de outras classes de máquinas que integram o nosso portfólio mundial. Mas, em virtude do crescimento que o segmento tem apresentado, sem dúvida não há como não considerar a viabilidade dos compactos.

M&T – A propósito, como os negócios no setor de construção têm se comportado?

Roberto Marques – Começamos o trabalho com essa divisão no ano passado e, até agora, ainda estamos focamos em estruturar nossa rede de distribuição. A rede, aliás, começou a inaugurar lojas em abril deste ano. Optamos por ter poucos distribuidores, mas parrudos. Nesse sentido, já nomeamos três dealers fortes, que já detêm conhecimento no setor de construção e que, principalmente, têm capacidade financeira para suportar o crescimento que almejamos para os próximos anos. A Tauron, por exemplo, era distribuidora da Terex. A Inova já era distribuidora da área agrícola da John Deere e da divisão de caminhões da Volvo. E a Mega era distribuidora da Hyundai. Além desses três, devemos nomear mais dois dealers até o fim do ano, alcançando o atendimento em todo o território brasileiro.

M&T – Qual é a expectativa de market share para os próximos anos?

Roberto Marques – Como iniciamos agora, tudo será crescimento para nós. Mas temos condições – e certamente buscaremos – de alcançar a liderança entre os quatro principais fabricantes da Linha Amarela, em volume de máquinas vendidas. É óbvio que isso não ocorrerá neste ou mesmo no próximo ano. É um planejamento de médio prazo. Enfim, isso significa deter ao menos 10% do mercado brasileiro de equipamentos da Linha Amarela.

M&T – Em termos mundiais, como a John Deere se posiciona nesse setor?

Roberto Marques – Nos EUA, detemos quase 30% de market share, o que nos dá uma posição de mercado muito próxima da marca que lidera o mercado, com 35%. As duas marcas polarizam o mercado, sendo que os demais fabricantes possuem fatias bem menores. Nas Américas Latina e Central, também temos alcançado boas posições em diversos mercados, com share de 15% em alguns deles. Temos joint venture na Índia para fabricação de retroescavadeiras e montagem de equipamentos na Rússia. Também temos uma fábrica na China, estruturada para atender ao mercado asiático na produção de máquinas com menos eletrônica embarcada.

M&T – É correto considerar que a estratégia de globalização da John Deere é balizada por parcerias?

Roberto Marques – Sim. Com a Hitachi, temos essa joint venture com fábrica conjunta para atender à América Latina. Na Índia, a nossa empresa é a Ashok Leyland John Deere, também uma joint venture para produção de retroescavadeiras. Portanto, se juntarmos as estruturas na China e na Rússia, podemos constatar que o plano de expansão da marca é global. E, no Brasil, a intenção foi entrar com força máxima, incluindo fabricação local, Banco John Deere, distribuição de peças, rede de distribuição forte e uma equipe completa de suporte técnico.

M&T – Como o aftermarket se insere nesse atendimento?

Roberto Marques – Todo o apoio técnico e treinamentos on-line ou presenciais são conduzidos pela estrutura administrativa de Indaiatuba, sendo que os distribuidores têm acesso direto a eles. Temos também uma política de capacitação de dealers, de modo a garantir que só comprem equipamentos para revender se tiverem um corpo técnico devidamente preparado e homologado, além de estoque de peças preparado para o modelo que irá começar a vender. Em termos de disponibilidade de peças, a meta é mantermos, no mínimo, 90% de atendimento imediato, em 24 horas, para qualquer lugar do Brasil. Para atender a essa logística, tivemos a feliz coincidência de posicionar nosso estoque de peças exatamente ao lado do aeroporto de Viracopos, o maior cargueiro do país.

 

 

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