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Revista M&T - Ed.205 - Setembro 2016
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Entrevista

"A indústria sairá mais produtiva da crise"

CEO da Bomag Marini Latin America, o executivo Walter Rauen tem quase três décadas de experiência na indústria de equipamentos agrícolas e de construção de estradas. Formado pela Faculdade de Engenharia da Unicamp, também possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutorado pela Technische Universität Braunschweig, na Alemanha.

Especializado em governança corporativa com certificação do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), já atuou em diversas áreas do universo organizacional, incluindo estratégia de negócios e marketing, processos produtivos, engenharia de produto e P&D.

Antes de chegar à companhia controlada pelo Grupo Fayat, Rauen passou por empresas do setor como Lintec, Ciber, Guerra e outras. Atualmente, é responsável pelo posicionamento de um player que, no Brasil, produz plantas de asfalto, pavimentadoras e rolos compactadores, mas que também conta com uma extensa linha de produtos disponibilizados em âmbito global, tanto via Alemanha – com compactadores de resíduos, por exemplo –, como com as linhas francesas da Ermont – para tratamento de superfície e plantas de mistura fria – e as soluções da italiana Marini – com plantas gravimétricas de asfalto.

Nesta entrevista exclusiva, dentre outros assuntos o executivo fala de tecnologia e explica as adequações realizadas na unidade de Porto Alegre (RS), que permitiram à empresa melhorar seu desempenho mesmo em meio à maior crise dos últimos 30 anos no setor. Acompanhe.

O que o comprador de máquinas quer hoje?

Quando o cliente vem nos abordar, sempre vem em busca de uma melhor relação de custo x benefício. Ele quer enxergar o que oferecemos, qual é o benefício em custo/hora, o aumento dos períodos de manutenção, a diminuição de custos operacionais, as vantagens sobre a concorrência etc. Ou seja, como é possível ganhar mais dinheiro com o equipamento. Isso é uma constante no setor.

Qual é o estágio do setor no Brasil?

Em alguns pontos é possível pular etapas, mas em outras é preciso seguir o caminho natural. No Brasil, ainda se vê equipamentos muito antigos, de 15 anos ou mais, fazendo estradas com nível alto de exigência. São equipamentos inadequados e que


CEO da Bomag Marini Latin America, o executivo Walter Rauen tem quase três décadas de experiência na indústria de equipamentos agrícolas e de construção de estradas. Formado pela Faculdade de Engenharia da Unicamp, também possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutorado pela Technische Universität Braunschweig, na Alemanha.

Especializado em governança corporativa com certificação do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), já atuou em diversas áreas do universo organizacional, incluindo estratégia de negócios e marketing, processos produtivos, engenharia de produto e P&D.

Antes de chegar à companhia controlada pelo Grupo Fayat, Rauen passou por empresas do setor como Lintec, Ciber, Guerra e outras. Atualmente, é responsável pelo posicionamento de um player que, no Brasil, produz plantas de asfalto, pavimentadoras e rolos compactadores, mas que também conta com uma extensa linha de produtos disponibilizados em âmbito global, tanto via Alemanha – com compactadores de resíduos, por exemplo –, como com as linhas francesas da Ermont – para tratamento de superfície e plantas de mistura fria – e as soluções da italiana Marini – com plantas gravimétricas de asfalto.

Nesta entrevista exclusiva, dentre outros assuntos o executivo fala de tecnologia e explica as adequações realizadas na unidade de Porto Alegre (RS), que permitiram à empresa melhorar seu desempenho mesmo em meio à maior crise dos últimos 30 anos no setor. Acompanhe.

O que o comprador de máquinas quer hoje?

Quando o cliente vem nos abordar, sempre vem em busca de uma melhor relação de custo x benefício. Ele quer enxergar o que oferecemos, qual é o benefício em custo/hora, o aumento dos períodos de manutenção, a diminuição de custos operacionais, as vantagens sobre a concorrência etc. Ou seja, como é possível ganhar mais dinheiro com o equipamento. Isso é uma constante no setor.

Qual é o estágio do setor no Brasil?

Em alguns pontos é possível pular etapas, mas em outras é preciso seguir o caminho natural. No Brasil, ainda se vê equipamentos muito antigos, de 15 anos ou mais, fazendo estradas com nível alto de exigência. São equipamentos inadequados e que deveriam estar aposentados, pois não têm mais as mesmas caraterísticas. Nesse sentido, a renovação da frota é muito importante, mas os organismos do setor precisam estar convencidos disso para sairmos do atraso.

E quais são as tendências tecnológicas globais?

A consciência sobre meio ambiente e redução de emissões já está estabelecida nos fabricantes. Em plantas de mistura asfáltica, por exemplo, busca-se mais eficiência em termos de queimadores, de troca térmica, agregados etc. A maioria dos fabricantes já usa queimadores de alto despenho, com controle de combustão muito mais eficiente. Também há a questão de emulsões asfálticas, para otimizar o uso do asfalto e obter o mesmo efeito na aplicação. Na parte de equipamentos móveis, há uma busca contínua de redução em termos de consumo de combustível. Nos rolos, por exemplo, os investimentos em censores de compactação (management) são altos, reduzindo o número de passadas. São estratégias diferentes para diferentes tipos de produtos. E o benefício não é só para o cliente, mas também para o meio ambiente.

E qual é o potencial do asfalto reciclado?

O reciclado depende muito da disponibilidade. Seu uso está vinculado à manutenção da rodovia, de onde se retira o material. Com a crise no Brasil, o volume não cresceu à mesma medida da tecnologia. As usinas, sejam contínuas ou gravimétricas, têm condições de usá-lo, mas é difícil encontrar o material fora dos grandes centros, que contam com grandes frotas de fresagem e de produção de reciclado. Há também uma questão da cultura, de projetos que exijam a utilização deste material. É preciso haver incentivo e os organismos públicos têm um papel muito grande nisso.

Atualmente, qual é a participação da marca?

É difícil falar em participação neste momento. No Brasil, temos essas três linhas citadas acima, mas também já iniciamos a introdução das recicladoras com uma linha bem diversificada, e ainda neste ano traremos as fresadoras. A linha de recicladoras já é uma tradição da marca, só que com a fábrica dos EUA. E agora vêm da Alemanha.

Qual é a expectativa em relação ao mercado?

Os clientes vão conhecendo os produtos, pois estamos em um processo de penetração no mercado com várias linhas. Conforme melhore o desempenho da economia, no início do próximo ano já poderemos sentir o sucesso da implantação desses novos produtos.

Aliás, como enfrentam a retração dos negócios no Brasil?

Nosso mercado recuou 50%. Com uma queda neste nível, as medidas tradicionais de gestão, como reduzir custos em departamentos, já não servem mais. Desde agosto de 2015, tomamos várias decisões. De fato, fizemos uma reestruturação completa da empresa, inclusive reduzindo o número de colaboradores pela metade, isto é, adequando o tamanho da empresa ao tamanho do mercado. E o resultado foi excelente. A partir de janeiro, já começamos a ter resultados positivos. Em vista da situação atual, estamos satisfeitos com nosso desempenho. Sem falar que estamos em um período de introduzir novas linhas e trazer novas tecnologias.

A capacidade da fábrica está em que nível de ocupação?

Como reestruturamos a planta, hoje temos 100% da capacidade tomada, pelo nível de pedidos recebidos. Isso porque mudamos a estratégia produtiva, de modo que tínhamos uma fabricação mais verticalizada e passamos a ser uma montadora. Desde janeiro, só montamos produtos, não fabricamos nada em termos de chapas, usinagem etc. Temos uma base de fornecedores que acionamos de acordo com os pedidos. Recebemos conjuntos soldados e pintados, prontos para a linha de montagem. Isso permitiu reduzir o número de funcionários, mas também obter um lead time [ciclo] menor entre o recebimento e a entrega do pedido. Contornamos ainda o risco do mercado, pois não temos mais a necessidade de planejar com muita antecedência, pois em um curto espaço de tempo é possível reagir à demanda do mercado.

As exportações têm ajudado?

Temos tido bons resultados em mercados como o latino-americano e, principalmente, o africano, onde atuamos com plantas de mistura asfáltica, principalmente nos países de língua francesa. O dólar, na faixa em que está, ajudou bastante. A Argentina também já começou a se movimentar, além de Peru e Colômbia, com uma boa base de clientes. No México a operação tem muito tempo, com mais de 50 plantas vendidas. Então, é um mercado tradicional nosso.

O que pode estimular uma retomada nesse contexto?

Todas as crises têm um lado bom e um ruim. O lado ruim não precisa nem falar, pois muita gente perdeu o emprego. Por outro lado, não só em equipamentos rodoviários, mas também na área metalomecânica e de máquinas em geral, a indústria será obrigada a ser mais produtiva e eficiente. No futuro, haverá resultados positivos, pois cada um terá de fazer seu dever de casa para manter a lucratividade. Como diz o ditado, com o nível baixo do oceano, as pontas da montanha começam a aparecer.

 

 

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