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Revista M&T - Ed.240 - Dez/Jan 2020
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Linhas de Eixos

Peso pesado do transporte

Com novidades conceituais como soluções híbridas, as linhas de eixos ainda enfrentam restrição de mercado no Brasil, mas já vislumbram dias melhores no país
Por Antonio Santomauro

Também conhecidas como módulos hidráulicos, as linhas de eixo têm uso consolidado no transporte de cargas indivisíveis com peso a partir de 70 ou 80 t, chegando a capacidades de várias centenas dessa mesma unidade de peso. Com dois a seis eixos em cada módulo – cada eixo possui seus próprios sistemas hidráulicos, de suspensão e direção –, essas soluções oferecem boas condições de manobra, com nivelamento constante da plataforma de apoio da carga, sendo possível acoplar módulos de acordo com a necessidade de atendimento às diferentes cargas.

Versátil, seu desenho estrutural básico praticamente não se altera, tanto que ainda hoje se mantêm em operação algumas linhas de eixo produzidas no Brasil em meados dos anos 1970 – aliada a fatores econômicos, essa prolongada vida útil, que ademais refreia uma demanda mais frequente, talvez também ajude a explicar o fato de não haver produção local das soluções. Há, porém, evoluções em quesitos como materiais construtivos mais leves e resistentes, ou mesmo sistemas acionados hidraulicamente que permitem variar a largura conforme a distribuição e dimensões das cargas.

Além disso, as soluções híbridas vêm ganhando mais visibilidade no segmento, sendo capazes de atuar tanto como linhas de eixo para transporte rodoviário – cuja movimentação exige o uso de cavalos mecânicos –, quanto como veículos autopropelidos, também conhecidos pela sigla SPMT (da expressão inglesa Self-Propelled Modular Transporter, ou Transportador Modular de Autopropulsão) e mais apropriados a ambientes fechados, como pátios e cais.

Em um comboio rodovi&aacut


Também conhecidas como módulos hidráulicos, as linhas de eixo têm uso consolidado no transporte de cargas indivisíveis com peso a partir de 70 ou 80 t, chegando a capacidades de várias centenas dessa mesma unidade de peso. Com dois a seis eixos em cada módulo – cada eixo possui seus próprios sistemas hidráulicos, de suspensão e direção –, essas soluções oferecem boas condições de manobra, com nivelamento constante da plataforma de apoio da carga, sendo possível acoplar módulos de acordo com a necessidade de atendimento às diferentes cargas.

Ângulo do sistema de direção interfere diretamente na movimentação do conjunto

Versátil, seu desenho estrutural básico praticamente não se altera, tanto que ainda hoje se mantêm em operação algumas linhas de eixo produzidas no Brasil em meados dos anos 1970 – aliada a fatores econômicos, essa prolongada vida útil, que ademais refreia uma demanda mais frequente, talvez também ajude a explicar o fato de não haver produção local das soluções. Há, porém, evoluções em quesitos como materiais construtivos mais leves e resistentes, ou mesmo sistemas acionados hidraulicamente que permitem variar a largura conforme a distribuição e dimensões das cargas.

Além disso, as soluções híbridas vêm ganhando mais visibilidade no segmento, sendo capazes de atuar tanto como linhas de eixo para transporte rodoviário – cuja movimentação exige o uso de cavalos mecânicos –, quanto como veículos autopropelidos, também conhecidos pela sigla SPMT (da expressão inglesa Self-Propelled Modular Transporter, ou Transportador Modular de Autopropulsão) e mais apropriados a ambientes fechados, como pátios e cais.

Em um comboio rodoviário, os equipamentos híbridos podem, dentre outras coisas, sair da retaguarda para fornecer tração adicional à frente ou reduzir o peso em travessia de pontes, por exemplo.

Indústria global vem desenvolvendo novos conceitos específicos para o transporte de pás eólicas

CARACTERÍSTICAS

Equipamentos desse gênero compõem a linha ADDrive, lançada em 2016 pela marca alemã Goldhofer, que apresentou a segunda geração da solução na mais recente edição da bauma. Batizada ADDrive 2.0, a linha traz equipamentos com potência de 530 hp, quase o dobro da versão anterior, dentre outras melhorias. “Hoje, temos linhas de eixo eletrônicas autopropelidas comandadas por controle remoto, cujo sistema de direção permite às rodas girarem até 135 graus – ângulo muito superior ao de máquinas convencionais, o que facilita muito a movimentação em ambientes mais restritos –, e com capacidade de carga de 45 t por eixo, quando o convencional é de 36 t por eixo”, detalha Marcello Mari, diretor comercial da Locar, empresa especializada na movimentação de grandes cargas cuja frota atual conta com, entre outros itens, 108 linhas de eixos da marca Goldhofer, sendo 12 delas autopropelidas.

A também alemã Scheuerle atua com a linha PowerBooster, que disponibiliza tanto linhas de eixo que dependem de tração mecânica quanto opções de SPMT. Inclusive, na mais recente edição da bauma a fabricante apresentou um equipamento que combina as características de linhas de eixo e carretas, uma solução do tipo plug and play indicada para transporte de pás de usinas de energia eólica com mais de 80 m de comprimento.

“Normalmente, as pás eólicas medem entre 50 e 70 m, mas vem se consolidando a tendência de pás mais longas”, destaca Marcelo Vieira, diretor comercial da Rimac, empresa que distribui no Brasil as marcas do Grupo TII (Nicolas, Kamag e Tiger, além da própria Scheuerle).

MERCADO

O transporte de pás eólicas é um mercado seleto para essas soluções, mas cargas indivisíveis destinadas a grandes obras de infraestrutura, unidades de produção de refino de óleo e gás e grandes plantas de indústrias de base, por exemplo, também constituem aplicações típicas para as linhas de eixos.

Todavia, como praticamente todas essas aplicações geraram pouquíssima demanda nos últimos anos no Brasil, não é difícil imaginar a elevada ociosidade que ainda prevalece na frota nacional desses equipamentos. Frota que, como ocorre em outras famílias de máquinas de grande porte, pode até ter diminuído durante os anos recentes de crise.

Segundo estimativas de Vieira, da Rimac, até 2015 havia no país algo entre 1,5 mil e 2 mil linhas de eixo operacionais, sendo que até mesmo transportadoras menores, interessadas em atuar em um mercado então bem-aquecido, haviam adquirido algumas unidades. Mas, com a posterior paralisação das obras de infraestrutura, a consequente queda na demanda obrigou várias dessas empresas a vender esses equipamentos – que se endividaram para comprá-los –, inclusive despachando alguns para o exterior, a exemplo do que ocorreu no segmento de guindastes. “Se houve alguma variação na quantidade de linhas de eixos existentes no Brasil, certamente foi para baixo”, infere Vieira.

Empresas como a Locar projetam aumento dos negócios nos setores de usinas termoelétricas, óleo e gás e parques eólicos

Mesmo em 2019, quando o mercado de construção finalmente mostrou sinais de uma maior reação, não houve aquecimento da demanda por linhas de eixos, nem mesmo no volume de consultas. “Tem havido uso de SMTPs em alguns projetos esporádicos, mas muitas empresas que cuidam desses projetos estão preferindo trazer de fora os equipamentos, mandando-os novamente para exterior após a conclusão do projeto”, relata Vieira.

No entanto, o executivo já visualiza alguma perspectiva de melhora em 2020, ancorada, por exemplo, na indústria de O&G. “Esse setor está retomando investimentos, mas deve demorar algum tempo até isso se transformar em obras”, comenta o profissional da Rimac. “No próximo ano também devem surgir obras de usinas eólicas.”

Por sua vez, Mari, da Locar, também projeta aumento dos negócios nos setores de O&G, além de parques eólicos e usinas termoelétricas. “O ano de 2020 promete”, diz ele, destacando que desde já é possível notar algum aquecimento na demanda por transporte de cargas especiais destinadas à exportação. “Foi o caso do transporte, feito em junho, de um transformador com peso de 275 t que seguiu do município paulista de Jundiaí até o Porto de Santos, de onde foi embarcado para os EUA”, ele relata, informando ainda que a empresa fornece toda a indicação de dimensões e pesos, assim como o posicionamento dos centros de gravidade para todos os equipamentos a serem transportados.

Realizado pela própria Locar, a etapa terrestre dessa operação durou 20 dias, exigindo dois módulos – cada um deles com dezesseis eixos –, além de uma viga da Goldhofer. Na tração, foram empregados três cavalos mecânicos. “Com mais de 100 m, o conjunto media tinha PBT (Peso Bruto Total) de mais de 600 t”, conta Mari.

Apesar do cenário ainda estagnado, outras operações dignas de nota ocorreram durante o ano. A Fox Brasil, por exemplo, recentemente agenciou o transporte de cinco transformadores – quatro com 115 t e um com 121 t – para exportação. Entre julho e setembro, os dispositivos foram transportados da cidade de Guarulhos (SP) em direção ao Porto de Santos.

O transporte de cada transformador exigiu seis dias. “Nessa operação de transporte, para cada transformador foi utilizada uma linha com 14 eixos hidráulicos”, detalha Willian Neves, coordenador de operação de projetos da Fox, que não possui frota própria, buscando parceiros para operacionalizar seus projetos.

Além de evitarem problemas com altura excessiva, dispositivos de apoio também contribuem para melhor distribuição do peso

Dispositivos aumentama versatilidade das soluções

As linhas de eixo podem solucionar praticamente todas as necessidades de transporte com cargas mais pesadas e indivisíveis, destaca o engenheiro Tolentino Lucas, profissional com vasta experiência com esse gênero de equipamentos, tendo participado ainda em meados dos anos 1970 dos primeiros projetos com linhas de eixo tocados no Brasil. Segundo ele, a versatilidade das soluções – principalmente no transporte de cargas com peso mais concentrado – amplia-se ao serem associadas a dispositivos como gôndolas e vigas que, além de contribuírem na melhor distribuição do peso, podem auxiliar na solução de problemas como altura excessiva, assim como os chamados “pescoços hidráulicos”, com os quais é possível constituir semirreboques.

Por razões técnicas e legais, diz ele, as gôndolas têm limite de 200 t de carga. Acima disso, normalmente são utilizadas vigas, que permitem o transporte de até mil toneladas. “Apesar de eliminar o peso morto do cavalo, com bom desempenho em estradas, o pescoço também apresenta algumas dificuldades em curvas acentuadas e em vielas, que são comuns nos trajetos de muitas estradas brasileiras”, explica o engenheiro. “Mas existem dispositivos que podem substituir gôndolas e vigas, principalmente quando não há problemas com a altura da carga, como é o caso da canga, que torna o conjunto transportador mais versátil, mas não permite o rebaixamento da altura, pois a carga é apoiada sobre a linha de eixos.”

Diretor da consultoria Ilef (Engenharia em Movimentação de Cargas Excepcionais), Lucas recentemente prestou consultoria para o transporte de uma peça de 140 t destinada a uma fábrica do setor do papel e celulose, que seguiria do Porto de Santos até o município paulista de Mogi das Cruzes. Na ocasião, o especialista recomendou o uso de dois blocos de linhas de eixos, cada uma com 10 eixos. “Essa peça possui uma superfície que não pode sofrer nenhum arranhão, o que levou à necessidade de transportá-la no apoio com a qual chegou ao Brasil”, detalha. “Mas como atingia uma altura elevada – de 5,60 m –, a solução foi mesmo usar uma gôndola.”

Saiba mais:
Fox Brasil: foxbrasil.com/pt
Goldhofer: www.goldhofer.com
Locar: www.locar.com.br
Rimac: www.rimac.com.br

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