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Revista M&T - Ed.176 - Fevereiro 2014
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Coluna Yoshio

Os limites da tecnologia

Os novos veículos oferecem mais do que as gerações anteriores, mas não conseguem desempenhar todo o seu potencial em uma infraestrutura precária

Olhando para a história, vemos que o investimento em infraestrutura é uma dívida de longa data no Brasil. Porém, como o brasileiro é intrínseca e prosaicamente generoso com as coisas públicas, deixa-se de cobrar posturas mais proativas de alguns setores da economia e instâncias competentes. Tanto que, atualmente, enfrentamos um sério dilema entre a gritante falta de infraestrutura e a crescente tecnologia disponível.

Um singelo exemplo pode indicar como a falta de uma visão sistêmica anula os ganhos potenciais da tecnologia. De fato, basta associarmos a precária infraestrutura viária no Brasil às novas tecnologias disponíveis na área de transportes de passageiros e de carga para percebermos como o valor da técnica acaba sendo completamente abolido pelos problemas de base.

Nessa linha, já temos veículos que incorporam cada vez mais tecnologias acessórias, principalmente para entretenimento e comunicação, tornando-os mais atrativos sem, no entanto, melhorar o desempenho de sua função essencial. Conclui-se que este novo veículo é projetado para enfrentar congestionamentos, sem oferecer vantagens reais de mobilidade. Ou seja, não se consegue alcançar o destino com maior rapidez ou com maior segurança, embora a oferta do fabricante incorpore este potencial.

Estranho, não? Mas o mesmo se passa no transporte de carga, para o qual os novos caminhões oferecem sistemas de segurança ativa e passiva, motores mais eficientes e econômicos, ambientes mais confortáveis para o motorista e sistemas de rastreamento e comunicação. Em outras palavras, os novos veículos oferecem muito mais do que as gerações anteriores, mas quando são confrontados pelas condições das nossas rodovias, são restringidos e não conseguem desempenhar todo o seu potencial tecnológico.

Certamente, são máquinas menos poluentes e mais econômicas mesmo quando ficam paradas em congestionamentos e nas intermináveis filas para carga e descarga. Mas, nas condições reais de rodagem do Brasil, é no mínimo duvidoso que elas consigam oferecer um retorno adequado ao alto investimento realizado. Se a velocidade média de locomoção seguir em queda, de onde tirar o ganho de eficiência supostamente proporcionado pela tecnologia?

Por outro lado, se para serem rentávei


Olhando para a história, vemos que o investimento em infraestrutura é uma dívida de longa data no Brasil. Porém, como o brasileiro é intrínseca e prosaicamente generoso com as coisas públicas, deixa-se de cobrar posturas mais proativas de alguns setores da economia e instâncias competentes. Tanto que, atualmente, enfrentamos um sério dilema entre a gritante falta de infraestrutura e a crescente tecnologia disponível.

Um singelo exemplo pode indicar como a falta de uma visão sistêmica anula os ganhos potenciais da tecnologia. De fato, basta associarmos a precária infraestrutura viária no Brasil às novas tecnologias disponíveis na área de transportes de passageiros e de carga para percebermos como o valor da técnica acaba sendo completamente abolido pelos problemas de base.

Nessa linha, já temos veículos que incorporam cada vez mais tecnologias acessórias, principalmente para entretenimento e comunicação, tornando-os mais atrativos sem, no entanto, melhorar o desempenho de sua função essencial. Conclui-se que este novo veículo é projetado para enfrentar congestionamentos, sem oferecer vantagens reais de mobilidade. Ou seja, não se consegue alcançar o destino com maior rapidez ou com maior segurança, embora a oferta do fabricante incorpore este potencial.

Estranho, não? Mas o mesmo se passa no transporte de carga, para o qual os novos caminhões oferecem sistemas de segurança ativa e passiva, motores mais eficientes e econômicos, ambientes mais confortáveis para o motorista e sistemas de rastreamento e comunicação. Em outras palavras, os novos veículos oferecem muito mais do que as gerações anteriores, mas quando são confrontados pelas condições das nossas rodovias, são restringidos e não conseguem desempenhar todo o seu potencial tecnológico.

Certamente, são máquinas menos poluentes e mais econômicas mesmo quando ficam paradas em congestionamentos e nas intermináveis filas para carga e descarga. Mas, nas condições reais de rodagem do Brasil, é no mínimo duvidoso que elas consigam oferecer um retorno adequado ao alto investimento realizado. Se a velocidade média de locomoção seguir em queda, de onde tirar o ganho de eficiência supostamente proporcionado pela tecnologia?

Por outro lado, se para serem rentáveis as transportadoras dependem de agregados e terceiros, a tecnologia dos novos caminhões deixa de ser um elemento estratégico da atividade. E a culpa desta situação não é do fabricante, que se esforça em produzir no país os veículos com as tecnologias mais atualizadas. Ocorre que o resultado do uso de uma tecnologia mais avançada depende diretamente da infraestrutura disponível.

Portanto, não estaria na hora de o setor que produz e vende tecnologia incorporada em seus veículos ter uma posição pública mais assertiva e demandar das autoridades uma infraestrutura que permita o pleno desempenho dos seus produtos? Ou devemos aceitar a triste premissa de que, nestas péssimas condições, qualquer “carroça” faz o mesmo que seus produtos mais modernos?

O fato é que a condição deteriorada da infraestrutura reduz o valor das novas tecnologias incorporadas e “nivela por baixo” os produtos no mercado. E esta, seguramente, é uma perspectiva preocupante para a indústria.

*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema

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