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Revista M&T - Ed.177 - Março 2014
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Coluna Yoshio

O preço do crescimento

A nova relação produtiva exige que o modelo de negócio seja aprimorado em todas as áreas

Quando analisamos o problema da mão de obra no Brasil, principalmente para os chamados trabalhos braçais, como os operários da construção civil, percebemos que algumas coisas realmente mudaram para (muito) melhor em nosso país.

No entanto, o desenvolvimento de uma nação não ocorre apenas com a simples manutenção do que é conveniente. Se antes a capacidade de consumo da população não sustentava um crescimento econômico robusto e o baixo nível de renda era fonte permanente de tensão social, agora vivemos uma nova realidade. E essa nova realidade tem um preço.

Há muitos anos, quando surgiram as primeiras evidências das atuais dificuldades de contratações, a reação geral foi de queixa contra aqueles que não possuíam uma formação adequada, mas começavam a demandar um melhor nível de remuneração, melhores condições de trabalho e universalização dos direitos trabalhistas. No início, as dificuldades foram detectadas entre trabalhadores mais qualificados, como operadores de máquinas e motoristas, cuja limitada disponibilidade passou a representar uma séria restrição ao crescimento sustentado dos negócios.

Ficava claro que a conta começava a chegar às empresas que não treinavam seus trabalhadores e se contentavam em esperar passivamente que o “mercado” disponibilizasse o recurso necessário. Os debates chegavam a ser francamente cômicos, na medida em que se apontavam apenas as consequências, sem uma avaliação criteriosa das causas. Evidentemente, a fonte estava secando para todos, seja no setor de construção, de transportes, industrial e até mesmo doméstico, com a regulamentação da profissão de empregada.

A facilidade que tínhamos no país com farta disponibilidade de mão de obra barata – nunca havia sido fruto da atratividade dos setores ou das profissões, muitas delas frequentemente depreciadas. Na verdade, o “bônus” da força de trabalho era fruto da desigualdade de oportunidades de estudo e formação. Da semiescravidão, marcada por salários insuficientes para se viver, mas suficientes para mitigar o sentimento de culpa coletiva, engendrou-se a cada ano um batalhão de trabalhadores baratos.

Ou seja, a fonte da mão de obra acessível não era a formação dos sistemas “S”, a atratividade dos empregos ou a generosidade d


Quando analisamos o problema da mão de obra no Brasil, principalmente para os chamados trabalhos braçais, como os operários da construção civil, percebemos que algumas coisas realmente mudaram para (muito) melhor em nosso país.

No entanto, o desenvolvimento de uma nação não ocorre apenas com a simples manutenção do que é conveniente. Se antes a capacidade de consumo da população não sustentava um crescimento econômico robusto e o baixo nível de renda era fonte permanente de tensão social, agora vivemos uma nova realidade. E essa nova realidade tem um preço.

Há muitos anos, quando surgiram as primeiras evidências das atuais dificuldades de contratações, a reação geral foi de queixa contra aqueles que não possuíam uma formação adequada, mas começavam a demandar um melhor nível de remuneração, melhores condições de trabalho e universalização dos direitos trabalhistas. No início, as dificuldades foram detectadas entre trabalhadores mais qualificados, como operadores de máquinas e motoristas, cuja limitada disponibilidade passou a representar uma séria restrição ao crescimento sustentado dos negócios.

Ficava claro que a conta começava a chegar às empresas que não treinavam seus trabalhadores e se contentavam em esperar passivamente que o “mercado” disponibilizasse o recurso necessário. Os debates chegavam a ser francamente cômicos, na medida em que se apontavam apenas as consequências, sem uma avaliação criteriosa das causas. Evidentemente, a fonte estava secando para todos, seja no setor de construção, de transportes, industrial e até mesmo doméstico, com a regulamentação da profissão de empregada.

A facilidade que tínhamos no país com farta disponibilidade de mão de obra barata – nunca havia sido fruto da atratividade dos setores ou das profissões, muitas delas frequentemente depreciadas. Na verdade, o “bônus” da força de trabalho era fruto da desigualdade de oportunidades de estudo e formação. Da semiescravidão, marcada por salários insuficientes para se viver, mas suficientes para mitigar o sentimento de culpa coletiva, engendrou-se a cada ano um batalhão de trabalhadores baratos.

Ou seja, a fonte da mão de obra acessível não era a formação dos sistemas “S”, a atratividade dos empregos ou a generosidade das patroas, mas sim a pobreza. A falta de oportunidades de formação e a necessidade de sobrevivência mantinham um exército de trabalhadores no limbo entre o desemprego e um quase inatingível emprego digno.

Antes pudéssemos dizer que a pobreza acabou e que, desse modo, não há mais mão de obra barata. Seria um otimismo exagerado, mas certamente está na hora de se repensar o modelo em que os negócios até então se estruturavam no país.

Com trabalhadores mais bem remunerados, é natural que o foco recaia sobre a produtividade e eficiência, para compensar os custos adicionais com a mão de obra. Nesse cenário, os gestores precisam exercitar suas competências para reduzir a duração das obras, diminuir a perda de material, melhorar a eficiência via mecanização etc. Oportunidades existem, mas a nova relação produtiva exige que o modelo de negócio seja aprimorado em todas as áreas.

*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema

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