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Revista M&T - Ed.229 - Novembro 2018
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Fabricante

O futuro tem de vir

Em visita ao Brasil, presidente mundial da Dynapac conta com exclusividade à Revista M&T como a indústria de máquinas pesadas para construção está sofrendo no país
Por Marcelo Januário (Editor)

A indústria nacional de máquinas pesadas para construção precisa se recuperar rápido. Cortante, tal alerta vem do principal executivo de uma das maiores fabricantes de rolos compactadores e pavimentadoras do mundo, o belga Paul Hense, presidente mundial da Dynapac. “Desde 2014 estamos em crise muito profunda e, mesmo assim, continuo confiante, pois acredito que mercado brasileiro seja muito sólido”, afirmou.

Todavia, o executivo avalia que, pelo importante papel que desempenha na América Latina, o país não pode ficar “escondido atrás do muro”, devendo se esforçar mais para participar da economia internacional. “No momento, o Brasil não tem mercado, não é competitivo”, dispara. “A China compete com a Alemanha, sendo 40% mais barato produzir lá. Se as coisas não melhorarem logo, para muitas empresas ficará difícil justificar sua presença aqui. E muitas companhias pensam o mesmo.”

Segundo ele, o Brasil continua sendo um país fechado economicamente, sem competitividade com os fundos internacionais. “Para competir com o resto do mundo, o mercado brasileiro precisa ser mais aberto, adotando soluções de longo prazo”, disse. “Isso de administrar custos é loucura, além do que existem muitos encargos, taxas, burocracia etc. O fato é que hoje não faz sentido ter uma fábrica no Brasil, mas não temos qualquer intenção de fechar a planta.”

De fato, a queda no mercado brasileiro de equipamentos tem sido profunda e continuada nos últimos anos. Para ficar apenas no carro-chefe da companhia, desde 2014 o mercado interno de rolos compactadores caiu 80% em apenas 2 anos. No ano passado, quando todos pensaram que o cenário iria melhorar, repetiu-se o mesmo desempenho. “Ninguém vê com bons olhos o que está acontecendo no Brasil, mas a matriz aprova as ações que temos feito para redução de custos de produção e prospecção de fornecedores”, comentou a esse respeito o gerente regional de vendas da Dynapac do Brasil, Paulo Henrique Caetano Bruno (leia Entrevista a partir da pág. 119).

Para Hense, todavia, tal situação é passageira


A indústria nacional de máquinas pesadas para construção precisa se recuperar rápido. Cortante, tal alerta vem do principal executivo de uma das maiores fabricantes de rolos compactadores e pavimentadoras do mundo, o belga Paul Hense, presidente mundial da Dynapac. “Desde 2014 estamos em crise muito profunda e, mesmo assim, continuo confiante, pois acredito que mercado brasileiro seja muito sólido”, afirmou.

Todavia, o executivo avalia que, pelo importante papel que desempenha na América Latina, o país não pode ficar “escondido atrás do muro”, devendo se esforçar mais para participar da economia internacional. “No momento, o Brasil não tem mercado, não é competitivo”, dispara. “A China compete com a Alemanha, sendo 40% mais barato produzir lá. Se as coisas não melhorarem logo, para muitas empresas ficará difícil justificar sua presença aqui. E muitas companhias pensam o mesmo.”

Paul Hense: busca por rentabilidade

Segundo ele, o Brasil continua sendo um país fechado economicamente, sem competitividade com os fundos internacionais. “Para competir com o resto do mundo, o mercado brasileiro precisa ser mais aberto, adotando soluções de longo prazo”, disse. “Isso de administrar custos é loucura, além do que existem muitos encargos, taxas, burocracia etc. O fato é que hoje não faz sentido ter uma fábrica no Brasil, mas não temos qualquer intenção de fechar a planta.”

De fato, a queda no mercado brasileiro de equipamentos tem sido profunda e continuada nos últimos anos. Para ficar apenas no carro-chefe da companhia, desde 2014 o mercado interno de rolos compactadores caiu 80% em apenas 2 anos. No ano passado, quando todos pensaram que o cenário iria melhorar, repetiu-se o mesmo desempenho. “Ninguém vê com bons olhos o que está acontecendo no Brasil, mas a matriz aprova as ações que temos feito para redução de custos de produção e prospecção de fornecedores”, comentou a esse respeito o gerente regional de vendas da Dynapac do Brasil, Paulo Henrique Caetano Bruno (leia Entrevista a partir da pág. 119).

Para Hense, todavia, tal situação é passageira, pois o país é realmente “fantástico”. “O povo brasileiro é formado por pessoas com ambições e muito competitivas, por isso valorizamos gerentes locais que têm um bom relacionamento com o mercado internacional e apostamos nesse capital humano”, contrapôs. “Acreditamos que 2019 será um ano bom para o mercado brasileiro.”

POTENCIAL

Em sua recente estada no país, em outubro, o principal executivo global da Dynapac acompanhou a apresentação de dados econômicos e conjunturais realizada por uma equipe de especialistas da Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos) nas instalações da fábrica da empresa em Sorocaba (SP). E o que ele ouviu foi que o mercado doméstico continua parado, puxado pelas exportações.

Para estimular a volta do crescimento, a gerente do departamento de economia e estatística da entidade, Maria Cristina Zanella, destacou a necessidade de realização de reformas estruturais, adoção de políticas de desenvolvimento e estímulos à uma maior inserção global para alavancar a infraestrutura. “Com a renovação do Congresso, a tendência é que seja mais fácil fazer as reformas”, disse a especialista.

Outros pontos destacados por ela incluíram a necessidade de melhorias na indústria de óleo e gás, reduzindo a participação da Petrobras no setor, criação de leis para investimentos nas concessões em infraestrutura existentes, autorização para renovação de concessões antes da expiração e regularização do uso da terra. Além de se estimular a vinda de bancos internacionais. “Temos poucos bancos, esse mercado precisa ser mais competitivo”, afirmou, traçando ainda uma análise do cenário de investimentos. “A taxa [Selic] caiu de 14% para 6,5% e pode reduzir ainda mais, o que seria positivo para o mercado.”

Citando projetos em PPI estimados em dezenas de bilhões de dólares, a gerente da Abimaq detalhou ainda a projeção de investimentos em infraestrutura em várias áreas estratégicas, como óleo e gás, modais de transporte, geração de energia, mineração e terminais portuários, que podem devolver vitalidade à indústria de bens de capital. “Além disso, o país também possui reservas elevadas, de 380 bilhões de dólares, uma garantia de que vai arcar com as responsabilidades”, sublinhou Maria Cristina Zanella. “E continua a receber investimentos externos altos, sendo atualmente o sexto principal destino de investimento estrangeiro direto no mundo, com quase 70 bilhões de dólares neste ano. Com tudo isso, permanece abaixo dos demais emergentes na média de risco global.”

Na visão de Hense, o potencial é nítido, mas a recuperação é mais que urgente, pois o mercado brasileiro continua “dramaticamente reduzido”. “Até 2014, produzíamos centenas de máquinas, o pátio sempre estava repleto, [um negócio] muito lucrativo”, compara. “Hoje, temos uma participação de mercado muito expressiva, mas isso não significa muito quando não existe mercado”, afirmou.

RENTABILIDADE

A partir daquele ano, ele recorda, adveio uma crise muito profunda, que não foi mais embora. E com um volume muito baixo de máquinas (a fábrica está preparada para produzir de cinco até dez máquinas por dia), tem se tornado cada vez mais difícil manter a planta viva. “Você não pode ter uma fábrica para produzir apenas cinco máquinas por mês, não essa fábrica”, lamentou. “Tudo bem, estamos usando a fábrica para [abastecer] o mercado de exportação, mas a cada seis meses somos obrigados a reduzir os quadros de colaboradores.”

Segundo ele, a fábrica atualmente está em um nível muito baixo de atividade, com bem menos profissionais do que o normal, apenas com elementos básicos nas funções de controle de qualidade. “Não queremos ir mais longe nisso”, avisou. “Nenhum país ou fábrica pode continuar a existir no longo termo se não for rentável. A rentabilidade é que permite à companhia projetar produtos e construir o futuro. E a companhia tem de trazer resultados. Afinal, ainda acreditamos no futuro.”

Menos mal que o mercado externo tem ajudado nessa tarefa. Estrategicamente, a fábrica da Dynapac Brasil em Sorocaba abastece os mercados da América Latina e América Central, incluindo agora o México, antes atendido a partir dos EUA. Há cinco anos, a demanda da unidade era distribuída em 75% da produção para o mercado local e 25% para exportação, mas agora é o oposto exato. “Estamos sobrevivendo aqui por estarmos enviando máquinas para outros países para compensar”, disse Hense. “Precisamos ser competitivos no mercado internacional. No último ano, tivemos um mercado se aquecendo na Argentina, mas agora esse país também mostra queda nas vendas, de modo que é uma grande luta manter a fábrica para o futuro. Mas acreditamos que o futuro sempre tem de vir.”

MERCADO DE ATUAÇÃO É UM DOS MAIS DISPUTADOS

Diversificação do portfólio faz a diferença no roadbuilding

Globalmente, a liderança na construção de estradas é disputada por um número muito reduzido de players, cerca de apenas cinco fabricantes principais, o que – segundo o presidente mundial da Dynapac, Paul Hense – resulta em uma concorrência muito grande neste setor, que exige competitividade agressiva de preços, investimentos contínuos em novas tecnologias e, principalmente, diversificação na oferta de produtos. “Li em um artigo que para se deter um nicho de mercado no segmento de roadbuilding é preciso contar com um portfólio de 25 máquinas diferentes”, comentou. “Ou seja, nós somos um player talhado para este mercado.”

Saiba mais:

Abimaq: www.abimaq.org.br

Dynapac: https://dynapac.com

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