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Revista M&T - Ed.190 - Maio 2015
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Gestão

O estado da arte na construção

Para aumentar a produtividade nos canteiros, especialistas sugerem integração de processos, sistemas inovadores, equipamentos de alta tecnologia e capacitação

Decorrida uma década e meia do novo século, a construção brasileira parece ter adentrado em uma era de impasses. Após marcar época com obras ambiciosas que entraram para o cânone da engenharia – como Itaipu, Ponte Rio-Niterói e Brasília, dentre outras –, atualmente a área sofre críticas internas reincidentes por falhas de projetos, baixa produtividade e ausência de visão processual, por exemplo. Constantemente, estes fatores são apontados como causa dos estouros de prazos e orçamentos, que (dentre outros motivos que não vêm ao caso) minam uma retomada mais consistente do país.

Nessa linha, também são apontados gargalos como desperdício de material, legislações defasadas e baixa automação, que evidenciam a necessidade urgente de se promover uma quebra de paradigmas. No momento, inclusive, as empresas se voltam para o aumento da eficiência como forma de driblar as dificuldades e alavancar o fluxo de caixa, o que faz com que o tema ganhe relevância ainda maior nas análises dos profissionais do setor.

“Não temos engenheiros de processos, só técnicos”, crava Jevandro Barros, diretor do IOpEx Brasil (Instituto for Operational Excellence), pontuando como imperativa a criação de ferramentas e modelos de excelência operacional no setor, incluindo sistemas integrados de produção. “Realmente, tivemos uma queda na produtividade nos últimos anos”, corrobora Hugo Marques da Rosa, presidente da Método Engenharia, vendo na construção o maior indutor para o crescimento da economia do país. “Há muitos desvios entre projeto e execução, além de erros primários em topografia e geometria, por exemplo.”

PRODUÇÃO

Parece um retrocesso sério para um setor tão importante. Mas a boa notícia é que há meios (e sugestões práticas) para superar esse descompasso. Para Barros, por exemplo, o novo modelo a ser adotado deve ter foco na produção, promovendo uma industrialização crescente da construção que promova processos de planejamento, indicadores de evolução e, acima de tudo, previsibilidade. “É preciso envolver todos os stakeholders o quanto antes na obra, criando mecanismos de gestão e controle que garantam maior eficiência aos projetos”, comenta o especialista. “Isso inclui a mobilização do corporati


Decorrida uma década e meia do novo século, a construção brasileira parece ter adentrado em uma era de impasses. Após marcar época com obras ambiciosas que entraram para o cânone da engenharia – como Itaipu, Ponte Rio-Niterói e Brasília, dentre outras –, atualmente a área sofre críticas internas reincidentes por falhas de projetos, baixa produtividade e ausência de visão processual, por exemplo. Constantemente, estes fatores são apontados como causa dos estouros de prazos e orçamentos, que (dentre outros motivos que não vêm ao caso) minam uma retomada mais consistente do país.

Nessa linha, também são apontados gargalos como desperdício de material, legislações defasadas e baixa automação, que evidenciam a necessidade urgente de se promover uma quebra de paradigmas. No momento, inclusive, as empresas se voltam para o aumento da eficiência como forma de driblar as dificuldades e alavancar o fluxo de caixa, o que faz com que o tema ganhe relevância ainda maior nas análises dos profissionais do setor.

“Não temos engenheiros de processos, só técnicos”, crava Jevandro Barros, diretor do IOpEx Brasil (Instituto for Operational Excellence), pontuando como imperativa a criação de ferramentas e modelos de excelência operacional no setor, incluindo sistemas integrados de produção. “Realmente, tivemos uma queda na produtividade nos últimos anos”, corrobora Hugo Marques da Rosa, presidente da Método Engenharia, vendo na construção o maior indutor para o crescimento da economia do país. “Há muitos desvios entre projeto e execução, além de erros primários em topografia e geometria, por exemplo.”

PRODUÇÃO

Parece um retrocesso sério para um setor tão importante. Mas a boa notícia é que há meios (e sugestões práticas) para superar esse descompasso. Para Barros, por exemplo, o novo modelo a ser adotado deve ter foco na produção, promovendo uma industrialização crescente da construção que promova processos de planejamento, indicadores de evolução e, acima de tudo, previsibilidade. “É preciso envolver todos os stakeholders o quanto antes na obra, criando mecanismos de gestão e controle que garantam maior eficiência aos projetos”, comenta o especialista. “Isso inclui a mobilização do corporativo ao encarregado, no que chamamos de ‘planejamento puxado’.”

Como tendência viável, tal procedimento já é praticado nos Estados Unidos, diz ele, onde predomina um modelo mais multifuncional e flexível, facilmente adaptável. “Ao se formalizar as ferramentas, torna-se possível utilizá-las em todas as obras, dispondo de um cálculo científico do ritmo de produção e nivelamento de recursos”, diz Barros.

Como ocorre frequentemente, a inspiração do modelo vem da indústria, desde o século XIX a principal fonte das revoluções tecnológicas do mundo Ocidental. No caso, unem-se conceitos anglo-saxões como “just in time” e “just in sequence” (estratégias de estabilidade e previsibilidade) a preceitos japoneses de lean management como “obeya” (literalmente “sala de guerra”, significando algo como envolvimento), que juntos podem ajudar a reduzir as restrições e interferências, permitindo a criação de fluxos mais produtivos no setor. “De fato, trata-se simplesmente de pensar antes e fazer certo desde a mobilização”, diz o diretor, reforçando a importância da decisão antecipada, desde o conceito da obra até sua finalização.

Segundo Barros, um dos exemplos práticos desse conceito ocorreu recentemente na construção da Arena de Manaus (AM). Uma das ações aplicadas foi justamente o redesenho do layout das áreas administrativas orientadas por processos, aproximando profissionais de acordo com suas funções e interfaces. “Isso permitiu um aumento significativo na produtividade”, diz o engenheiro.

INOVAÇÃO

Para Rosa, da Método, além de transformar o canteiro em uma linha de produção, é necessário consolidar a cultura da inovação no setor, com a adoção de sistemas e métodos construtivos mais produtivos, que agreguem valor ao cliente, reduzam prazos da entrega, diminuam o uso de insumos e recursos naturais e, como corolário, aumentem a rentabilidade da construtora.

Tal tarefa passa pela criação prévia de diretrizes estratégicas, que apontem com maior precisão a viabilidade técnico-operacional e os benefícios das soluções adotadas. “Sequer conhecemos os índices de produtividade em nossas obras”, diz ele, frisando ainda que a crescente terceirização tem provocado um distanciamento da massa crítica em relação às obras. “É preciso acompanhar mais de perto.”

Como exemplo de técnicas modernas já disponíveis que aprimoram a produtividade na construção, Rosa cita o uso do laser scanner e do BIM (Building Information Modeling), além de projetos relacionados a áreas úmidas, vedações verticais e canteiros modulares. “O foco desses projetos é sempre ampliar a qualidade e facilitar a logística, com o objetivo de gerar resultados efetivos nos processos e nas obras”, explica o executivo.

O projeto para áreas úmidas, como ele descreve, implementa elementos pré-montados, kits hidráulicos e elétricos, vedações, shafts e painéis de revestimento, além de impermeabilização de alta performance. No caso das vedações verticais, obtêm-se um expressivo aumento na produtividade, além da diminuição de custos indiretos e geração de resíduos. “Ou seja, tudo isso é conquistado ao se reduzir a artesanalidade na obra, por meio do uso de painéis modulares, pré-fabricados de fachadas e vedação seca resistente ao fogo nas caixas de escadas”, exemplifica.

O presidente da Método cita ainda a necessidade de programas de qualificação da mão de obra. “O trabalhador deve ser um agente da própria segurança”, diz. “E ao gestor, cabe menos punir as atividades incorretas do que incentivar as corretas.”

MECANIZAÇÃO

Sob a ótica da indústria de equipamentos, os ganhos de produtividade na construção passam necessariamente por uma mudança de paradigmas que levem à adoção de novas tecnologias, mais eficientes e confiáveis.

Esta necessária substituição tecnológica pode, inclusive, superar problemas de inadequação das soluções às tarefas, como tantas vezes ocorrem no país afora, principalmente fora das grandes empresas e empreendimentos. “Há um mix de produtos que merecem ser mais bem conhecidos e utilizados”, apregoa Marcos Schmidt, gerente de produto da divisão Construção da Atlas Copco Brasil. “Mas não basta só ter equipamentos, também é preciso ter postura.”

O especialista refere-se a uma predisposição de se adotar o novo como resultado de um planejamento sistêmico, em linha com o pensamento dos demais especialistas. “E processo não é algo empírico, mas essencialmente planejamento”, diz ele. “É necessário fugir do óbvio, além de haver uma atitude mais incisiva dos fabricantes, que são muito tímidos em mostrar as vantagens de suas tecnologias avançadas.”

Para exemplificar esta proposta de sistematização no uso dos equipamentos, o especialista cita avanços recentes obtidos nos processos de demolição, como a substituição bem-sucedida do corte para o cisalhamento com tesoura. Tais avanços, no entanto, devem sempre ser apoiados em uma inteligência capaz de medir a produtividade da solução adotada. “O conhecimento do equipamento é uma premissa muito importante para estabelecer critérios de seleção, entender a utilização do produto e até mesmo amortizar seu preço”, destaca Schmidt. “O fato é que vale muito a pena pesquisar, pois são pequenos detalhes, mas que merecem uma maior atenção.”

MÃO DE OBRA

Diretor da Porsche Consulting Brasil, o executivo alemão Rüdiger Leutz concorda que a otimização dos processos é um passo fundamental para aumentar a produtividade. Mas destaca que a qualificação constante da mão de obra também pode fazer a diferença.

Nesse ponto, basta lembrar – como destacou o executivo da Atlas Copco – que a produtividade por trabalhador na construção é de 100 mil dólares/ano nos EUA, enquanto no Brasil mal chega a 22 mil dólares/ano. “Investir e focar no aumento da produtividade não é uma questão só de momentos de crise, mas algo que deve ser constante”, afirma Leutz, que tem na construção e na mineração seus principais clientes no país. “A maioria dos países fala em investir em produtividade especialmente nesses períodos difíceis, mas a verdade é que precisamos investir nas pessoas para apoiar e suportar a produção em qualquer período.”

Em momentos difíceis, diz o consultor, as empresas ressentem-se e só pensam em cortes de pessoal, o que quase nunca é o melhor caminho, como explica o consultor. “As empresas ficam muito presas a fatores externos, não são flexíveis e se esquecem de olhar internamente, pois muitas vezes o problema está dentro da empresa”, avalia, complementando que são justamente as empresas que investem constantemente em sistemas, equipamentos e planos de carreira que conseguem enfrentar as crises. “A principal reclamação é sempre da falta de mão de obra qualificada, mas devemos também pensar em como investir nesses profissionais, reconhecer o mérito, diminuir a rotatividade e fazer com que, depois de especializado, ele fique na empresa e não queira ir para outra”, finaliza.

Livro sobre gerenciamento e manutenção ganha nova edição

Durante o Sobratema Workshop 2015 foi lançada a segunda edição do livro “Gerenciamento e Manutenção de Equipamentos Móveis”, do engenheiro mecânico Norwil Veloso. Editada pela Sobratema, a obra fornece informações sobre gestão e manutenção de frotas de equipamentos móveis, analisando ideias, conceitos, sistemas e metodologias.

Atualizada e revisada, a nova edição também inclui conceitos referentes a novas tecnologias de gestão e controle de manutenção, como Manutenção Baseada na Severidade (SBM), Manutenção Centrada em Confiabilidade (RCC) e Manutenção Proativa. “A estrutura da obra foi mantida, mas incluímos alguns aspectos que refletem a evolução recente do assunto no Brasil e no mundo”, diz o autor.

 

 

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