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Revista M&T - Ed.265 - Julho 2022
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MINERAÇÃO

O desafio da sustentabilidade

Práticas de ESG se tornam referência na mineração e na indústria brasileira de agregados, por meio de iniciativas que buscam minimizar os impactos ambientais e estimular a responsabilidade social
Por Santelmo Camilo

A produção mineral brasileira é estimada em cerca de 1,3 bilhão de toneladas. Desse montante, o setor produtivo de agregados tem uma expressiva contribuição, respondendo por mais de 45% do volume total a cada ano, o que dá elevada projeção à atividade das pedreiras e, ao mesmo tempo, aumenta sua responsabilidade socioambiental.

Ademais, a conjectura atual deixa claro que a mineração como um todo, imprescindível para a qualidade de vida na sociedade, deve seguir práticas de governança que atendam às exigências contidas nos padrões ESG, adotadas por gestores no Brasil e no exterior. A sigla ESG (Environmental, Social and Governance), traça um novo parâmetro para medir as práticas das empresas.

Nas economias mais desenvolvidas, a métrica já é amplamente empregada para medir como uma empresa se dedica a minimizar impactos ao meio ambiente, construir um mundo mais justo e responsável às pessoas do seu entorno e implementar processos competentes e transparentes de administração e segurança no trabalho, dentre outros.

Desde sua origem, o conceito tem chamado a atenção de investidores de todo o mundo para os aspectos que precisam ser considerados em um investimento sustentável. Ou seja, o ESG representa a nova ordem mundial para a decisão de alocação de capital em uma empresa e, hoje, se tornou prioridade para organizações de todos os setores, inclusive na mineração e na indústria de agregados.

DESPERTAR

Ao longo dos anos, é bom lembrar, o setor de agregados vem se adequando às questões de sustentabilidade. No entanto, a dimensão da produção, a distribuição dos empreendimentos, o baixo valor unitário dos produtos e a necessidade de proximidade ao mercado consumidor – com pedreiras geralmente instaladas em áreas periurbanas – sempre impuseram condicionantes operacionais e de integração socioeconômica.

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A produção mineral brasileira é estimada em cerca de 1,3 bilhão de toneladas. Desse montante, o setor produtivo de agregados tem uma expressiva contribuição, respondendo por mais de 45% do volume total a cada ano, o que dá elevada projeção à atividade das pedreiras e, ao mesmo tempo, aumenta sua responsabilidade socioambiental.

Ademais, a conjectura atual deixa claro que a mineração como um todo, imprescindível para a qualidade de vida na sociedade, deve seguir práticas de governança que atendam às exigências contidas nos padrões ESG, adotadas por gestores no Brasil e no exterior. A sigla ESG (Environmental, Social and Governance), traça um novo parâmetro para medir as práticas das empresas.

Nas economias mais desenvolvidas, a métrica já é amplamente empregada para medir como uma empresa se dedica a minimizar impactos ao meio ambiente, construir um mundo mais justo e responsável às pessoas do seu entorno e implementar processos competentes e transparentes de administração e segurança no trabalho, dentre outros.

Desde sua origem, o conceito tem chamado a atenção de investidores de todo o mundo para os aspectos que precisam ser considerados em um investimento sustentável. Ou seja, o ESG representa a nova ordem mundial para a decisão de alocação de capital em uma empresa e, hoje, se tornou prioridade para organizações de todos os setores, inclusive na mineração e na indústria de agregados.

DESPERTAR

Ao longo dos anos, é bom lembrar, o setor de agregados vem se adequando às questões de sustentabilidade. No entanto, a dimensão da produção, a distribuição dos empreendimentos, o baixo valor unitário dos produtos e a necessidade de proximidade ao mercado consumidor – com pedreiras geralmente instaladas em áreas periurbanas – sempre impuseram condicionantes operacionais e de integração socioeconômica.

“Antes mesmo do despertar das práticas de sustentabilidade serem pautadas por toda a indústria mineral, o setor de agregados já utilizava critérios dessas políticas, compreendendo que conferiam à atividade uma desejada estabilidade, harmonização no convívio e integração com outros usos e ocupação do solo”, acentua Daniel Debiazzi Neto, presidente do Sindipedras (Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo).

De acordo com ele, o que ocorreu nos últimos anos foi uma exposição da mineração brasileira a um intenso processo de cobrança de boas práticas por parte da sociedade, decorrentes dos seguidos e trágicos acidentes com barragens de rejeitos.

Com isso, também houve uma maior tomada de consciência por parte dos empresários do setor, acelerando a adoção de medidas e procedimentos para atendimento às políticas da pauta ESG.

“No setor de agregados, isso pode ser visto claramente na criação de institutos de sustentabilidade, voltados para práticas sociais, educacionais e esportivas, além de ações contributivas de naturezas diversas às comunidades”, avalia Debiazzi, destacando como esse processo se aprofundou na crise sanitária. “Na pandemia, muitas empresas do setor se mobilizaram para doações de cestas básicas e algumas, inclusive, aderiram ao Movimento Não Demita”, aponta.


Nos últimos anos, a mineração foi exposta a um intenso processo de cobrança de boas práticas pela sociedade

Na mesma linha, entidades como Sindipedras e Sindareia (Sindicato das Indústrias de Mineração de Areia do Estado de São Paulo) promoveram movimentos de autorregulação, como é o caso do “Movimento Responsabilidade de Peso”, dedicado à conscientização da importância de se transportar cargas dentro do limite legal de peso de cada caminhão-tipo, bem como o estímulo a visitas de estudantes para conhecer de perto as operações das mineradoras.

Outros aspectos centrais, como segurança operacional e saúde ocupacional, também são estimulados e progressivamente adotados como temas de atenção, tornando-se alvo de gestão direta da alta direção das empresas, o que, no entender de Debiazzi, é fundamental para o setor.

“Há ainda avanços a serem feitos, certamente, como o que se refere à igualdade de gênero e diversidade, ou mesmo apoio a grupos sociais vulneráveis, dentre outros, que tendem a ser mais presentes e visíveis em toda a mineração brasileira e no setor produtor de agregados”, acrescenta.

AÇÕES CONCRETAS

Isso é importante, até porque o processo se acelera. Representado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o setor de mineração vai ampliar esforços em prol dos compromissos setoriais estabelecidos na Agenda ESG da mineração no Brasil.

Segundo Raul Jungmann, diretor-presidente do Ibram, esses objetivos são necessários para expandir a atuação empresarial do setor em consonância com segurança operacional, sustentabilidade, respeito às pessoas e cuidado com a preservação ambiental. O combate incessante à lavra ilegal é outra meta do instituto.

“Ao falarmos em ESG, estamos tratando de ações muito concretas”, diz Jungmann. “Usar menos água, buscar recursos renováveis para gerar energia, ter respeito à comunidade, preservar a floresta e demais compromissos com o meio ambiente são aspectos que norteiam o rumo do setor e de nossa gestão no Ibram, com apoio do Conselho Diretor.”

O especialista é taxativo ao afirmar que, por exemplo, não apoia projetos que venham a abrir brechas ao garimpo ilegal, tampouco qualquer tipo de ação que não preserve o meio ambiente e, em particular, a floresta tropical.

“O Ibram vai manter contato direto com autoridades para cobrar providências mais efetivas contra a lavra ilegal, como a de ouro, que resulta em perda de divisas ao país, entre outras consequências danosas, como fomento ao crime e prejuízos às comunidades, inclusive, povos indígenas”, reforça.

Foi o que aconteceu recentemente, quando o Ibram se declarou contrário ao projeto de lei no 191, que tramita na Câmara dos Deputados e propõe a regulamentação de atividades econômicas em terras indígenas demarcadas.

“Tivemos a oportunidade de falar para os embaixadores da União Europeia e deixamos claro que o setor mineral brasileiro segue a Constituição e entende que a mineração em terras indígenas precisa de regulamentação”, elucida Jungmann. “Mas não aceitaremos uma regulação que desrespeite os povos originários e seus direitos, que não os ouça. Eles devem participar dos processos de decisão.”

Por sua vez, os produtores de pedra britada têm voltado suas iniciativas para minimizar os impactos ambientais que mais geram reclamações nas comunidades onde operam. Segundo Debiazzi, já houve alguns progressos, como a minimização de ruídos, vibrações e emissões de particulados, por meio da adoção de tecnologias e procedimentos adequados, bem como ao se observar com mais rigor as normas legais definidoras de danos e incômodos.


Atividades de lavra e beneficiamento são as que passaram por mudanças mais relevantes

“As atividades de lavra e beneficiamento são as que passaram por mudanças mais relevantes, com introdução de novas ferramentas, equipamentos e procedimentos operacionais para essa finalidade”, diz o presidente do Sindipedras.

No processo de britagem e classificação, o uso de água hoje é bem mais reduzido, sendo utilizada apenas para alimentar sistemas de abatimento de pó em equipamentos de britagem, peneiras e pontos de transferência. Segundo Debiazzi, esse sistema não chega a constituir um problema para os empreendimentos quando é operado adequadamente.

Contudo, o setor de mineração ainda sofre com a reputação desfavorável, acentuada desde os acidentes com as barragens de Mariana e Brumadinho. Uma pesquisa feita pelo Instituto Akatu/ Globe Skan, publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, indica que os brasileiros são céticos em relação ao cumprimento das responsabilidades socioambientais pelas empresas em geral, apontando a indústria mineral na penúltima opção do ranking dos setores com percepção mais negativa em relação à média de outros países, superando apenas a do petróleo.

INSTRUMENTOS

Mudar essa percepção também exige investimentos. No setor de agregados, especialmente, o uso de soluções tecnológicas para a sustentabilidade é feito de maneira recorrente, porém muitas vezes de forma tão silenciosa que acaba passando de forma quase imperceptível. Segundo o presidente do Sindipedras, as empresas já possuem instrumentos e ferramentas tecnológicas que promovem impactos notáveis nas operações unitárias de lavra e no beneficiamento mineral.

As perfuratrizes atuais, diz ele, são dotadas de sistemas inteligentes pré-programados de perfuração e sistemas de controle de desvios de perfuração (avaliação de desvios de furação), assim como escaneamentos de bancadas de perfuração, sismografias de detonações, acessórios de detonação e iniciadores operados eletronicamente, permitindo reduzir o nível de ruído, a vibração e outros efeitos adversos, muitos deles de grande impacto em um passado bastante recente.

Por sua vez, os rompedores hidráulicos – também bastante utilizados nas pedreiras – eliminaram o denominado ‘fogacho’, operação de difícil controle técnico. Já a automatização de plantas de britagem e classificação, agora operadas remotamente, trazem mais segurança, estabilidade operacional, aumento de produtividade e redução de custos.

Além disso, como destaca o especialista, as alterações de processos de beneficiamento via úmida para seca possibilitam a redução do consumo de água e eliminam as barragens. “Isso sem se falar na utilização de drones em levantamentos aerofotogramétricos, dentre outros sistemas possibilitados pelo avanço digital e tecnológico”, exemplifica.

No limite, todas essas inovações têm trazido uma contribuição efetiva à sustentabilidade ambiental do setor, avalia Debiazzi. “Um avanço importante e há muito tempo aguardado, com perspectivas de operação no médio prazo, será a operação dos portais dotados de instrumentação para pesagem de veículos em movimento, importante passo para controle de excesso de peso nas estradas e vias urbanas”, acrescenta.

“Essa possibilidade vai gerar bons impactos na segurança de tráfego, durabilidade dos pavimentos e custo de manutenção de caminhões, além de promover uma leal concorrência no mercado de agregados.”


Automatização de plantas trouxe mais segurança, estabilidade e produtividade ao setor

ADEQUAÇÃO

De acordo com Bernardo Gomes, consultor especialista para as linhas de produtos Kleemann e de Mineradoras de Superfície da Ciber, as empresas que não se adequarem e descumprirem as regras de sustentabilidade estarão fora do jogo muito em breve. “O mercado está cada vez mais exigente em vários aspectos, principalmente em regras como redução de geração de ruídos, poeira e tráfego”, diz ele.

Empresa da Grupo Wirtgen, a Kleemann segue normas padronizadas internacionalmente e que, por isso, segundo Gomes se adequam plenamente aos padrões ESG. Ele cita vários exemplos dessa preocupação nos projetos dos equipamentos. Os britadores da marca, por exemplo, prometem um consumo mais adequado de combustível em relação ao desempenho.

Além de monitoramento a distância, controle remoto e controle de pó, que obedecem às normas internacionais de controle de geração de ruído e aspersão de água para abatimento de poeira.

“Alguns modelos podem ser selecionados para trabalhar conforme a matriz energética”, destaca. “Como contam com acionamento diesel elétrico, podem ser utilizados de acordo com a demanda de energia, de maneira mais constante e sem exigir muito do motor, evitando desgaste acelerado e proporcionando gasto adequado, linear e sem picos de consumo”, explica Gomes.


Soluções como britadores têm consumo mais adequado de combustível em relação ao desempenho

Dessa maneira, as máquinas organizam e equalizam o ritmo de produção, adaptando-se às exigências do trabalho, com foco na melhor performance energética. “Além disso, podem ser monitoradas remotamente, sem a necessidade de o operador ir até o equipamento, o que evita exposição dos trabalhadores a ambientes hostis”, frisa o consultor, ressaltando que as informações sobre falhas e dados de operação são enviadas ao smartphone para tomada de providências.

“A partir do controle remoto, também podem ser feitas interrupções de emergência, movimentação, posicionamento e start de operação”, arremata Gomes.


LANÇAMENTO
Metso Outotec renova linha portátil de britagem

Com a promessa de alta capacidade, mobilidade e flexibilidade, a fabricante renova a linha NW Rapid com plantas portáteis sobre rodas na faixa de 250 t/h de capacidade. Incluindo britadores e peneiras, o conceito é voltado para pedreiras e consiste em estações de britagem primária, secundária e terciária de instalação rápida, com layout projetado para diferentes capacidades de produção.

Linha NW Rapid é composta por britadores e peneiras na faixa de 250 t/h de capacidade

“Também adicionamos à linha as novas telas portáteis NW2060S e NW1855S, que oferecem ainda mais flexibilidade aos processos dos nossos clientes”, acrescenta Jarno Pohja, gerente de produto para agregados da Metso Outotec.


INTERNACIONAL
Equipamentos da Kleemann ganham prêmios internacionais de design

O britador de mandíbula Mobicat MC 110(i) EVO2 recebeu a mais alta distinção (“Gold”) do German Design Award, um dos mais prestigiados prêmios internacionais de design. Segundo o júri, o equipamento “impressiona com um design progressista e compacto que acentua com excelência as exigências de força e desempenho que se impõem, assim como soluções modernas de tecnologia e ergonomia no exterior e no interior”.


Linha da Kleemann foi reconhecida pelo design, desempenho e eficiência energética

Já o cone Mobicone MCO 90(i) EVO2 abocanhou uma “Special Mention” da premiação alemã, que considerou “a alta eficiência energética, conforto de operação inteligente e qualidade superior de produto”.

Por sua vez, o Good Design Award também distinguiu os produtos da Kleemann com premiações, apontando que apresentam “características extraordinárias de design e estética, destacando-se nos aspectos de inovação, funcionalidade e eficiência energética”.


Saiba mais:
Ibram: https://ibram.org.br
Kleemann: www.wirtgen-group.com/pt-br/empresa/kleemann
Metso Outotec: www.mogroup.com/pt
Sindipedras: www.sindipedras.org.br

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