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Revista M&T - Ed.199 - Março 2016
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Guindastes

Na esteira da crise

concebidos para projetos de grande porte e com longo prazo de execução, equipamentos treliçados sentem a queda da atividade econômica e sofrem com a disparada do dólar

Por vocação, os guindastes de esteira estão associados a projetos de grande porte na área de infraestrutura, além de obras de arte, estaleiros e instalações industriais, dentre outros. Com o agravamento da crise econômica e a disparada do dólar, contudo, muitos projetos tiveram de ser recalculados, postergados ou, até mesmo, cancelados, levando a uma retração acentuada no mercado. “A conjunção de fatores fez com que houvesse forte diminuição na procura por esse tipo de máquina, que é importada e, consequentemente, tem preços mais altos”, dá o tom Leandro Nilo de Moura, responsável pelo departamento de marketing da Manitowoc Latin America.

Mesmo em meio à instabilidade, a Manitowoc continua a oferecer ao mercado brasileiro todos os seus modelos de guindastes treliçados de esteira, inclusive apresentando alguns lançamentos. Porém, como ressalva o executivo, em 2015 a procura pelo produto chegou ao ponto mais baixo em anos. “Não registramos máquinas superiores a 100 t comercializadas durante esse ano e tudo indica que foi o pior período de vendas desde 2010”, revela, referindo-se especificamente ao mercado de máquinas novas e lembrando ainda que “praticamente todos os países vizinhos receberam máquinas novas nos últimos dois anos”.

Na sua visão, Moura destaca que essas máquinas são destinadas a projetos de médio para grande porte, com longo prazo de execução. E que, justamente neste nicho, muitas obras não aconteceram. “A verdade é que vimos algumas operações de manutenção de médio e grande porte ocorrendo e alguns projetos acontecendo”, comenta. “Mas a velocidade e a quantidade podem ser atendidas com o parque de máquinas já existente, em um cenário não compatível com um país em desenvolvimento.”

A análise é corroborada por Cesar Schmidt, gerente comercial da divisão de guindastes móveis sobre esteiras e pneus da Liebherr Brasil, para quem o mercado de equipamentos para construção, em geral, sofreu um impacto acachapante com a crise. “No caso dos guindastes móveis, sobre esteiras ou pneus, em função da forte redução de grandes obras em todos os setores e, principalmente, no de óleo e gás, o cenário vem se mantendo desaquecido desde 2015”, afirma.

REPOSIÇÃO

Segundo M


Por vocação, os guindastes de esteira estão associados a projetos de grande porte na área de infraestrutura, além de obras de arte, estaleiros e instalações industriais, dentre outros. Com o agravamento da crise econômica e a disparada do dólar, contudo, muitos projetos tiveram de ser recalculados, postergados ou, até mesmo, cancelados, levando a uma retração acentuada no mercado. “A conjunção de fatores fez com que houvesse forte diminuição na procura por esse tipo de máquina, que é importada e, consequentemente, tem preços mais altos”, dá o tom Leandro Nilo de Moura, responsável pelo departamento de marketing da Manitowoc Latin America.

Mesmo em meio à instabilidade, a Manitowoc continua a oferecer ao mercado brasileiro todos os seus modelos de guindastes treliçados de esteira, inclusive apresentando alguns lançamentos. Porém, como ressalva o executivo, em 2015 a procura pelo produto chegou ao ponto mais baixo em anos. “Não registramos máquinas superiores a 100 t comercializadas durante esse ano e tudo indica que foi o pior período de vendas desde 2010”, revela, referindo-se especificamente ao mercado de máquinas novas e lembrando ainda que “praticamente todos os países vizinhos receberam máquinas novas nos últimos dois anos”.

Na sua visão, Moura destaca que essas máquinas são destinadas a projetos de médio para grande porte, com longo prazo de execução. E que, justamente neste nicho, muitas obras não aconteceram. “A verdade é que vimos algumas operações de manutenção de médio e grande porte ocorrendo e alguns projetos acontecendo”, comenta. “Mas a velocidade e a quantidade podem ser atendidas com o parque de máquinas já existente, em um cenário não compatível com um país em desenvolvimento.”

A análise é corroborada por Cesar Schmidt, gerente comercial da divisão de guindastes móveis sobre esteiras e pneus da Liebherr Brasil, para quem o mercado de equipamentos para construção, em geral, sofreu um impacto acachapante com a crise. “No caso dos guindastes móveis, sobre esteiras ou pneus, em função da forte redução de grandes obras em todos os setores e, principalmente, no de óleo e gás, o cenário vem se mantendo desaquecido desde 2015”, afirma.

REPOSIÇÃO

Segundo Moura, da Manitowoc, em condições “normais” o que se espera do Brasil é um potencial de reposição do parque de máquinas, com demandas simultâneas por novos projetos. “Mas isso não ocorreu, mesmo depois de vários projetos anunciados”, diz. Mas a menor procura, como frisa o executivo, também se deve ao fator câmbio. Como essas máquinas são todas importadas, o impacto do dólar é refletido diretamente sobre o preço final. “Hoje, estamos falando de preços 60% superiores aos praticados em 2014 e isso tem um peso significativo em máquinas com preços acima do R$ 1 milhão”, pontua. “Aliás, agora, já podemos dizer que são quase R$ 2 milhões.”

De acordo com o representante, a Manitowoc é líder mundial nessa linha de produtos, tanto em vendas quanto em desenvolvimento de produtos, com diversas patentes desenvolvidas e um histórico que garante à empresa uma visão ampla do mercado. “O que está acontecendo aqui nos preocupa”, afirma. “Principalmente em relação aos clientes que gostariam de investir em projetos ligados ao desenvolvimento do país.”

A Manitowoc possui fábrica em Passo Fundo (RS), na qual trabalha atualmente somente com reforma de máquinas usadas da marca e de seus componentes, por meio da EnCORE – divisão de reforma e recondicionamento de máquinas e componentes (confira Box na pág. 44). Atualmente paralisada, a produção está voltada para outros produtos, do tipo Rough Terrain e gruas de torre.

“USINAS”

Os guindastes de esteira com lança treliçada são máquinas que precisam ser transportadas até o local da obra, onde são montadas para o trabalho. Suas partes constituem de carbody (ou carro principal), que é a base da máquina e contém o motor, a cabine, os guinchos, a base para contrapesos (fixos ou de posicionamento variável) e a base da lança. Extremamente reforçada, esta base suporta todas as configurações do equipamento. Outra característica interessante é que essas máquinas precisam de guindaste auxiliar somente para o processo inicial de montagem. O restante, a máquina faz por si só.

Outra parte vital do conjunto é a lança treliçada, por sua vez constituída de base, segmentos e ponta. Conforme o projeto, a lança pode ser configurada de várias formas, sempre seguindo uma tabela pré-definida pela engenharia do produto. Outros componentes podem ser agregados à lança para aumentar a capacidade, o raio de trabalho ou a altura desejada.

As máquinas são verdadeiras “usinas” hidráulicas. Um ou mais motores diesel, eletronicamente controlados, alimentam o sistema hidráulico que, por sua vez, alimenta os diversos sistemas da máquina, como os guinchos, além de controlar o movimento das esteiras, lanças etc. Tudo é controlado por computador e a comunicação é feita por uma rede de alta velocidade. As máquinas também transmitem dados para controle e acompanhamento remoto do trabalho, no caso da Manitowoc, via sistema CraneStar. Nas máquinas da Manitowoc, inclusive, o computador de controle se chama CCS (Crane Control System, similar em todos os tipos de guindastes), seguindo padrões internacionais de layout e identificação das funções, o que facilita a adaptação por parte do operador. Algumas versões possuem motor auxiliar de energia para ficar em stand-by com luzes e sistemas de segurança ligados, para auxiliar no processo de montagem e desmontagem.

Para um profissional treinado, a operação do guindaste é relativamente simples. Toda a máquina é controlada via computador e obedece a um plano de rigging. Como tudo é planejado, o operador (auxiliado por um sinalizador do lado de fora da máquina) executa passo a passo a operação de içamento. Os controles são eletrônicos e podem ser totalmente personalizados e configurados. Do mesmo modo, a sensibilidade dos comandos também é muito importante e, por isso, alvo frequente de estudos pela engenharia de desenvolvimento, pois o operador precisa “sentir” a máquina. Precisão e controle são fundamentais nas operações. “A máquina pode se movimentar com a carga, mantendo 100% da tabela de carga”, explica o especialista.

Como vimos, para percorrer grandes distâncias, a máquina deve ser desmontada. Assim, as dimensões e pesos dos componentes são desenvolvidos tendo em mente as limitações de transporte existente nas estradas, enquanto o processo de montagem é elaborado tendo em vista a necessidade de segurança e rapidez. Para distâncias menores, como deslocamentos dentro do canteiro de obras ou entre torres eólicas, por exemplo, a máquina se move com suas próprias esteiras.

As torres eólicas, aliás, constituem um nicho promissor para os fabricantes. De fato, de acordo com Schmidt, da Liebherr, “as melhores perspectivas para os guindastes sobre esteiras estão no mercado de produção de energia eólica, que continua em crescimento no país”.

Atualmente, como lembra o gerente, há uma tendência crescente na demanda por máquinas para atuar na montagem de torres, naceles e rotores. Segundo ele, os modelos mais solicitados para esse tipo de operação são os da classe de 600 t a 750 t. “São máquinas com características próprias, para trabalhos com grandes cargas, muito altas, em regiões com muita incidência de ventos”, explica. “Preferencialmente, devem ter pouca largura para deslocamento nos acessos estreitos dos parques eólicos e, ainda, se deslocar o máximo possível, com sistemas de rápida montagem e desmontagem, pois sua permanência em cada torre é de poucos dias ou de apenas algumas horas, deslocando-se para a próxima.”

VERSATILIDADE

Outra fabricante de peso desse tipo de guindaste, a Terex oferece modelos com capacidades entre 72 t e 3.200 t. Conforme o gerente nacional de vendas de guindastes da empresa, Rodrigo Borges, os principais modelos da marca nessa categoria são o CC2800 (600 t) e o Superlift 3800 (650 t).

As máquinas sobre esteiras com lança treliçada, segundo Borges, superam os modelos sobre pneus em trabalhos em que a carga precisa ser transportada de um ponto a outro. “O equipamento de esteira pode se movimentar com a carga, enquanto as máquinas sobre pneus precisam ser ‘patoladas’ para que o içamento seja realizado”, explica.

Para trabalhos como montagens de torre eólica, a aceitação dos guindastes de esteira com lança treliçada é quase absoluta, já que a máquina é talhada para esse tipo de trabalho. “Outros nichos de mercado para sua aplicação incluem construção civil e montagem industrial”, acresce Borges.

Segundo informações da fabricante, a versatilidade dos guindastes sobre esteiras começa com o grande número de modelos disponíveis, incluindo os de lança treliçada, de lança treliçada sobre caminhão, pórticos de bitola estreita e guindastes de pedestal. A partir daí, o projeto modular confere a flexibilidade de adaptar o guindaste às necessidades específicas de cada projeto.

Mas suas características também incluem diferentes configurações possíveis, além de extensões de lança, lança auxiliar estaiada, kit para energia eólica, pau de carga e outros módulos (que podem ser acrescentados conforme a necessidade). “Aliás, os módulos poupam o investimento, pois não exigem a aquisição de outros sistemas de lança, enquanto as seções modulares ‘recolhíveis’ aumentam a eficiência do transporte”, destaca o especialista.

Recondicionamento dá vida nova a guindaste

Há dois anos, um guindaste de esteira de lança treliçada Manitowoc 4000W, da Odebrecht, voltou a operar no Estaleiro Paraguaçu, em Salvador (BA). Após três décadas de uso, a recuperação do equipamento foi feita pela EnCORE, serviço de recondicionamento fornecidos pela Manitowoc Crane Care.

A construtora decidiu manter o 4000W em funcionamento devido a seus recursos, incluindo um sistema de queda livre, que é usado para operações de bate-estaca. Mas a empresa também levou em consideração a qualidade dos mecanismos e a manutenção facilitada. Além disso, o recondicionamento custou 75% do valor de aquisição de um novo. Segundo Rodrigo Stefanini, gerente sênior da EnCORE na América Latina, o projeto para recondicionar o guindaste foi de grande ajuda para a Odebrecht, pois além de economizar os recursos da empresa, também permitiu que mantivessem o funcionamento de um guindaste considerado “ideal” para as atividades da empresa.

Realizado em seis meses, o trabalho incluiu desmontagem e inspeção, troca de componentes, reparos estruturais, remanufatura do guincho da lança e recondicionamento da trava de deslocamento e do eixo de acionamento principal, mas também instalação de novas embreagens e rolamentos, reforço do teto, inspeção e proteção do chassi, troca do motor e nova placa de suporte. “Recebemos a máquina recondicionada em setembro, após o que foi testada e certificada para trabalhar no píer novamente”, destaca Stefanini. “A nova pintura em vermelho cintilante refletiu a nova vida da máquina.”

 

 

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