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Revista M&T - Ed.172 - Setembro 2013
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Equipamentos Especiais

Gigantes longe da aposentadoria

Após quase meio século de uso, transportadores da NASA – as maiores máquinas de esteiras do mundo – estão sendo reformados para continuar atuando por mais 20 anos

Mesmo entre especialistas, poucas pessoas conhecem esses equipamentos ou o seu papel na história da exploração espacial. Talvez os equipamentos mais específicos já construídos pelo homem, os transportadores de esteiras da NASA (National Aeronautics and Space Administration) também ostentarão por muito tempo o título de maiores máquinas sobre esteiras existentes no mundo.

De fato, após prestar relevantes serviços à agência espacial norte-americana por mais de 45 anos, esses gigantes estão muito longe da aposentadoria. Isso porque, com o encerramento do atual programa, as duas máquinas Crawler Transport passarão por uma revisão geral, de modo a continuar em serviço por, pelo menos, mais 20 anos.

ENCOMENDA

Em meados da década de 60, a NASA desenvolveu estudos referentes a uma delicada missão: o transporte dos foguetes lunares Saturno V, utilizados no Projeto Apollo (1961-1972) para levar o homem à lua. Para mover os foguetes do galpão de montagem até as plataformas de lançamento 39A e 39B, situadas a cerca de 5 km de distância em Huntsville, no Alabama, a agência decidiu projetar e construir um veículo sobre esteiras especificamente para esse fim, calcados nos equipamentos já existentes no setor da construção. Mas, evidentemente, muito maiores.

Tendo em vista sua notória falta de know-how específico na área, a NASA procurou no mercado algumas empresas habilitadas a construir um então inédito veículo transportador com capacidade de 6.250 ton, mais o próprio peso, estimado em 3.000 ton. Única empresa que havia produzido algo parecido, a Bucyrus-Erie fabricava escavadeiras 3850-B (com capacidade de 115 e 149 j.c.) montadas sobre quatro conjuntos de esteiras duplas, num padrão similar ao proposto para o veículo da NASA, embora muito menor. Com tal precedente, a empresa foi a primeira a ser cogitada para a empreitada.

Antes da assinatura do contrato, contudo, a Marion Power Shovel entrou com um protesto, alegando também ter condições de fabricação, o que fez com que a NASA, em vez de alocar o serviço à Bucyrus-Erie, abrisse uma concorrência, que acabou sendo vencida pela Marion.

FABRICAÇÃO

A fabri


Mesmo entre especialistas, poucas pessoas conhecem esses equipamentos ou o seu papel na história da exploração espacial. Talvez os equipamentos mais específicos já construídos pelo homem, os transportadores de esteiras da NASA (National Aeronautics and Space Administration) também ostentarão por muito tempo o título de maiores máquinas sobre esteiras existentes no mundo.

De fato, após prestar relevantes serviços à agência espacial norte-americana por mais de 45 anos, esses gigantes estão muito longe da aposentadoria. Isso porque, com o encerramento do atual programa, as duas máquinas Crawler Transport passarão por uma revisão geral, de modo a continuar em serviço por, pelo menos, mais 20 anos.

ENCOMENDA

Em meados da década de 60, a NASA desenvolveu estudos referentes a uma delicada missão: o transporte dos foguetes lunares Saturno V, utilizados no Projeto Apollo (1961-1972) para levar o homem à lua. Para mover os foguetes do galpão de montagem até as plataformas de lançamento 39A e 39B, situadas a cerca de 5 km de distância em Huntsville, no Alabama, a agência decidiu projetar e construir um veículo sobre esteiras especificamente para esse fim, calcados nos equipamentos já existentes no setor da construção. Mas, evidentemente, muito maiores.

Tendo em vista sua notória falta de know-how específico na área, a NASA procurou no mercado algumas empresas habilitadas a construir um então inédito veículo transportador com capacidade de 6.250 ton, mais o próprio peso, estimado em 3.000 ton. Única empresa que havia produzido algo parecido, a Bucyrus-Erie fabricava escavadeiras 3850-B (com capacidade de 115 e 149 j.c.) montadas sobre quatro conjuntos de esteiras duplas, num padrão similar ao proposto para o veículo da NASA, embora muito menor. Com tal precedente, a empresa foi a primeira a ser cogitada para a empreitada.

Antes da assinatura do contrato, contudo, a Marion Power Shovel entrou com um protesto, alegando também ter condições de fabricação, o que fez com que a NASA, em vez de alocar o serviço à Bucyrus-Erie, abrisse uma concorrência, que acabou sendo vencida pela Marion.

FABRICAÇÃO

A fabricação apresentou uma série de problemas e dificuldades, uma vez que até então nenhum equipamento havia sido projetado – e muito menos produzido – com as características gigantescas previstas pelo projeto (leia Box na pág. 121). Uma das dificuldades era a necessidade de se manter a plataforma nivelada, enquanto trafegava por superfícies em rampa, o que era essencial tendo em vista o peso e as dimensões da carga a ser transportada. Como solução, o sistema de locomoção tornou-se independente, com a criação de um sistema separado para nivelamento, direção e outras funções. As dimensões pantagruélicas das cargas previstas representaram outro sério desafio, obrigando um redimensionamento dos mancais e rolamentos dos conjuntos de esteiras. No final de 1965, os equipamentos finalmente entraram em serviço, sendo utilizados no programa Apollo até 1982 e, posteriormente, no programa Space Shuttle, entre 1981 e 2011.

ESTRUTURA

Ao todo, foram fabricados apenas dois transportadores (conhecidos como Hans e Franz). Seu conjunto é composto pelo transportador em si e por uma Plataforma Móvel de Lançamento, sobre a qual são montados os conjuntos (nave e foguete) a serem lançados.

Basicamente, o transportador é uma plataforma móvel com 39,9 x 34,7 m, apoiada em quatro conjuntos de duas esteiras cada, com 12 x 3 m e 57 sapatas em cada esteira. O acionamento é feito por quatro motores elétricos de 375 hp em cada conjunto, dois para cada esteira. Esses conjuntos estão posicionados nos vértices de um quadrado com 27,4 m de lado.

A operação é feita a partir de duas cabines, situadas em cantos opostos da estrutura, de modo a facilitar a locomoção em ambos os sentidos. A equipe é composta por um operador, quatro observadores (que auxiliam o operador) e seis técnicos, que acompanham o funcionamento dos sistemas em um centro de controle situado no interior do equipamento.

A alimentação do sistema de locomoção é realizada por quatro geradores de 1.000 kW, acionados por dois motores diesel de 2.750 hp. A alimentação dos sistemas de nivelamento, direção, iluminação, ventilação e outros é feita por dois geradores de 750 kW, acionados por dois motores diesel de 1.065 hp. Com isso, a potência total dos motores é de 7.630 hp, para geração de 5.500 kW de potência elétrica.

A velocidade de locomoção é de 3 a 5 km/h com o equipamento vazio e de 1,5 km/h, carregado. O consumo de combustível é de 295 litros por quilômetro percorrido, enquanto o sistema de refrigeração é composto por seis radiadores, nos quais circulam 800 litros de água, acionados por uma bomba de 75 hp.

Em 1977, as unidades foram modificadas para atender aos projetos Space Shuttle e SLS (Space Launch System), o que exigiu adaptações e restauro da estrutura.

OPERAÇÃO

Para transportar os foguetes do edifício de montagem até as torres de lançamento, os equipamentos precisavam realizar um percurso de 5 km, em uma rampa com 5% de inclinação.

Uma pista foi construída especialmente para esse fim, contendo duas faixas de 12,2 m de largura com 90 cm de brita, uma faixa central de grama de 15 m e faixas laterais pavimentadas, também utilizadas para o tráfego dos veículos de apoio. O projeto da via é convencional, extrapolado para resistir às volumosas cargas envolvidas. Após cada viagem, o pavimento é “remexido” para reduzir a compactação e, depois de 10 viagens, totalmente trocado.

A operação propriamente dita se inicia com a entrada (guiada a laser) do transportador no Edifício de Montagem, até estacionar sob a Plataforma Móvel de Lançamento. Normalmente, essa plataforma é instalada sobre apoios, já com a nave e o foguete posicionados sobre ela. Na sequência, o transportador aciona seu sistema de elevação para deslocar o conjunto (com aproximadamente 5,5 mil toneladas), que passa a ficar apoiado unicamente sobre ele.

Inicia-se então o percurso de 5 horas a uma velocidade de 1 km/h até a torre de lançamento. A compensação da rampa é feita por um sistema de nivelamento a laser com precisão de 10’, para evitar riscos de tombamento. Após a chegada, a plataforma é posicionada sobre pilares, o veículo recolhe o sistema de elevação e se desloca de volta.

ATUALIZAÇÃO

Para alocá-los no novo programa espacial SLS, a NASA analisou o equipamento e definiu quais sistemas necessitavam de melhoria e atualização. Depois disso, ambos os transportadores passaram por uma revisão geral, inclusive com a troca das cabines. E, em fevereiro de 2013, a NASA anunciou que o transportador no 2 terá seus motores originais ALCO (já com quase 50 anos de uso) substituídos por dois motores Cummins, além de receber 16 novos cilindros de nivelamento, roletes e buchas de locomoção. Também será feita atualização do sistema elétrico.

A versão modificada terá capacidade de elevação da ordem de 8.150 toneladas, suficiente para comportar o peso máximo da nave projetada e do respectivo foguete. O projeto prevê utilização dos equipamentos pelos próximos 20 anos, compreendendo ainda itens como novo projeto e relocação dos sistemas redundantes de frenagem, projeto de reforço da estrutura para atender à nova capacidade, troca dos dois geradores de 750 kW por unidades de 1.500 kW, modificação do sistema de distribuição de energia, substituição dos conjuntos de apoio das esteiras e troca dos cilindros hidráulicos de nivelamento, elevação e equalização.

No momento, os três primeiros itens já estão concluídos, enquanto os demais serão implementados nos próximos quatro anos. No entanto, os conjuntos deverão ficar inativos até 2017, uma vez que o apoio público à NASA foi significativamente reduzido na atual gestão da Casa Branca.

 

 

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