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Revista M&T - Ed.213 - Junho 2017
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Caminhões Betoneira

Efeito cascata

Retração no mercado de construção civil reduz o consumo de cimento no mercado interno e, de quebra, reflete-se na demanda de caminhões betoneira no país
Por Luciana Duarte

Neste ano, três fatores têm predominado claramente nos negócios do setor da construção. O primeiro é a estagnação continuada do mercado, que depende de tempo para se recuperar. O segundo é o nível de endividamento do setor, no qual muitas empresas estão se reinventando, e, por fim, as inúmeras obras que seguem paralisadas por falta de recursos, infelizmente ainda sem previsão de retomada.

Assim, enfrentando um mercado interno em ritmo bastante reduzido, o consumo aparente de cimento foi drasticamente atingido. Em abril, o mercado encerrou com 4 milhões de toneladas comercializadas, uma retração que beira 16,5% em comparação ao mês anterior, segundo o mais recente levantamento do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).

Como mostra o quadro abaixo, a queda registrada no consumo aparente no acumulado de 11 meses atingiu 9,9% em relação aos resultados de 2015/2016. “A desaceleração no consumo do produto no primeiro quadrimestre de 2017 foi de 10%, atingindo 17 milhões de toneladas, de acordo com dados preliminares da indústria”, comenta o presidente da entidade, Paulo Camilo Penna. “Com isso, a previsão do setor é de encerrar o ano com um recuo entre 5% e 7% nas vendas.”

Diante deste cenário desabonador, os fabricantes de caminhões betoneira sentem reflexos diretos nos negócios. Segundo o engenheiro Luiz Polachini, gerente comercial da Schwing-Stetter para a América do Sul, a crise econômica derrubou em 90% o volume de pedido desses equipamentos no mercado nacional. “Para dar uma ideia do tamanho do prejuízo que estamos enfrentando, em 2011 foram produzidos 2,4 mil caminhões betoneira, a maioria de 8 m3”, contextualiza o executivo. “Entre 2016 e 2017, a nossa produção teve queda de 70%.”

CICLO DE QUEDA

Para Polachini, já não restam dúvidas de que se trata do pior e mais longo ciclo de queda da história do setor. Baseando-se em comparativos entre 2008 e 2017, quando houve uma produção total de 13 mil caminhões betoneira, o executivo afirma que atualmente o mercado está com 80% de ociosidade e, para completar, apenas 30% da frota circulante estão


Neste ano, três fatores têm predominado claramente nos negócios do setor da construção. O primeiro é a estagnação continuada do mercado, que depende de tempo para se recuperar. O segundo é o nível de endividamento do setor, no qual muitas empresas estão se reinventando, e, por fim, as inúmeras obras que seguem paralisadas por falta de recursos, infelizmente ainda sem previsão de retomada.

Assim, enfrentando um mercado interno em ritmo bastante reduzido, o consumo aparente de cimento foi drasticamente atingido. Em abril, o mercado encerrou com 4 milhões de toneladas comercializadas, uma retração que beira 16,5% em comparação ao mês anterior, segundo o mais recente levantamento do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).

Como mostra o quadro abaixo, a queda registrada no consumo aparente no acumulado de 11 meses atingiu 9,9% em relação aos resultados de 2015/2016. “A desaceleração no consumo do produto no primeiro quadrimestre de 2017 foi de 10%, atingindo 17 milhões de toneladas, de acordo com dados preliminares da indústria”, comenta o presidente da entidade, Paulo Camilo Penna. “Com isso, a previsão do setor é de encerrar o ano com um recuo entre 5% e 7% nas vendas.”

Diante deste cenário desabonador, os fabricantes de caminhões betoneira sentem reflexos diretos nos negócios. Segundo o engenheiro Luiz Polachini, gerente comercial da Schwing-Stetter para a América do Sul, a crise econômica derrubou em 90% o volume de pedido desses equipamentos no mercado nacional. “Para dar uma ideia do tamanho do prejuízo que estamos enfrentando, em 2011 foram produzidos 2,4 mil caminhões betoneira, a maioria de 8 m3”, contextualiza o executivo. “Entre 2016 e 2017, a nossa produção teve queda de 70%.”

CICLO DE QUEDA

Para Polachini, já não restam dúvidas de que se trata do pior e mais longo ciclo de queda da história do setor. Baseando-se em comparativos entre 2008 e 2017, quando houve uma produção total de 13 mil caminhões betoneira, o executivo afirma que atualmente o mercado está com 80% de ociosidade e, para completar, apenas 30% da frota circulante estão em operação.

Com uma linha de sete modelos de caminhões betoneira, que varia de 5 a 12 m3, a Liebherr também foi afetada drasticamente nos últimos anos. “Já não há obras no país e, por isso, o consumo de equipamentos despencou nos últimos três anos”, lamenta-se Guilherme Zurita, gerente da Liebherr Brasil, que afirma deter 60% da demanda das soluções no mercado brasileiro. “As grandes obras que consumem o concreto pararam, com um efeito-cascata no consumo de cimento e equipamentos.”

Embasado nos dados da Anfir (Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários), o executivo menciona que o volume de caminhões betoneira atingiu 1,4 mil unidades em 2014, 650 unidades em 2015 e menos de 300 unidades em 2016. “Este ano deve fechar com ainda menos do que isso”, antevê o executivo.

Frente a tal contexto, a percepção de Zurita é de que os grandes players já não dominam mais esse mercado. De todo o cimento em produção hoje, como ressalta o especialista, apenas 18% transformam-se em concreto dentro de um caminhão betoneira. “Temos percebido que existem muitas empresas concreteiras surgindo em pequenas cidades e deixando de amassar o produto com a enxada”, afirma. “Temos clientes cujo principal nicho de mercado está em pequenas obras, em ruas apertadas.”

Mesmo com tais mudanças de fundo, o gerente evidentemente não acredita que o mercado desapareça. “O mundo sempre vai precisar de caminhões betoneira, pois para transportar o concreto de forma mais versátil é necessário esse tipo de veículo”, diz ele. “O futuro aponta para isso e há muitos clientes de pequeno porte em cidades menores que estão utilizando essa solução.”

RESTRIÇÕES

À parte a difícil situação de mercado, os caminhões betoneira também enfrentam oscilações legais que impactam diretamente suas atividades. Desde maio de 2016, por exemplo, está em vigor a nova legislação que disciplina o trânsito de caminhões no munícipio de São Paulo, incluindo modelos de veículos relevantes para a logística das operações de construtoras.

Consolidada no Decreto de Lei 56.920, por sua vez publicado na Portaria 031/15 da Secretaria Municipal de Transportes e em seus seis anexos (DOC de 27/04.2016), a nova legislação prevê que caminhões betoneira e equipamentos para bombeamento de concreto – desde que devidamente cadastrados – possam circular em locais com restrições.

Na visão de Polachini, as restrições antes impostas não tiveram impactos diretos nas vendas dos produtos das fabricantes, mas com certeza atrapalharam a operação das concreteiras. “Os caminhões betoneira são logística pura, de modo que as restrições acabam prejudicando a produtividade”, opina. “Infelizmente, as regras no centro expandido levaram as empresas a perder faturamento.”

Já Zurita, por outro lado, avalia que a Lei da Balança (Resolução Contran Nº 526/2015) ainda é a que mais impacta o setor. “Para caminhões de três eixos, por exemplo, a lei restringe o transporte a 4,5 m3, no máximo”, explica. “Logo, esse cliente acaba comprando caminhões 8x4, que suportam até 29 t (com balão de 7 m3), ou 6x4, que podem trafegar com até 23 t (com balão de 5 m3).”

MODELOS DE 8 M³ LIDERAM O MERCADO

Apesar de vivenciar um delicado momento nas vendas, atualmente o mercado brasileiro obtém os melhores resultados com modelos de caminhão betoneira de 8 m3. “O segundo modelo na preferência do comprador nacional é o de 10 m3”, comenta Luiz Polachini, gerente comercial da Schwing-Stetter.

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