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Revista M&T - Ed.232 - Abril 2019
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Exportação

Do Brasil para o mundo

Em 2018, as exportações de equipamentos Made in Brazil atingiram US$ 9,7 bilhões, mostrando que o mercado externo tem sido fundamental para as operações locais das fabricantes
Por Santelmo Camilo

O mercado internacional tem sido decisivo para os negócios dos fabricantes de máquinas e equipamentos estabelecidos no Brasil. Os números não deixam dúvida: em 2018, as exportações no setor atingiram US$ 9,7 bilhões, em um crescimento de 7,1% frente aos US$ 9,1 bilhões exportados em 2017. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

No cômputo geral, as empresas que produzem equipamentos utilizados na construção exportaram US$ 2,8 bilhões, ou 28% do total do setor. De acordo com a Abimaq, as mudanças significativas na operacionalização do comércio exterior brasileiro foram determinantes para essa evolução. Nesse sentido, o Portal Único de Comércio Exterior, por exemplo, foi fundamental ao tornar mais céleres os procedimentos para as operações de exportação, em um momento de desafios econômicos globais. “O crescimento teria sido mais significativo caso a Argentina, um dos nossos principais parceiros comerciais, não tivesse apresentado uma retração tão expressiva em 2018”, ressalta João Carlos Marchesan, presidente da Abimaq. “O PIB argentino caiu e isso teve reflexo nos investimentos daquele país, inclusive na importação de produtos brasileiros, explicando parcialmente a queda de 31% das transações entre os dois países neste período.”

No ano passado, os Estados Unidos foram o principal parceiro comercial do Brasil no setor, comprando o equivalente a US$ 2,4 bilhões em máquinas nacionais. Assim, o montante norte-americano respondeu por 24,7% das exportações. Em seguida vem a União Europeia, que comprou US$ 2,2 bilhões (ou 22,7%) de equipamentos brasileiros. De acordo com a Abimaq, o interesse desses compradores internacionais – que estão entre as maiores potências econômicas globais – atestam a boa qualidade do setor manufatureiro nacional, uma vez que fazem ampla exigência por certificações. Outros importadores expressivos do maquinário brasileiro incluem a Argentina (10%), Holanda (8%), México (5%) e Paraguai (4%).


O mercado internacional tem sido decisivo para os negócios dos fabricantes de máquinas e equipamentos estabelecidos no Brasil. Os números não deixam dúvida: em 2018, as exportações no setor atingiram US$ 9,7 bilhões, em um crescimento de 7,1% frente aos US$ 9,1 bilhões exportados em 2017. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

No cômputo geral, as empresas que produzem equipamentos utilizados na construção exportaram US$ 2,8 bilhões, ou 28% do total do setor. De acordo com a Abimaq, as mudanças significativas na operacionalização do comércio exterior brasileiro foram determinantes para essa evolução. Nesse sentido, o Portal Único de Comércio Exterior, por exemplo, foi fundamental ao tornar mais céleres os procedimentos para as operações de exportação, em um momento de desafios econômicos globais. “O crescimento teria sido mais significativo caso a Argentina, um dos nossos principais parceiros comerciais, não tivesse apresentado uma retração tão expressiva em 2018”, ressalta João Carlos Marchesan, presidente da Abimaq. “O PIB argentino caiu e isso teve reflexo nos investimentos daquele país, inclusive na importação de produtos brasileiros, explicando parcialmente a queda de 31% das transações entre os dois países neste período.”

No ano passado, os Estados Unidos foram o principal parceiro comercial do Brasil no setor, comprando o equivalente a US$ 2,4 bilhões em máquinas nacionais. Assim, o montante norte-americano respondeu por 24,7% das exportações. Em seguida vem a União Europeia, que comprou US$ 2,2 bilhões (ou 22,7%) de equipamentos brasileiros. De acordo com a Abimaq, o interesse desses compradores internacionais – que estão entre as maiores potências econômicas globais – atestam a boa qualidade do setor manufatureiro nacional, uma vez que fazem ampla exigência por certificações. Outros importadores expressivos do maquinário brasileiro incluem a Argentina (10%), Holanda (8%), México (5%) e Paraguai (4%).

Atualmente, a família de motoniveladoras responde por 60% das vendas externas da Case CE

Para 2019, o setor de máquinas tem perspectivas de manter os níveis alcançados no ano passado. Mas a questão do câmbio interfere nesse ponto, uma vez que deve deixar de ser tão favorável como foi em 2018. “Contudo, as exportações de equipamentos padecem do mesmo problema que boa parte das outras exportações brasileiras, desde questões macroeconômicas, como câmbio desfavorável e cobranças exageradas sobre o crédito, até trâmites burocráticos, como as tarifas aduaneiras”, avalia o presidente da Abimaq. “Embora o governo tenha seguido uma linha de modernização dos processos, a baixa capacidade de eliminar barreiras comerciais em outros países também se configura como um impeditivo de maiores volumes de exportações desde o Brasil.”

Além disso, o fato de o país tributar a exportação é outro aspecto que não contribui para o avanço de nossos produtos industrializados no mercado global, assim como a elevada quantidade de impostos não recuperáveis, que juntos respondem por 7,5% do preço da máquina nacional exportada.

DESTINOS

De qualquer modo, as fabricantes atestam as possiblidades e desafios na área. A Case, por exemplo, conseguiu manter os volumes de exportação no ano passado, mesmo com a queda do mercado argentino, que representava aproximadamente 35% das suas exportações e, em 2018, retraiu para 15%. Para 2019, há uma perspectiva de crescimento em torno de 21%. “Aproximadamente 30% da nossa produção nacional é destinada à exportação”, revela Roque Reis, vice-presidente da Case CE para a América Latina. Nas linhas agrícolas, as exportações da Case IH representaram 17% do total de vendas em 2018. Mas, no Brasil, as unidades fabris da companhia são preparadas para atender principalmente às demandas internas.

Na Linha Amarela, a situação é diferente. Principal planta de motoniveladoras do grupo, a fábrica da Case CE no Brasil exporta o equipamento para o mundo todo. “Esse produto representa 60% dos nossos negócios no mercado internacional”, detalha Reis. “Mas também exportamos outros tipos de equipamentos, como retroescavadeiras, tratores de esteira, pás carregadeiras e escavadeiras.”

Segundo ele, as principais regiões atendidas incluem Ásia, América Latina, México e Índia, com novos negócios sendo prospectados em países como a Rússia. Já para a Case IH, mais da metade das exportações no ano passado foram de tratores, seguidos de colhedoras de cana e colheitadeiras de grãos.

O modelo RG170B está entre os produtos da New Holland mais demandados pelo mercado internacional

De acordo com Giovanni Borgonovo, gerente de marketing da New Holland Construction para a América do Sul, a fábrica de Contagem (MG) atualmente exporta para países das Américas do Sul, Central e Caribe, exceto México. “Hoje, os principais mercados são Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Panamá”, diz ele, destacando que os modelos mais exportados são a retroescavadeira B95B e as motoniveladoras RG170B e RG200B, para os segmentos de construção, terraplanagem, locação e indústria.

Todavia, devido à recente retração do mercado argentino, um dos mais importantes em volume em 2017, o número total de exportações da New Holland desacelerou no ano passado. À exceção desse mercado, Borgonovo identifica uma tendência de ampliação de investimentos na região sul-americana, o que pode se refletir em um aumento significativo de vendas de bens de capital. “Além disso, a estabilidade econômica brasileira e a retomada da confiança dos investidores são fatores preponderantes para consolidar essa expectativa positiva em 2019”, observa. “Em 2018, aproximadamente 13% da nossa produção nacional foram destinados à exportação, enquanto os demais 87% foram comercializados no Brasil.”

Já na linha da New Holland Agriculture, as exportações – que em 2018 representaram 15% do total de vendas – estão concentradas em tratores, colheitadeiras, plantadeiras, pulverizadores e equipamentos para feno e forragem. “Também se destacam as soluções de Agricultura de Precisão, utilizadas em atividades como preparo de solo, plantio, pulverização e colheita, tanto na locação como na indústria”, complementa Borgonovo.

Devido às exigências do mercado internacional, também no segmento de usinas de asfalto as exportações estão entre os fatores que mais estimulam o aperfeiçoamento tecnológico. A Ciber, por exemplo, registrou crescimento de 17% nas exportações desses equipamentos para países da América Latina, África, Sudeste Asiático e Oceania.

Do total de usinas de asfalto comercializadas pela marca em 2018, 60% foram exportadas. “Para 2019, os planos são de aumentar em mais 23% as exportações e seguir expandindo a presença em países onde já estamos presentes, além de ampliar territórios”, conta Jandrei Goldschmidt, gerente de marketing da empresa.

Segundo ele, Grupo Wirtgen conta com fábricas na China, na Índia e no Brasil, que atendem a perfis de mercado com demandas locais, além de possuir cinco unidades na Alemanha, que abastecem os mercados ao redor do mundo. No Brasil, a Ciber fornece a linha completa de produtos do grupo, incluindo os modelos produzidos na Alemanha, mas também produz modelos nacionalizados, como a fresadora Wirtgen W100, os rolos compactadores Hamm 3411 e HD90 e a pavimentadora Vögele S1300-3, além da linha completa de usinas e pavimentadoras de asfalto Ciber, exportada para todo o Hemisfério Sul.

Fornecendo usinas para países como a Austrália (na imagem), a Ciber obteve avanço de 17% nas exportações em 2018

“Em comparação ao período entre 2015 e 2017, a indústria de máquinas para construção apresentou melhoras no país no ano passado”, diz Goldschmidt, acreditando que ainda levará um tempo para o mercado voltar aos patamares de volumes comercializados em 2013 ou 2014. “Para isso, será preciso uma agenda muito positiva quanto a investimentos em infraestrutura rodoviária, de modo a alavancar a produção da indústria nacional.”

EXPANSÃO

Em 2018, a John Deere registrou aumento nas exportações a partir das operações brasileiras, embora a retração argentina tenha deixado a empresa cautelosa nesse aspecto. Aos poucos, a companhia foi expandindo o número de países para os quais comercializa seus equipamentos, fazendo com que as exportações atingissem um percentual importante das máquinas comercializadas nos últimos anos.

Compreensivelmente, este movimento ocorreu no período de desaquecimento do mercado brasileiro, por conta da redução do ritmo e paralisação das obras de infraestrutura. “Neste ano, prevemos um crescimento menor em exportações, ainda por conta do desaquecimento da Argentina”, ressalta Roberto Marques, diretor de vendas da divisão de construção da John Deere Brasil. “Porém, o objetivo é continuar apresentando um portfólio de soluções integradas, conectadas, inteligentes e sustentáveis de máquinas, softwares e serviços, o que chamamos de ‘construção de precisão’, fator que consideramos ser essencial para atendermos à alta demanda por infraestrutura no país e nos principais mercados mundiais.”

Na John Deere, as exportações assimilam metade da produção da fábrica de Indaiatuba

Atualmente, as exportações assimilam aproximadamente 50% do total fabricado pela divisão de construção da empresa no país. Produzidos em Indaiatuba (SP), os equipamentos são exportados para diferentes mercados, como é o caso dos tratores de esteira 700J-II, 750J-II e 850J-II, por exemplo, uma linha nacionalizada no ano passado e que já foi comercializada em cerca de 80 países, principalmente na América do Sul. “A produção dos equipamentos em diferentes países ou mercados leva em conta a peculiaridade regional, principalmente as exigências ambientais de emissões de gases”, diz Marques. “A escolha por duas linhas nacionalizadas recentemente – tratores de esteira e motoniveladoras – também condiz com a expansão das nossas exportações, já que a aplicação destes equipamentos se dá em mercados importantes.”

EQUILÍBRIO

Para Luiz Marcelo Daniel, presidente da Volvo CE Latin America, ainda é cedo para prever se as importações tendem a aumentar em relação às exportações. Segundo ele, com a crise econômica brasileira no período 2015/2016 observou-se uma elevação das exportações.

Tanto que, atualmente, 46% da produção são voltados para o mercado doméstico e 54% para outros países, como a região latino-americana, EUA, Europa, África, Oriente Médio, Ásia e alguns países do Pacífico. Mas essa proporção pode mudar, dependendo do produto, da demanda dos mercados compradores e das exigências logísticas regionais e globais. De maneira geral, os países da América Latina são os que mais compram pás carregadeiras e escavadeiras da marca, enquanto os EUA absorvem 70% dos caminhões articulados produzidos no Brasil.

Agora, porém, já há uma tendência clara de ampliação da representatividade do volume de unidades destinado ao mercado brasileiro, até chegar a uma relação 50/50 com os produtos exportados. “De modo geral, os volumes de equipamentos vendidos no Brasil devem crescer o suficiente para manter a importância vital da unidade industrial brasileira”, diz Daniel. “Mas o Brasil continuará a ser uma importante plataforma de exportação de nossos equipamentos.”

A operação brasileira da Volvo CE é fonte global de dois modelos de articulados, exportados para países como a Inglaterra

Na mesma linha, Marques acredita que, com a recuperação do mercado brasileiro, as importações devem aumentar, principalmente no segmento de equipamentos de grande porte, que não são fabricados no Brasil. “É importante salientar que 90% da demanda de equipamentos no setor de infraestrutura são de produtos fabricados no Brasil”, destaca o executivo da John Deere, que prevê um aumento de participação nas exportações e também um crescimento do mercado doméstico de equipamentos para construção.

CERTIFICAÇÃO

Outro ponto a se considerar são as exigências por parte dos compradores norte-americanos e de países europeus, o que requer adequação das máquinas exportadas para esses mercados. No entanto, os fabricantes estabelecidos no Brasil adotam diferentes critérios para lidar com essa situação.

A New Holland e a Case, por exemplo, possuem fábricas em diversos locais no mundo justamente para atender à realidade de cada mercado e suas exigências. “Os equipamentos produzidos no Brasil seguem a legislação local e dos países com normativas semelhantes”, explica Borgonovo. “Assim, os mercados da América do Sul e Central seguem o padrão brasileiro na sua maioria.”

Por sua vez, as exportações da divisão de construção da John Deere no Brasil são direcionadas a países que possuem legislações de emissão Tier 3 e Tier 2. “Mas as fábricas da empresa estão preparadas para atender a mercados mais exigentes, como Europa e EUA”, explica Marques. Na Volvo CE, Daniel observa que a produção local é de classe mundial, com condições de produzir equipamentos certificados para atender aos rígidos requisitos técnicos e legais europeus e norte-americanos. “A planta tem certificações internacionais em diversas áreas, sendo a única de todo o sistema industrial global da marca a produzir e a exportar os caminhões articulados A25 e 30G”, comenta.

Em relação às usinas de asfalto, cada mercado possui características próprias quanto a normas ambientais, de transporte e de segurança. Na Ciber, afirma Goldschmidt, antes de serem estabelecidas as relações comerciais todos os mercados são criteriosamente estudados e analisados. “É uma forma de assegurar que os equipamentos estejam adequados às demandas e especificações requeridas em cada país”, diz. “De modo que as usinas são exportadas já configuradas e certificadas para atender às exigências locais.”

Saiba mais:

Abimaq: www.abimaq.org.br

Case CE: www.casece.com/latam/pt-br

Ciber: www.ciber.com.br/pt

John Deere: www.deere.com.br/pt

New Holland: www.newholland.com.br

Volvo CE: www.volvoce.com/brasil/pt-br

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