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Revista M&T - Ed.218 - Novembro 2017
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Caminhões

Cenário de mudança

Montadoras admitem que o momento difícil ainda não passou totalmente, mas já veem recuperação nos índices de venda e projetam melhora no mercado para o próximo ano
Por Augusto Diniz

Ainda não está bom, mas já foi bem pior. Essa sentença define o mercado de caminhões no Brasil, principalmente na categoria de pesados, usados principalmente em grandes obras, mineração e agronegócio. De acordo com dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), embora tenha oscilado desde o início do ano, a venda desses veículos – medida pelo número de licenciamentos – apresenta crescimento constante quando comparada a intervalos específicos do ano passado. Nos períodos entre janeiro e agosto e janeiro e setembro, por exemplo, houve crescimento no número de pesados comercializados de 1,9% e 7%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado.

Na avaliação do diretor da Scania no Brasil, Roberto Barral, os dados revelam um cenário de mudança, confirmado pelo desempenho da própria empresa. “O mercado de pesados continua sentindo a crise, mas vem sofrendo menos em 2017”, explica. “No acumulado de janeiro a setembro, o mercado em que a Scania atua, acima de 16 t, que engloba as categorias de semipesados, pesados e fora de estrada, caiu 12%”. Mas, como ressalta o executivo, a queda já foi de 30% no início do ano. “Neste mesmo período, o segmento retraiu 3,3%, mas também já caiu mais ao longo do ano”, explica. “E os próximos 12 meses serão melhores do que os 12 meses passados.”

Para Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, marketing e peças & serviços para caminhões e ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, a análise é semelhante. Ele também cita dados da Anfavea, segundo os quais entre janeiro e setembro houve uma redução de 9,1% no número de licenciamentos – aí incluídos semileves, leves, médios, semipesados e pesados –, na comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar disso, está otimista. “Os resultados de vendas do acumulado do ano e o comportamento do consumidor nas últimas semanas indicam a possibilidade de uma reação no segundo semestre”, conjectura.

Também para Antônio Cammarosano, diretor de vendas de caminhões da Volkswagen, de junho para cá se tornou perceptível uma melhora do mercado. “Comparando agosto e setembro deste ano com os mesmos meses de 2016, constata-se uma melhora de 10 a 15%”, diz. “O mais importante é que as grandes empr


Ainda não está bom, mas já foi bem pior. Essa sentença define o mercado de caminhões no Brasil, principalmente na categoria de pesados, usados principalmente em grandes obras, mineração e agronegócio. De acordo com dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), embora tenha oscilado desde o início do ano, a venda desses veículos – medida pelo número de licenciamentos – apresenta crescimento constante quando comparada a intervalos específicos do ano passado. Nos períodos entre janeiro e agosto e janeiro e setembro, por exemplo, houve crescimento no número de pesados comercializados de 1,9% e 7%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado.

Na avaliação do diretor da Scania no Brasil, Roberto Barral, os dados revelam um cenário de mudança, confirmado pelo desempenho da própria empresa. “O mercado de pesados continua sentindo a crise, mas vem sofrendo menos em 2017”, explica. “No acumulado de janeiro a setembro, o mercado em que a Scania atua, acima de 16 t, que engloba as categorias de semipesados, pesados e fora de estrada, caiu 12%”. Mas, como ressalta o executivo, a queda já foi de 30% no início do ano. “Neste mesmo período, o segmento retraiu 3,3%, mas também já caiu mais ao longo do ano”, explica. “E os próximos 12 meses serão melhores do que os 12 meses passados.”

Para Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, marketing e peças & serviços para caminhões e ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, a análise é semelhante. Ele também cita dados da Anfavea, segundo os quais entre janeiro e setembro houve uma redução de 9,1% no número de licenciamentos – aí incluídos semileves, leves, médios, semipesados e pesados –, na comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar disso, está otimista. “Os resultados de vendas do acumulado do ano e o comportamento do consumidor nas últimas semanas indicam a possibilidade de uma reação no segundo semestre”, conjectura.

Também para Antônio Cammarosano, diretor de vendas de caminhões da Volkswagen, de junho para cá se tornou perceptível uma melhora do mercado. “Comparando agosto e setembro deste ano com os mesmos meses de 2016, constata-se uma melhora de 10 a 15%”, diz. “O mais importante é que as grandes empresas, como as cervejarias, já começaram a se movimentar e a queda no consumo da população também já começa a ser revertida.”

De acordo com o executivo, o segmento de pesados foi o que menos caiu e o que está se recuperando mais rápido, principalmente no agronegócio. “A safra precisa ser escoada”, explica. “Além disso, as produtoras de cana e papel e celulose começaram a comprar, renovando suas frotas.”

DESEMPENHO

Quanto ao desempenho, Barral diz que a Scania continua sua curva de ascensão. No acumulado de janeiro a setembro, a empresa vendeu 4.125 unidades, entre caminhões e ônibus. Em todas as categorias em que atua – semipesados e pesados e ônibus urbanos e rodoviários (acima de 8 t) – houve alta nas vendas e na participação de mercado. “De janeiro a setembro, a Scania vendeu 3.718 veículos acima de 16 t, semipesados e pesados”, conta. “É um crescimento de 11,4% em comparação ao mesmo período de 2016, quando chegou a 3.258 unidades, num mercado que caiu 12%.”

Por sua vez, Leoncini não faz comparações entre o volume do ano passado e o atual, mas assegura que a Mercedes-Benz mantém-se líder. “No acumulado de 2017, comercializamos 9.343 unidades, alcançando quase 30% de market share”, informa. “Em agosto, a marca também liderou as vendas de extrapesados no Brasil, igualmente com 30% de market share.”

Segundo o diretor comercial de caminhões do Grupo Volvo na América Latina, Bernardo Fedalto, a melhora no mercado deve-se às mudanças realizadas na economia. “Independentemente de questões partidárias, isso se deve às alterações na economia”, avalia, destacando ainda que o PIB (Produto Interno Bruto), que em 2015 e 2016 foi negativo, deve crescer entre 0,5 e 0,7% neste ano. “Depois de três anos de recessão, começamos a inverter a curva e isso se reflete rapidamente no mercado de caminhões, principalmente nos pesados.”

Apesar da relativa evolução nos resultados, as empresas ainda não se sentem imunes e têm tomados medidas para enfrentar os desafios. “Em um cenário econômico adverso, é por meio da eficiência que o transportador consegue manter a rentabilidade”, diz Barral. “No caso do transporte, essa eficiência está em diferentes pontos, desde o modo de utilização dos veículos, passando pela aquisição de serviços e, especialmente, no uso inteligente de dados da operação logística.”

Além disso, Barral ressalta que a empresa conta com uma rede de concessionárias ampla e “capaz de proporcionar os melhores serviços, disponibilidade e menor tempo parado na oficina”. Essa característica, segundo ele, é fundamental para atender ao cliente que precisa de disponibilidade. “Caminhão parado significa menos fretes”, diz. “Em momentos como esses é que se mostra o que é uma verdadeira parceria.”

A Mercedes-Benz também tem apostado na aproximação com transportadores e motoristas como uma das estratégias para enfrentar a crise. Segundo Leoncini, a empresa tem aumentado os esforços em novas frentes geradoras de receita para combater o baixo volume de vendas no Brasil. “Estamos no caminho certo em ir até o transportador, escutar suas demandas de transporte e, a partir desses pedidos, desenvolver produtos e serviços que atendam às reais necessidades do mercado brasileiro”, reitera. “Esse reconhecimento concretiza o novo posicionamento da marca e simboliza que os clientes estão, efetivamente, se identificando com as inovações dos caminhões da empresa.”

A Volkswagen, por sua vez, tomou medidas mais drásticas para contornar a crise econômica, principalmente em 2016. Entre elas, fez uma reestruturação, com cortes de turnos de trabalho. “Nós operávamos com três turnos e horas extras”, conta Cammarosano. “A princípio, cortamos um turno e, depois, o segundo. Assim, passamos a trabalhar com um turno só, em apenas quatro dias por semana”, afirma. “Hoje, voltamos a ter expediente de cinco dias por semana. É uma demonstração clara de que o mercado voltou a crescer.”

ESTRATÉGIAS

Segundo Fedalto, para enfrentar a crise as empresas realmente tiveram de adaptar seu parque fabril à nova realidade do mercado, que entre 2014 e 2016 caiu em torno de 70%. “Elas tiveram que ajustar suas estruturas e a capacidade de produção ao novo cenário”, frisa. “No nosso caso, a produção de 150 mil unidades no total, em 2013, caiu para 50 mil no ano passado, em uma redução de dois terços. Por isso, tivemos de diminuir o quadro de funcionários e o número de turnos de trabalho, por exemplo.”

Aumentar as exportações tem sido outra estratégia das empresas para reduzir os efeitos deletérios da situação econômica do país, embora reconheçam que, por si só, isso não seja suficiente. “Estimular as vendas do produto brasileiro em mercados externos é mais um esforço diante da crise, somando-se a serviços e produtos que ajudam a vender os nossos veículos de carga”, diz Leoncini. “A Mercedes-Benz também tem tido avanços significativos na comercialização para fora. No acumulado de janeiro a setembro, mais de 11 mil caminhões e ônibus da marca foram exportados, o que representa um avanço de 25,9% sobre o mesmo período de 2016.”

Neste ponto, há quem demonstre maior ponderação. Cammarosano, da Volkswagen, por exemplo, diz que a aposta nas exportações depende do modelo de negócios de cada empresa. “Há concorrentes que têm foco nelas e acabam usando os benefícios do câmbio favorável”, explica. “Nossas vendas para mercado externo aumentaram e, hoje, realmente têm uma importância maior por causa da queda das vendas do país. Mas não podemos dizer que as exportações paguem a conta.”

No caso da Scania, a empresa sempre teve foco no mercado externo. Segundo Barral, atualmente a empresa exporta 70% de sua produção. “Os outros 30% estão ficando com o mercado doméstico”, revela. “Temos esta vantagem de trabalhar com um sistema modular global, ou seja, de produzir aqui veículos que são usados em outros países. Este sistema nos ajuda a manter a sustentabilidade do negócio, pois sempre encontramos rapidamente soluções para vender a produção do Brasil no exterior.”

Quanto à superação da crise, os fabricantes dizem que é difícil prever quando isso ocorrerá, mas as expectativas para os próximos 12 meses são de que o cenário irá melhorar. “O mercado vem reagindo, como é o caso da mineração”, assegura Barral. “A construção civil ainda não está, mas também vai chegar seu momento.”

Para ele, são segmentos que sempre tiveram uma grande participação nas vendas da indústria e que gradativamente voltarão a ter relevância nos próximos anos. “Nossa expectativa é de crescimento para o ano que vem em todos os segmentos de atuação”, prevê. “Estamos preparando nossa rede para isso.”

Na mesma linha, a Mercedes-Benz projeta 20% de crescimento nas vendas de caminhões em 2018. De acordo com Leoncini, o empuxo deve ser puxado pelo agronegócio, mineração, produtos frigorificados, transporte de gases e líquidos, dentre outros. “A inflação sob controle e os juros mais baixos incentivam os clientes a renovar e ampliar suas frotas”, comenta. Quem também está otimista é a Volkswagen. “Apesar das incertezas que ainda existem, acreditamos que no ano que vem deve ocorrer uma melhoria de 10 a 20% no mercado em relação a 2017”, conclui Cammarosano.

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