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Revista M&T - Ed.160 - Agosto 2012
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Energia

Avançam as obras do Linhão do Madeira

Maior linha de transmissão em corrente contínua em construção no mundo liga Porto Velho (RO) e Araraquara (SP); o primeiro circuito já estará operante em 2013 para alimentar o maior centro consumidor de eletricidade no País, o Sudeste

A construção da linha de transmissão de energia elétrica que escoará a geração das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau está a pleno vapor. São dois circuitos em construção, ambos ligando Porto Velho (RO) a Araraquara, no interior de São Paulo. Cada uma das linhas mede mais de 2.400 km e a sua construção envolve detalhes peculiares ocasionados por travessias em trechos de mata fechada, na floresta Amazônica, e em áreas alagadas, no pantanal mato-grossense.

O primeiro circuito está sob administração do Consórcio Interligação Elétrica do Madeira, controlado pela Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista -CTEEP (51%), Furnas (24,5%) e Chesp (24,5%). “Na verdade, esse projeto foi dividido em quatro lotes: o primeiro circuito de linha de transmissão, o segundo circuito, o terceiro lote, que envolve uma conversora de corrente contínua para alternada em Porto Velho e outra de alternada para contínua em Araraquara, e o quarto abrangendo outras duas conversoras iguais às do terceiro lote”, explica Armando Araújo, diretor técnico do IE Madeira. “O nosso consórcio venceu a licitação do primeiro e do terceiro lotes”, ele esclarece.

Essas obras são realmente diferenciadas, talvez as de maior complexidade que o setor elétrico brasileiro já realizou, como define o próprio Araújo. Isso porque, entre outras particularidades, as duas linhas de 2.400 km foram projetadas para operar em tensão de 600 quilovolts (kV) atualmente as maiores em corrente contínua em construção no mundo. “Somando esse fator com os trechos de mata fechada e de área alagada pelos quais passam as redes, temos um cenário ímpar para a realização de uma obra de linha de transmissão de energia”, diz o especialista do IE Madeira.

Em cada um dos dois circuitos há oito canteiros de obras centrais, distribuídos em distâncias médias de 300 km. Somente no primeiro circuito, o contingente de operários mobilizados para sua instalação chegou a 7.000 pessoas no pico das obras. “Esse é um volume de funcionários semelhante ao contratado em obras de grande porte, como as próprias hidrelétricas do rio Madeira”, explica Araújo. “Porém, diferentemente desse exemplo, em nossa obra eles ficam espalhados por milhares de quilômetros, o que torna mais complexa a logística para


A construção da linha de transmissão de energia elétrica que escoará a geração das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau está a pleno vapor. São dois circuitos em construção, ambos ligando Porto Velho (RO) a Araraquara, no interior de São Paulo. Cada uma das linhas mede mais de 2.400 km e a sua construção envolve detalhes peculiares ocasionados por travessias em trechos de mata fechada, na floresta Amazônica, e em áreas alagadas, no pantanal mato-grossense.

O primeiro circuito está sob administração do Consórcio Interligação Elétrica do Madeira, controlado pela Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista -CTEEP (51%), Furnas (24,5%) e Chesp (24,5%). “Na verdade, esse projeto foi dividido em quatro lotes: o primeiro circuito de linha de transmissão, o segundo circuito, o terceiro lote, que envolve uma conversora de corrente contínua para alternada em Porto Velho e outra de alternada para contínua em Araraquara, e o quarto abrangendo outras duas conversoras iguais às do terceiro lote”, explica Armando Araújo, diretor técnico do IE Madeira. “O nosso consórcio venceu a licitação do primeiro e do terceiro lotes”, ele esclarece.

Essas obras são realmente diferenciadas, talvez as de maior complexidade que o setor elétrico brasileiro já realizou, como define o próprio Araújo. Isso porque, entre outras particularidades, as duas linhas de 2.400 km foram projetadas para operar em tensão de 600 quilovolts (kV) atualmente as maiores em corrente contínua em construção no mundo. “Somando esse fator com os trechos de mata fechada e de área alagada pelos quais passam as redes, temos um cenário ímpar para a realização de uma obra de linha de transmissão de energia”, diz o especialista do IE Madeira.

Em cada um dos dois circuitos há oito canteiros de obras centrais, distribuídos em distâncias médias de 300 km. Somente no primeiro circuito, o contingente de operários mobilizados para sua instalação chegou a 7.000 pessoas no pico das obras. “Esse é um volume de funcionários semelhante ao contratado em obras de grande porte, como as próprias hidrelétricas do rio Madeira”, explica Araújo. “Porém, diferentemente desse exemplo, em nossa obra eles ficam espalhados por milhares de quilômetros, o que torna mais complexa a logística para suprimento, alimentação e envio de equipamentos aos canteiros.”

No fechamento desta reportagem, o projeto registrava mais de 50% de avanço físico, contando com cerca de 70% das obras civis concluídas e com mais de 30% da montagem das torres em execução. Em alguns trechos, aliás, o empreendimento já se encontrava na etapa de lançamento dos cabos. “Essa fase deve ser concluída até o final do ano e é nela que se situam as maiores peculiaridades do projeto”, afirma Araújo.

O especialista se refere à instalação de torres em trechos de mata e áreas alagadas, onde as construtoras enfrentaram os maiores desafios na execução do projeto. Um deles, aliás, se deve ao fato de o Ibama ter concedido uma faixa de domínio de apenas 4 m de largura para a instalação da linha, impedindo a mobilização de equipamentos de grande porte, como guindastes, por exemplo, em trabalhos como o içamento das torres. “Por isso, não nos restou alternativa, a não ser montá-las manualmente, com utilização de cordas e roldanas”, descreve Araújo.

Essa operação se mostra ainda mais complexa quando o especialista relata a altura das torres utilizadas nos trechos de mata fechada, que pode chegar a até 80 m. “Isso explica o motivo de o Ibama permitir a abertura de linha de apenas 4 m, pois estima-se que, dessa forma, a mata se reconstituirá naturalmente dentro de alguns anos.” Ele explica que isso exigiu projetar uma rede na qual os cabos ficassem acima da copa das árvores, algumas com mais de 60 metros de altura. “Isso resultou na adoção de torres mais altas do que o convencionalmente é utilizado, na faixa de 35 a 40 metros”, ele detalha.

Mas não somente no trecho de mata residem as dificuldades, como lembra o executivo. Nas áreas alagadas, que constituem o Pantanal brasileiro, a complexidade é similar. “A linha está traçada com travessias de rios e igarapés, que obviamente não poderiam ser aterrados”, lembra Araújo. Assim, a primeira dificuldade constitui-se em chegar aos locais de obras. Sem poder utilizar composições de cimento para constituir pontes, passarelas ou qualquer obra de arte, os acessos foram todos construídos em madeira, para serem desmontados no fim de cada trecho de obra. “Além disso, nesses trechos alagados, algumas torres tiveram de ser ainda maiores com até 105 metros atendendo às normas de segurança em navegação”, diz ele.

Como se não bastassem as adversidades impostas pela natureza, o fato de o Linhão do Madeira ser constituído por linhas de 600 kV de tensão, também exigiu a utilização de cabeamento especial, mais grosso do que o comumente utilizados em linhas de transmissão de 500 kV. “Os cabos de alumínio com 44,25 milímetros de diâmetro foram fabricados exclusivamente para esse empreendimento. Os que atenderão às obras do segundo circuito, serão dispostos em 20 mil bobinas de madeira para o transporte cerca de mil metros em cada uma que também pesam mais de 3,2 toneladas”, informa o diretor de engenharia e operação da Eletrosul, Ronaldo dos Santos Custódio. A estatal tem 24,5% de participação no empreendimento do segundo circuito e do quarto lote de licitação que envolve conversoras em Porto Velho e Araraquara. Junto a ela, está a Eletronorte (24,5%) e Abengoa (51%), que formam a Construtora Integração. As obras do segundo circuito ficam a cargo das empreiteiras Schahin Engenharia, Alta Energia Empreendimentos e Construções e Toshiba Infraestrutura América do Sul.

As obras do segundo circuito, aliás, tiveram as licenças ambientais concedidas pelo Ibama em março deste ano. Portanto, os trabalhos ainda não ocorrem no mesmo ritmo do primeiro circuito. O diretor técnico do Consórcio IE Madeira, Armando Araújo, lembra que as adversidades ainda estão sendo vencidas, e por isso não se descarta a utilização de técnicas inovadoras na engenharia brasileira. “Uma das construtoras chegou a estudar a viabilidade de utilizar helicópteros para transportar as torres já montadas até os canteiros de obras. Mas não foi viável economicamente”, lembra ele.

Prevista para terminar em 2014, a implantação do Linhão do Madeira permitirá a exploração total do potencial de Jirau (3,75 mil MW de potência) e Santo Antônio (3,15 mil MW). Todavia, o primeiro circuito deve entrar em operação ainda em 2013, ficando a maior parte da energia transmitida para utilização pela Região Sudeste, tendo Araraquara como a subestação distribuidora da rede para o local.

Quando concluídos, os quatro lotes licitados deverão ter consumido cerca de R$ 6,2 bilhões, números grandiosos como os demonstrados pelo segundo circuito da linha de transmissão, caso da implantação de 4.320 torres que sustentarão os mais de 19,6 mil km de cabos condutores pelo trecho de 2,4 mil km.

Números do Linhão do Madeira

Extensão dos circuitos – 2.412 quilômetros cada

Extensão dos cabos condutores – 19.682 quilômetros

Peso do cabo por km – 3.220,4 quilos

Volume de alumínio – 63.383 toneladas

Quantidade de torres – 4.320

Altura das torres – 61 a 105 metros

Precauções para construir

O segundo circuito

Para o Consórcio responsável pelo segundo circuito do Linhão do Madeira, a principal demanda de infraestrutura para a realização das obras diz respeito à implantação. São oito canteiros principais, onde serão armazenadas as ferragens das torres, cabos, isoladores, entre outros materiais, e mais 21 canteiros de apoio. A previsão é de que sejam gerados no decorrer das obras mais de 17 mil empregos diretos e indiretos.

“Esses canteiros foram selecionados para ficar próximos de cidades, mesmo de pequeno porte entre 10 mil e 20 mil habitantes para facilitar o deslocamento dos caminhões e carretas que irão transportar esses materiais. São localizados normalmente em fazendas”, esclareceu Agostinho José Coan, diretor técnico da Construtora Integração empresa responsável pela obra e contratada da Norte Brasil Transmissora de Energia, Sociedade de Propósito Específico (SPE) da qual a Eletrosul faz parte.

 

 

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