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Revista M&T - Ed.216 - Setembro 2017
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A Era das Máquinas

A evolução dos guindastes

Por Norwil Veloso

Após séculos de estagnação, com estruturas de madeira, as soluções de içamento de cargas subitamente apresentaram uma significativa evolução. Embora a Revolução Industrial tenha se iniciado no século XVIII, as tecnologias de construção só vieram a ser afetadas por ela a partir da segunda metade do século XIX, mesmo assim em ritmo lento.

Por mais de 300 anos, as estruturas dos guindastes foram feitas de madeira até que, no início do século XIX, surgiu um novo material, o ferro fundido. Embora a primeira obra com esse material tenha sido realizada em 1776, somente em 1831 surgiu o primeiro guindaste com componentes de ferro fundido, produzido na Inglaterra por Hick e Rothwell, com capacidade de 2 ton.

A partir de 1830, o aço começou a ser usado na construção naval, o que possibilitou o aparecimento de navios cada vez maiores, que exigiram guindastes de maior capacidade,  mobilidade e velocidade de trabalho para sua construção.

Essa demanda deu grande impulso à indústria britânica, liderada pela G. Stothert & Co. (que se tornaria famosa como Stothert & Pitt), que construiu em 1864 o primeiro guindaste sobre trilhos com giro de 360o. O equipamento tinha peso aproximado de 6 ton, com caldeira e motor numa extremidade do chassi, atuando como contrapeso da lança. Uma máquina similar foi apresentada em 1883, patenteada por Joseph Henry Wild, que fez uma parceria com o filho de Robert Pitt, Henry. Essa parceria acabou resultando na criação da Stothert & Pitt que, a partir de 1890, passou a desenvolver uma máquina a vapor de projeto bastante avançado.

DESDOBRAMENTOS

Em 1869, surgiu uma nova empresa, criada a partir de uma divisão da Ransome, Sims & Head, fabricante de equipamentos agrícolas. Os fundadores, J. A. Ransome, R. J. Ransome e R. C. Rapier, tornaram essa empresa famosa como Ransomes & Rapier. Em 1875, exportou os primeiros guindastes para a China e, em 1888, produziu o primeiro guindaste “Titan” a vapor, com capacidade de 30 ton, que passou a ser muito utilizado pela construção, particularmente em obras portuárias.

Em 1867, a Appleby Brothers produziu um guindaste a vapor sobre trilhos e, em 1873, apresentou uma máquina de 5 ton na expo


Após séculos de estagnação, com estruturas de madeira, as soluções de içamento de cargas subitamente apresentaram uma significativa evolução. Embora a Revolução Industrial tenha se iniciado no século XVIII, as tecnologias de construção só vieram a ser afetadas por ela a partir da segunda metade do século XIX, mesmo assim em ritmo lento.

Por mais de 300 anos, as estruturas dos guindastes foram feitas de madeira até que, no início do século XIX, surgiu um novo material, o ferro fundido. Embora a primeira obra com esse material tenha sido realizada em 1776, somente em 1831 surgiu o primeiro guindaste com componentes de ferro fundido, produzido na Inglaterra por Hick e Rothwell, com capacidade de 2 ton.

A partir de 1830, o aço começou a ser usado na construção naval, o que possibilitou o aparecimento de navios cada vez maiores, que exigiram guindastes de maior capacidade,  mobilidade e velocidade de trabalho para sua construção.

Essa demanda deu grande impulso à indústria britânica, liderada pela G. Stothert & Co. (que se tornaria famosa como Stothert & Pitt), que construiu em 1864 o primeiro guindaste sobre trilhos com giro de 360o. O equipamento tinha peso aproximado de 6 ton, com caldeira e motor numa extremidade do chassi, atuando como contrapeso da lança. Uma máquina similar foi apresentada em 1883, patenteada por Joseph Henry Wild, que fez uma parceria com o filho de Robert Pitt, Henry. Essa parceria acabou resultando na criação da Stothert & Pitt que, a partir de 1890, passou a desenvolver uma máquina a vapor de projeto bastante avançado.

DESDOBRAMENTOS

Em 1869, surgiu uma nova empresa, criada a partir de uma divisão da Ransome, Sims & Head, fabricante de equipamentos agrícolas. Os fundadores, J. A. Ransome, R. J. Ransome e R. C. Rapier, tornaram essa empresa famosa como Ransomes & Rapier. Em 1875, exportou os primeiros guindastes para a China e, em 1888, produziu o primeiro guindaste “Titan” a vapor, com capacidade de 30 ton, que passou a ser muito utilizado pela construção, particularmente em obras portuárias.

Em 1867, a Appleby Brothers produziu um guindaste a vapor sobre trilhos e, em 1873, apresentou uma máquina de 5 ton na exposição de Viena. Um funcionário dessa empresa, Henry James Coles, abriu sua própria empresa em 1867, com três de seus irmãos. Um de seus primeiros produtos foi um pórtico autopropelido a vapor sobre trilhos com capacidade de 24 ton, que trabalhou na construção de um porto na Grécia.

Os guindastes a vapor sobre trilhos eram muito usados no final do século. A Coles produzia de 15 a 20 máquinas por ano, com capacidade de 2 a 10 ton, sendo metade para exportação para todo o mundo. Em 1875, a empresa Taylor & Co. produziu o primeiro guindaste pesado, com lança de 17 m e capacidade de incríveis (para a época) 70 ton, que utilizou pela primeira vez um anel contínuo na mesa de giro.

Na Alemanha, ocorreu um fenômeno similar. Em 1819, Friedrich Wilhelm Harkort e Heinrich Daniel Kamp, após recrutarem pessoal na Inglaterra, começaram a fabricar motores a vapor, cravadores de estacas e sistemas de transporte de minério. Posteriormente, a Harkort mudou seu nome para Märkische Maschinenbau-Anstalt, que se fundiria com outras empresas até formar, em 1896, a Deutsche Maschinenfabrik AG, que a partir de 1926 se tornou conhecida mundialmente pelo nome Demag.

MUDANÇA

Rudolph Bredt tornou-se o primeiro e maior fabricante de guindastes da Alemanha. Em 1861, foi o primeiro a construir uma ponte rolante com acionamento elétrico. Em 1867, foi para a Stuckenholz, que veio a se tornar o principal fabricante alemão de guindastes. Em 1885, essa empresa produziu um guindaste para o porto de Hamburgo, com lança de 17,3 m e capacidade de 150 ton, o primeiro do mundo com essa capacidade. Inicialmente acionado a vapor, passou a ter acionamento elétrico a partir de 1925, permanecendo em operação até ser desmontado em 1937.

Mas uma mudança radical ocorreria com a entrada dos guindastes elétricos. Como não necessitavam de caldeiras e reservatórios grandes e pesados, a movimentação passou a ser mais simples e fácil. Na virada do século, uma subestação alimentava 58 guindastes elétricos com 1.000 kW em 550 VCC no porto de Hamburgo.

Na França, a empresa Schneider & Cie produziu um guindaste a vapor sobre trilhos com lança de 8 m e capacidade de 2,5 ton, com giro de 360o. Por volta de 1890, a empresa Decauville lançou uma linha de guindastes, inicialmente estáticos (mas podendo ser transportados na estrutura das vagonetas de sua fabricação). Embora tenha apresentado algumas inovações, a indústria francesa começou a perder terreno a partir da metade do século XIX, primeiro para  os ingleses e, posteriormente, para os alemães.

AMÉRICA

Nos Estados Unidos, William Dana Ewart patenteou em 1874 uma corrente com elos intercambiáveis, que procurou utilizar no acionamento de todos os produtos possíveis. Isso levou, em 1880, à fundação da Link-Belt Machinery, que produziu seu primeiro guindaste a vapor por volta de 1890.

Dois anos depois, Oliver Crosby e Frank J. Johnson fundaram a American Manufacturing Co., que veio a se transformar na American Hoist And Derrick Co. Fabricando inicialmente guinchos manuais ou tracionados por cavalos, logo passaram a produzir derricks de madeira. Em 1885, construíram os primeiros derricks com translação, de madeira (com capacidade de 4 ton) e de aço (com capacidade de 5 ton). Dez anos depois, a empresa produziu o maior guindaste autopropelido sobre trilhos do mundo, com peso de 400 ton, lança de 23 m e capacidade de 45 ton. Esse recorde foi mantido durante os 20 anos seguintes.

Após um acidente fatal com um pórtico industrial, H. A. Shaw decidiu fabricar um pórtico mais seguro. Para isso, procurou seu vizinho, a empresa Pawling & Harnischfeger, que produziu a primeira unidade em 1888. Essa máquina foi a antecessora da linha de guindastes P&H, que ganhou fama no século XX. Grande parte desses guindastes, contudo, era na realidade composta por escavadeiras. Muitos deles, como a antecessora das famosas escavadeiras Marion, por exemplo, produzida em 1883, possuíam implemento shovel que podia ser removido para instalação de uma lança.

Leia na próxima edição:

O salto tecnológico em

perfuração e explosivos

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